Despachante aduaneiro, colecionador de cartões-postais, especialmente de transatlânticos. Colaborador da Revista de Marinha de Portugal. Publicou cinco livros, como autor e co-autor, sobre temas da Santos antiga.
No último dia 18 de junho, ao ler o jornal A Tribuna de Santos, deparei com um suplemento comemorativo aos 100 anos da vinda dos primeiros imigrantes japoneses, que escreveram páginas marcantes de sacrifício, luta e muito trabalho na História do Brasil.
Na véspera do dia de São Pedro, pelas dependências da quermesse beneficente da Gota de Leite, caminhava absorto pelas diversas barracas de guloseimas, de jogos da época como argola, pescaria, tomba-latas e do pequeno parque de brinquedos dirigidos ao público infantil. Repentinamente, me vieram à lembrança as festas juninas em décadas passadas como as dos anos de 1950 e 1960.
A visita histórica feita pelo príncipe japonês Naruhito à nossa Santos (veja cobertura completa) no último dia 21 de junho, para as comemorações do centenário da imigração japonesa, foi uma grande honra para os santistas, selando assim os vínculos de grande amizade com os japoneses e descendentes que vivem no Brasil.
O navio da esperança. Assim pode ser visto o Kasato Maru (leia sobre a história do navio), que atracou em Santos em 18 de junho de 1908, há 100 anos, com os primeiros 781 imigrantes japoneses, de 165 famílias. Ao longo dos anos e décadas seguintes à escala pioneira do Kasato Maru, numerosas embarcações do Japão trouxeram cerca de 260 mil emigrantes. Hoje a comunidade japonesa e descendentes (já na sexta geração) somam 1 milhão 500 mil. O Kasato Maru foi o mais marcante por ser o primeiro, mas outros transatlânticos também escreveram sua história nas páginas do fenômeno da imigração.
Neste artigo não há a pretensão de contar a bela história da imigração japonesa, nem de lembrar que foi o imperador japonês Meiji, que rompeu o isolamento secular do Japão com o Ocidente, mas sim contar alguns fatos isolados ocorridos desde a assinatura do contrato de imigrantes, em 8 de novembro de 1907, pelo Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Carlos Botelho e pelo diretor da Companhia Japonesa de Imigração Kokoku, sr. Ryu Misuno, por força do Tratado de Amizade Nipo-Brasileira, até os dias de hoje.