Despachante aduaneiro, colecionador de cartões-postais, especialmente de transatlânticos. Colaborador da Revista de Marinha de Portugal. Publicou cinco livros, como autor e co-autor, sobre temas da Santos antiga.
No período compreendido entre 1905 e 1915, foram construídos 09 transatlânticos para a mais famosa armadora britânica, que operou na costa Leste da América do Sul, a Royal Mail (Mala Real), que ficaram conhecidos como os da série “A”, por razões óbvias: O Aragon (1905); Amazon (1906), o Araguaya (1906), o Asturias (1907); o Avon (1907); o Arlanza (1912), o Andes (1913), o Alcantara (1914); o Almanzora ( 1915). O único que possuía nome inglês era o Avon. Esses navios possuíam uma estrutura avante onde ficavam situados a ponte de comando e o alojamento dos oficiais e era separada da superestrutura central. Possuíam vários guindastes, porão de carga geral e câmara frigorífica para transporte de carne argentina. Os ingleses possuíam fazendas de gado e frigoríficos naquele país.
Há algumas décadas, quando não havia o bombardeio de informações de hoje, as armadoras de navios de passageiros utilizavam cartões-postais e pôsteres com objetivo de atrair passageiros para seus navios. As imagens dos pôsteres serviam como um enorme cartão-postal do transatlântico, das instalações e dos serviços prestados a bordo. Uma ilustração valia mais do que um relatório sobre o que uma embarcação tinha a oferecer aos possíveis viajantes.
No primeiro domingo (1) deste mês, saiu uma interessante matéria no jornal A Tribuna de Santos com o título “Apitos de navios dividem opiniões”, assinada pela jornalista Lyne Santos, da equipe do caderno Porto & Mar. O assunto da reportagem é a polêmica que divide a opinião entre as pessoas, quanto aos apitos dos transatlânticos de cruzeiros, ao passarem pela Ponta da Praia. O texto é interessante e há opiniões de várias pessoas da Cidade, como a do prefeito João Paulo Tavares Papa e da secretária de Turismo Wânia Seixas, entre outras.
Quando menino, muitas vezes meu pai levava-me até a Ponta da Praia. Lá, ficávamos na antiga Ponte dos Práticos ou na conhecida amurada entre o Clube de Regatas Santistas e o Clube Saldanha da Gama, onde permanecíamos certo tempo observando a entrada e saída dos navios de passageiros e cargueiros. Como já disse em artigos anteriores, foi de um desses mirantes ali existentes que vem a primeira lembrança do que se refere a navios. Foi uma das escalas do transatlântico britânico do Royal Mail Line, conhecida no Brasil como Mala Real Inglesa. Lembro que o navio passou garbosamente rumo ao armazém de Bagagem, o 15 da Companhia Docas de Santos. Isso aconteceu em certo dia de 1950, quando tinha cinco anos de idade.
A partir do Carnaval de 1950, levado por meus pais, comecei a participar dos animados bailes infantis do Clube Internacional de Regatas, sempre nos domingos e nas terças-feiras. O piso ficava repleto de confetes e serpentinas. A segunda-feira era dia reservado para exibir a fantasia para tia Januária, e receber seus sinceros elogios. (a matriarca da família), na verdade tia de meu pai. Ela residia na Av. Gen. Francisco Glicério, 610. Para chegar até lá, fazíamos uma baldeação (na praça da Independência) do bonde 42 para o bonde Y. Este último subia a Av. Pinheiro Machado, até às proximidades da Rua João Caetano.