Jornalista formado pela Universidade Católica de Santos e especialista em Gestão Pública Municipal. Edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br).
Algo está profundamente errado lá pelos lados de Brasília. Só na construção de uma ferrovia, entre Açailândia (Maranhão) e Vila do Conde (Pará), o governo estima investir R$ 3,1 bilhões, e isso já considerando que nos negócios governamentais um tijolo sai pelo preço de uma casa. Mas os empresários querem mais, batem o pé e exigem no mínimo R$ 4,5 bilhões. E o governo, sabe-se lá por quê refém do jogo empresarial, está "recalculando" os valores. Vai ter de calcular muito para aumentar os valores em 50% sem dar na vista, com a população mais atenta ao que acontece nos meandros do poder. Afinal, a diferença de valores, só nessa obra, daria para construir umas 150 mil casas populares no Nordeste, mesmo com preços inflacionados... fazer sumir uma cidade inteira dá trabalho...
Comentei na coluna passada de modo geral sobre os inúmeros custos invisíveis, pelos quais pagamos, todos enfeixados genericamente sob o título de Custo Brasil. São custos derivados de malversação de recursos, mau gerenciamento de projetos, inação, abandono de obras, manutenção insuficiente, burocracia, mil e um buracos por onde escoa a riqueza nacional e a nossa capacidade de competir no mercado internacional.
O leitor que pacientemente acompanha estas colunas deve ter notado que constantemente alerto para despesas que todos pagam, sem qualquer benefício em troca. É muito dinheiro jogado fora, sem retorno para quem paga, nem para o Brasil. Pelo contrário, encarece absurdamente produtos e serviços e introduz novas distorções na economia.
Devem as tarifas dos transportes urbanos de passageiros baixar ou abaixar? Tão despreparados para a resposta como alguns colegas de imprensa (massificados por um sistema educacional em que uns fingem ensinar e outros fingem aprender), muitos políticos e empresários se lançam por à tarefa de navegar pelo falso dilema entre redução de custos e aumento de qualidade. E terão como interlocutores pessoas que em muitos casos também não saberão a diferença entre baixar e abaixar, nem estarão preparadas para questionar a multiplicidade de variáveis que formam o preço dos transportes.