Quarta, 09 Julho 2025

Eram 21 horas de 31 de julho de 1929, há quase 80 anos, quando o cargueiro nacional “Mandu”, do Lloyd Brasileiro, deixava o Porto de Santos, após ter recebido um grande carregamento de café das casas exportadoras da Cidade. Além de embarca diversos outros produtos para entrega em Nova York, Estados Unidos.

 

Vista do Porto de Santos em 1929, ano em que houve a colisão entre

os navios "Mandu", do Lloyd Brasileiro com o germânico "Denderah".

No cartão-postal vemos a chaminé da casa de força nas proximidades

do armazém 2 da Companhia Docas de Santos, que fornecia pressão

para os guindastes hidráulicos do porto. Acervo: L. J. Giraud.

 

O navio alemão “Denderah” entrava no canal do porto, quando ocorreu a colisão, colocando este último a pique, na altura do Sangava, perto da Ilha das Palmas.

 

O “Mandu” tinha operado no cais do Armazém 23 (próximo ao atual Terminal de passageiros do Concais) e era conduzido pelo prático João Peirão, que descera de bordo nas proximidades da Fortaleza da Barra.

 

A partir deste ponto, o “Mandu” continuou a navegar sob a responsabilidade direta do comandante Abílio de Oliveira.

 

O "Mandu" da armadora Lloyd Brasileiro, em manobra

de atracação. Ficou muito conhecido na linha de longo-curso. 

Acervo: J. C. Rossini.

 

O salvamento do “Denderah” não foi possível. Durante muitos anos o navio ficou com a metade do casco fora da água: tornou-se uma verdadeira atração e um ponto de passeio.Uma companhia Interessada desmontou gradativamente o casco e resgatou o que restava da embarcação.

 

O “Mandu” fora construído em 1913 com o nome original de “Posen”, no estaleiro Bremen Vulkan, da Alemanha, para a companhia de navegação Norddeustscher Lloyd (NDL). Tinha 149.35 metros de comprimento por 18,04 de boca (largura). O cargueiro deixou de navegar em 1966, após 53 anos de atividades, com o nome de “Martini”, em Macau.

 

Já o “Denderah” foi lançado ao mar em 23 de setembro de 1922, construído pelo estaleiro Stetin Vulkan, da Alemanha, para a armadora Hamburg Amerika Line. Ele tinha 110 metros de comprimento por 13,5 de boca.

 

O "Denderah", que sofreu abalroamento ao cruzar a

proa do "Mandu", na Baía de Santos, em 30/07/1929.

Acervo J.C. Rossini.

 

Segundo o livro Sinistros Marítimos – Costa do Estado de São Paulo, lançado em 1969 de autoria de José Carlos Rossini, o acidente foi causado pelo receio  do comandante do cargueiro germânico de passar entre o cargueiro nacional e a terra firme, isto é, temendo um encalhe e cruzou a proa do “Mandu”. Com isso o “Denderah” sofreu um rombo no casco por boreste (lado direito) e acabou encalhando, mais precisamente nas proximidades da Ponta do Engenho ao Sul da Ilhas das Palmas. Após a colisão o “Mandu” retornou ao cais, e ficou retido por ordem das autoridades da Capitania dos Portos. A sua carga sofreu transbordo para o cargueiro “Cabedello”, da mesma armadora.

 

Esta foi uma das incontáveis passagens ocorridas no Porto de Santos, um verdadeiro repositório de marcantes acontecimentos.

 

Cartão-postal do acervo de João Emilio Gerodetti, mostra o

Mandu anos ante da fatídica colisão. O cartão informa que o

navio possuia telégrafo sem fio, uma modernidade para a época.

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