Despachante aduaneiro, colecionador de cartões-postais, especialmente de transatlânticos. Colaborador da Revista de Marinha de Portugal. Publicou cinco livros, como autor e co-autor, sobre temas da Santos antiga.
Durante pesquisa no arquivo do jornal A Tribuna de Santos, me deparei com um anúncio de 25 de setembro de 1938, da armadora American Republic Line, de página inteira, que informava o novo serviço de navios de passageiros entre as Américas pelos luxuosos navios Brazil, Uruguay e Argentina.
“Um viajante argentino ao passar por aqui, disse aos jornais que nunca tinha visto praias tão formosas como as de Santos. Não disse um despropósito. Não mentiu. Nem, ao menos exagerou. Realmente, as nossas praias são lindas, mais lindas do que as do Rio ou qualquer outra parte das Américas. As praias da cidade. Da ponta da Praia até do Itararé. O mar rendilha, como se fosse um grande, um imenso babado de rendas, manso ou bravo, o oceano não me cansa de adornar a sinuosidade das praias, dando ao espectador uma profunda impressão. Durante os dias da estação balneária, o espetáculo é pomposo e magnífico. Praias coalhadas de gente de toda parte. Banhistas e curiosos.
Alguns navios de passageiros ficaram lembrados para sempre, mesmo com o passar do tempo. Volta e meia são rememorados pelos que admiram as coisas de ontem. Dentre os de várias nacionalidades estão o Conte Grande, o Conte Biancamano, o Cap Polônio, o Cap Arcona, o Massilia, o Alcântara, o Andes, o Provence, o Bretagne, o Augustus, o Giulio Cesare, o Anna C., o Serpa Pinto, o Vera Cruz, o Santa Maria, e o mais recente deles, o Eugenio C., que posteriormente passou a ser o Eugenio Costa.
Tem certas pessoas que deixam os que estão ao seu redor com alto astral, por sua alegria contagiante. Assim era Hélio Schiavon, jornalista de A Tribuna de Santos, falecido no último dia oito de fevereiro. Hélio permaneceu na seção Porto & Mar por muitos anos, em que teve a oportunidade de acompanhar de perto tudo sobre o Porto de Santos, o maior da América Latina. Em outras palavras, ele tinha a cara do Porto de Santos.