Terça, 19 Março 2024

Parabéns ao brasileiro Roberto Azevêdo, diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) pelos resultados da nona Rodada de negociações - realizada em Bali, na Indonésia, dias 3 a 6 de dezembro: conseguiu um avanço nos entendimentos, mesmo agindo como o general que na guerra recua para posições mais seguras, reorganizando as tropas para adiante lançar um novo ataque. A alternativa era, na prática, a própria dissolução da OMC, por inútil, já que a rodada anterior (Doha, 2001) estava travada num impasse entre os 159 países-membros, agora 160 com o Iêmen.

Foto: WTO/ANTARA

Sorrisos e bater de martelo. Mas está mesmo tudo OK no comércio mundial?

O novo discurso, com os sorrisos amarelos de praxe, é de que o que foi negociado doze anos atrás, em Doha (e nunca efetivado), só deixou de ser cumprido por ser irreal, então é preciso por os pés no chão e acertar uma agenda tão mínima que seja aceita por todos... é o que começou a ser feito agora. Os países concordam que é preciso reduzir subsídios, barreiras aduaneiras e outras distorções existentes no comércio mundial, como entende a representação brasileira no encontro, especialmente no comércio de produtos alimentícios... o problema é implementar e respeitar os acordos firmados.

Ainda assim, com 160 países, conseguiu-se um acordo, e a esperança de que ele gere um incremento de US$ 1 trilhão no comércio global, crie 21 milhões de empregos e reduza até 15% os custos de transações entre empresas. Ficou também o sentimento otimista de que outras pautas sejam destravadas nos próximos meses. A conferir...

Foto: WTO/ANTARA

Negociações duras na OMC, mas pelo menos o consenso mínimo

Enquanto isso, e o glorioso Mercosul? Mesmo com apenas cinco países-membros plenos (contando com um Paraguai suspenso e uma Venezuela que ainda não começou a participar), cinco associados e dois observadores, continua sem dizer na prática a que veio.

A notícia mais recente é que, após 14 anos de fracassos, tentará ainda este mês juntar as propostas isoladas de abertura de mercados para começar a negociar um acordo de livre comércio com a União Europeia, que permita reduzir em 90% as barreiras de comércio entre os dois blocos ao longo de dez anos.

Perspectiva ambiciosa demais, em minha opinião, mesmo com a pressão provocada pelo fim das históricas preferências tarifárias dadas pelos europeus aos países sulamericanos. A data limite é 1º de janeiro próximo, quando Brasil, Argentina e Uruguai deixam o Sistema Geral de Preferências da Europa, perdendo as vantagens oferecidas a nações em desenvolvimento, ao serem reclassificados como países de renda média ou alta.

O fato é que los hermanos sudamericanos não se entendem, preferindo mais abrir suas fronteiras para a Ásia que colaborar com os próprios vizinhos. Usando metáforas futebolísticas (já que só se fala de futebol ultimamente), enquanto o mundo tenta avançar o jogo e chutar em gol, nosotros brigamos em campo e nos atrasamos, mesmo que indo para a frente...

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