Jornalista formado pela Universidade Católica de Santos e especialista em Gestão Pública Municipal. Edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br).
Passagem de ano, quando as emissoras enchem a programação eternamente vazia com as famosas retrospectivas e os videntes se assanham para prever como serão os próximos doze meses (engraçado como a vidência tem data certa para acontecer...), aproveito a pausa para algumas reflexões sobre este setor que mexe tanto com a economia nacional, mas é tão desprezado por autoridades imprevidentes.
Muito antes de alguém pensar em nomes para tudo isso, ou de o Google tentar segui-lo na Internet, muito antes da própria Web, do telefone, do automóvel, do trem e dos consultores e deputados, Papai Noel vem gerenciando uma operação logística milenar, de alcance mundial, com serviço porta-a-porta (door-to-door) direto de sua fábrica no Polo Norte até a residência de cada ser neste planeta. Até dos que, por opção ou falta dela, não têm residência fixa.
Parabéns ao brasileiro Roberto Azevêdo, diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) pelos resultados da nona Rodada de negociações - realizada em Bali, na Indonésia, dias 3 a 6 de dezembro: conseguiu um avanço nos entendimentos, mesmo agindo como o general que na guerra recua para posições mais seguras, reorganizando as tropas para adiante lançar um novo ataque. A alternativa era, na prática, a própria dissolução da OMC, por inútil, já que a rodada anterior (Doha, 2001) estava travada num impasse entre os 159 países-membros, agora 160 com o Iêmen.
A não ser que você seja corredor em circuitos de Fórmula 1 e assemelhados, ou atleta de competição, geralmente a pressa será inimiga da perfeição, como se constata na morte do protagonista da série de filmes "Velozes e Furiosos". É que para uma coisa ser bem feita, existe uma limitação de tempo que não pode ser transposta. Mas também, a demora se torna inimiga da perfeição, pois esta reside em entregar o resultado esperado no momento em que ele se faz necessário. De nada adianta remédio ótimo para paciente que já morreu, ou que a Justiça dê uma excelente decisão num caso em que vítima e réu já não estão neste mundo.
Para que uma carga chegue ao navio, é preciso haver antes uma intensa negociação entre compradores e vendedores. Para equilibrar seus fluxos comerciais e interesses políticos, os países promovem acordos comerciais que criam preferências, facilidades e vantagens para os parceiros, em desfavor dos demais. Os países também podem estabelecer restrições e cotas, proibir importações, criar sobretaxas etc. Para regular tudo isso, foi criado em 1948 o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, que em janeiro de 1995 deu origem à Organização Mundial do Comércio (OMC), com o Acordo de Marrakech. É à OMC que os países recorrem, quando precisam denunciar práticas desleais como o 'dumping', os subsídios demasiados. Porém, como os interesses em jogo são enormes, pouco se tem avançado: a rodada de negociações de Doha, de 2001, está até hoje emperrada.