Jornalista formado pela Universidade Católica de Santos e especialista em Gestão Pública Municipal. Edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br).
Para que uma carga chegue ao navio, é preciso haver antes uma intensa negociação entre compradores e vendedores. Para equilibrar seus fluxos comerciais e interesses políticos, os países promovem acordos comerciais que criam preferências, facilidades e vantagens para os parceiros, em desfavor dos demais. Os países também podem estabelecer restrições e cotas, proibir importações, criar sobretaxas etc. Para regular tudo isso, foi criado em 1948 o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, que em janeiro de 1995 deu origem à Organização Mundial do Comércio (OMC), com o Acordo de Marrakech. É à OMC que os países recorrem, quando precisam denunciar práticas desleais como o 'dumping', os subsídios demasiados. Porém, como os interesses em jogo são enormes, pouco se tem avançado: a rodada de negociações de Doha, de 2001, está até hoje emperrada.
Muito antes que o espaço possa ser reservado para uma carga de exportação nos porões de um navio, é necessário vendê-la, garantir sua qualidade e entrega no prazo, oferecer valor competitivo. Óbvio para o leitor, mas não tanto para autoridades que deveriam, no interesse do país, montar uma excelente "máquina" exportadora, bem lubrificada para que nada emperre e tire sua eficiência.
Produzir até que é fácil, se o adubo é bom, a semente excelente, as chuvas chegam na hora certa e o apoio financeiro é correto. Ou se os insumos estão disponíveis na porta da fábrica, as máquinas lubrificadas, o pessoal treinado e motivado. Exportar também não seria problema, pois o Brasil tem imagem positiva, mínimo de conflitos ideológicos com outras nações, o futebol e o samba ajudam a vender. O problema é que os brasileiros conseguem criar dificuldades cada vez maiores para si mesmos. E as mercadorias estão cada vez mais distantes dos navios, a considerar os saldos da balança comercial brasileira.
Há séculos, vejo as reclamações da indústria nacional contra a concorrência predatória estrangeira. Num momento, eram os estaleiros a reclamar. Noutro, os fabricantes de contêineres. Ah, se desmanchássemos um contêiner vindo da Ásia, só o aço resultante valia mais que o contêiner importado. Em anos recentes, a reclamação principal tem sido da indústria têxtil, que não resiste à concorrência chinesa.
Depois das bombásticas declarações da sra. Dilma Roussef na abertura dos trabalhos das Nações Unidas, fazendo tremer o presidente estadunidense com as críticas sobre espionagem, os principais integrantes do governo brasileiro se reuniram com empresários em New York, aproveitando a viagem, para solicitar que eles ampliem seus investimentos em logística no Brasil.