Sexta, 26 Abril 2024
Quando os Estados Unidos e depois a Europa entraram em profunda crise econômica, abriu-se uma enorme janela de oportunidades para os países emergentes, que pela primeira vez poderiam combater praticamente em igualdade de condições com os grandes participantes do mercado mundial.

Foto: Arquivo Portogente

Brasil pouco aproveitou as oportunidades que surgiram para melhorar o setor logístico

O Brasil, em tese, teria tudo para fazer isso, por ter uma série de aspectos favoráveis: uma economia relativamente nova, com muitos espaços para investimentos e criação de novos negócios, toda a cadeia logística precisando de uma bela recauchutagem – rodovias, ferrovias, portos, hidrovias -, dinheiro sobrando internamente e investidores externos procurando alternativas após a falência das opções tradicionais. E, além de tudo, um mercado interno aquecido, pela ascensão de uma nova classe média, que pela primeira vez tinha acesso a uma série de confortos da vida moderna.

Pela primeira vez em vários séculos – não considero as imigrações do início do século XX, alavancadas por ofertas especiais do governo para atraí-las -, inverteu-se a corrente migratória, e sem qualquer programa especial os estrangeiros passaram a procurar o Brasil para trabalhar e estudar. Aqui era a nova terra das oportunidades.

Mas, a incompetência brasileira, a política do compadrio, a burocracia cartorária, o cipoal de leis e normas, a falta de vontade política de fazer um país grande ser também grande economicamente, estão levando ao que vemos hoje: a janela de oportunidades se fecha, os investidores estrangeiros voltam aos seus antigos ninhos, e até os PAC-PAC-PAC da vida vão empacando na falta de projetos corretos, nos estranhos interesses de empreiteiras e políticos, nos erros crassos de gerenciamento e execução das obras, nos atrasos até propositais em certas obras (para se cobrar depois, de nós todos, pela realização emergencial e menos fiscalizada).

Após o voo dos sonhos, a aterrissagem forçada em nossa realidade terceiro-mundista. O Brasil poderia ter usado a crise externa para se alavancar, sair daquele patamar (ou seria rodapé?) de 1% de participação no comércio mundial, ampliando as exportações, criando riqueza em divisas. Por culpa das falhas internas, até vendas já confirmadas têm sido canceladas por que o Brasil não consegue entregar a mercadoria vendida. Não consegue, porque ela está parada nas estradas e ferrovias congestionadas, ou apodrecendo ao relento por falta de armazéns pelo caminho...

O planeta continua girando, mas o Brasil roda em torno de seu atavismo, num redemoinho de que não consegue se libertar. Enquanto o mundo vai despertando no pós-crise, o gigante Brasil parece destinado a novamente adormecer em berço (nem tão) esplêndido...

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