Mestre em Sociologia pela USP (2007), com ênfase em sociologia do trabalho, e bacharel em Ciências Sociais pela Unesp (2001). Atualmente, é docente e pesquisadora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
No dia 3 de junho, escrevi nessa coluna sobre a brisa que soprava do Planalto Central, cujo ar fresco emanava a possibilidade de extinção do trabalhador portuário avulso e o fim dos Órgãos Gestores de Mão-de-Obra (Ogmos). A brisa, ao que parece, está prestes a virar furacão e varrer todo o atual sistema portuário brasileiro, não ficando restrita aos trabalhadores, mas estendendo seus estragos também aos operadores privados e às próprias autoridades portuárias.
Todas as segundas pela manhã leio a coluna de Matthew Shirts no jornal O Estado de São Paulo. Como não poderia deixar de ser, nesse dia 23 de junho cumpri meu “ritual” e me deparei com um texto interessante [1], no qual o colunista comenta o livro Veneno Remédio lançado por José Miguel Wisnik. O livro é sobre o futebol, não apenas para os “entendidos”, mas para aqueles que também procuram entender. Fala, principalmente, sobre como o futebol nos permite compreender a cultura brasileira.
O conceito de classe social tornou-se senso comum na atualidade. Falamos de classe na economia, na educação, na cultura; as pesquisas nos classificam em classes, porém, muitas vezes, não sabemos o real significado e construção desse conceito. Classe social é um conceito construído sociologicamente, a partir de observações empíricas e teóricas e nesse sentido, vale a pena vermos como ele se constitui, para que possamos utilizá-lo da melhor forma possível.
Esta semana, o blog PortoGente nos contou que a “brisa do serrado” não traz boas notícias para os trabalhadores avulsos. A inquietação que a noticia apresenta é a possibilidade de extinção do trabalhador portuário avulso e o fim dos Órgãos Gestores de Mão-de-Obra (Ogmos). Ou seja, ou o trabalhador se vincula ou ele inexiste para o mercado portuário. Segundo a literatura existente sobre trabalho portuário, estaríamos voltando a um processo de casualização do trabalho portuário. Mas, como podemos chamar de casualização, visto que o trabalhador terá que se vincular?
A coluna da semana passada, na qual falamos sobre os costumes existentes entre os portuários, fez com que eu me recordasse de minha infância e de minha vida como filha de portuário. Nostalgias à parte, a coluna desta semana tem por objetivo mostrar como cotidiano e sociologia estão bem imbricados. Claro, que a melancolia tomou conta de meus pensamentos, porém, essas lembranças são essenciais para reafirmar quem sou e vêm bem ao encontro da discussão.