Quinta, 19 Junho 2025

Portogente News

Especialista em comex Jackson Campos diz que leilão dos portos podem ser positivos e que é necessário investimento em integração multimodal para alavancar setor

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📸 Divulgação

Com laços comerciais cada vez mais fortes, a China e o Brasil têm costurado acordos econômicos importantes, mas que irão cobrar investimentos em logística e infraestrutura para suportar o tamanho dos investimentos. Com estradas sucateadas, portos sem a estrutura e capacidade de armazenamento necessárias e defasagem na logística aérea, é de se questionar se o país tem a capacidade de comportar os investimentos chineses.

A BYD montou sua fábrica no Brasil em Camaçari, na Bahia, mas encontra dificuldade para desembarcar as peças que vêm da China nos portos da região, pois eles não conseguem comportar a estrutura necessária para transações deste porte. Para o especialista em comércio exterior Jackson Campos o país terá que se desenvolver se quiser continuar recebendo grandes marcas multinacionais.

"Os anos de negligência na logística nacional vão cobrar caro agora, quando tantos acordos importantes estão sendo selados. Sem estrutura suficiente, o país será forçado a evoluir mesmo contra sua capacidade de crescer por si só. Os chineses e outros investidores estrangeiros terão que, além de investir nas suas fábricas e negócios, investir em questões logísticas e de armazenamento, o que faz o país ser menos atrativo", explica Campos.

O Porto de Santos é outro que sofre pelo alto volume de cargas. Na orla das praias próximas é possível ver uma fila de navios esperando para atracar e desembarcar as cargas que vem dos mais diversos lugares do mundo. Infelizmente, o problema se estende a portos de todo o país, que contam com uma estrutura envelhecida e precária, dificultando a expansão do comércio exterior brasileiro.

Sem condições de realizar as melhorias, o Governo Federal planeja cerca de 60 leilões portuários entre 2023 e 2026, com mais de R$ 20 bilhões em investimento, buscando recursos na iniciativa privada para sanar os gargalos deste setor. Para o especialista, este caminho pode ser positivo, desde que haja planejamento e fiscalização adequados.

"O capital privado pode acelerar obras e modernizações que o Estado, por limitações orçamentárias e burocráticas, levaria décadas para concluir. Mas é preciso garantir que os contratos sejam bem estruturados, com metas claras de investimento, prazos e penalidades em caso de descumprimento. Senão, o risco é trocar a ineficiência pública pela negligência privada", afirma Campos.

Além dos portos, o especialista aponta a urgência de uma integração multimodal mais eficiente, que conecte rodovias, ferrovias e aeroportos aos terminais marítimos. "Não adianta modernizar apenas os portos se a carga não consegue chegar até eles ou ser escoada com agilidade. O Brasil precisa de uma política logística nacional integrada e de longo prazo, com foco em competitividade e sustentabilidade", defende.

Com a China disposta a ampliar seus investimentos no Brasil, e outras potências de olho nos recursos naturais e no mercado consumidor do país, o momento é crucial para definir o rumo da infraestrutura nacional. Se bem conduzido, esse ciclo de investimentos pode significar uma transformação logística sem precedentes. Caso contrário, o Brasil corre o risco de perder relevância no comércio internacional justamente quando mais precisa atrair parceiros estratégicos.

Saiba mais sobre Jackson Campos:

Diretor de Relações Institucionais da AGL Cargo, Campos atua com comércio exterior e relações governamentais há anos, o que o coloca em posição de destaque para abordar quaisquer desdobramentos relacionados à importação, exportação, comércio exterior e lobby. O especialista que também é Fellow do CBEXs possui facilidade em explicar todos os processos e etapas que fazem parte do ciclo de vida de um determinado produto, desde a movimentação de seus insumos até a sua entrega no cliente, desvendando dados, estatísticas e revelando os percalços do comércio exterior.

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