Há algumas décadas, quando não havia o bombardeio de informações de hoje, as armadoras de navios de passageiros utilizavam cartões-postais e pôsteres com objetivo de atrair passageiros para seus navios. As imagens dos pôsteres serviam como um enorme cartão-postal do transatlântico, das instalações e dos serviços prestados a bordo. Uma ilustração valia mais do que um relatório sobre o que uma embarcação tinha a oferecer aos possíveis viajantes.
As armadoras do passado investiam muito em
recursos visuais para atrair passageiros, como a
ilustração na qual aparece um casal dos anos 20,
demonstrando ares românticos, produzidos pela
atmosfera da viagem marítima. Acervo: L.J.Giraud.
Hoje, na era da informação, existem a televisão, o rádio, os jornais, as revistas e a grande revolução nos meios de transmissão de mensagens, a Internet, a rede mundial de computadores, por onde somos atingidos com todos os tipos possíveis e imagináveis do que
* A primeira viagem de navio ninguém esquece
* Cresce interesse por cruzeiros marítimos
O mundo dos cruzeiros marítimo tem muito a oferecer. Pela Internet, podemos adquirir passagens, reservas e tudo mais do turismo.
A imagem do primeiro Queen Mary (1936), que obteve a Faixa Azul
do Atlântico Norte. Por sua imponência, despertava o desejo nas
pessoas de nele viajarem. O Queen Mary é atualmente hotel e centro
de convenções, em Long-Beach, na California (EUA). Acervo L.J.Giraud.
Para compensar a inexistência da parafernália eletrônica que foi inventada no mundo moderno, os publicitários do passado utilizavam imagens em pôsteres, com o objetivo de vender a ideia de que uma viagem marítima permitiria conhecer lugares exóticos, usufruir de mordomias, divertir-se bastante e até fazer uma segunda lua-de-mel.
Os pôsteres eram usados para publicação em jornais, além de serem fixados em locais estratégicos como murais, vitrines de grandes lojas e de restaurantes conceituados. Uma imagem vale mais do que mil palavras.
O germânico Cap Arcona (1927-1945),
da Hamburg-Sud, ficou conhecido
como o Rei da America do Sul, pela sua
velocidade, luxo, conforto e excelente
cozinha. Atraía grande número de
viajantes. Acervo: L.J.Giraud.
Essa minha convicção “de que uma boa ilustração vende, principalmente em jornais, onde o leitor pode analisar com calma o que vê”, vem do tempo em que eu era publicitário da Agência Hugo Paiva S/A, de 1969 a 1974.
Armadoras
Entre as companhias de navegação que investiam nesse tipo de propaganda, destaco as britânicas Royal Mail Lines (Mala Real Inglesa), Peninsular & Oriental (P&O) e Cunard Lines, a francesa Compagnie Générale Transatlântique (CGT), também conhecida como French Line (Linha Francesa), e a Pacific Lines, entre outras.
Também era muito conhecido na rota
sulamericana o italiano Conte Rosso
(1922), gêmeo do Conte Rosso, do
Lloyd Sabaudo. Acervo: L.J.Giraud.
A partir de 1920, os cruzeiros marítmos começaram aparecer, devido à queda nas viagens regulares durante os invernos rigorosos no Atlântico Norte. Seus roteiros eram os mais variados: Ilhas Escocesas, Mediterrâneo, Escandinávia, África, América do Sul, Riviera, Francesa, Ilhas Canárias Ilha da Madeira e Caribe.
Recordando
Um cruzeiro marcante foi o realizado pelo navio de passageiros britânico Orça, da Royal Mail. O transatlântico deixou Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 19 de janeiro de 1926, há 83 anos, para fazer escalas em Trinidad, Rio de Janeiro, Santos, Montevidéu e Buenos Aires.
A belíssima imagem do pôster da britânica
Nelson Lines atraía muitos passageiros.
Seus navios eram da série Highlands:
Highland Monarch, Highland Brigade, Highland
Chieftain, Highland Patriot e Highland Princess.
Posteriormente, esses navios passaram para a
frota da Royal Mail Lines, armadora dos famosos
transatlânticos Andes e do Alcantara.
Acervo: L.J.Giraud.
Da Argentina, o Orça rumou para portos da África, depois em direção a Nápoles, Nice e Gibraltar, para encerrar o cruzeiro em Southampton, no sul da Inglaterra.
O navio navegou 22.500 milhas (41.670 quilômetros), fez passagem em 20 portos, em 100 dias, com excursões locais, que permitiram aos viajantes conhecer os portos de escala ou regiões próximas.
A Chargeurs Réunis exibia belas ilustrações e
conseguia grande número de imigrantes nas suas
viagens. Um desses imigrantes é Manolo Rodriguez,
proprietário do mais antigo restaurante de Santos,
o Paulista. Ele veio da Espanha no navio Groix.
Acervo: L.J.Giraud.
Vale dizer que o mais glamouroso transtlântico de todos os tempos, o francês Normandie, também fez famosas escalas no Rio de Janeiro, no Carnaval de 1938 e de 1939.
Como salientei em outros artigos, ao contrário do que se pensa, os cruzeiros marítimos não são uma atividade recente. O pioneiro data de 1857, há 152 anos, o Ceylon, da britânica P&O. Seus participantes, sequer imaginavam que estavam fazendo história nesse tipo de lazer.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939/1945), os cruzeiros começaram a despertar interesse por essa atividade de turismo e assim surgiram navios construídos especialmente para essa atividade, como o Caronia da Cunard Line, que começou a operar no final da década de 1940 e fez muito sucesso. Esse belo transatlântico esteve na cidade de Santos em 1953.
A publicidade festiva da armadora
japonesa N.Y.K Line, mostra nos anos
30 do século passado, uma despedida
de um dos seus navios com muita
serpentina. Acervo L.J.Giraud.
Com o fim da linha regular de navios de passageiros, o cruzeiro marítimo se transformou em uma indústria mundial que alimenta a intensa atração que o mar exerce sobre a humanidade, e uma das formas de satisfazer esta sede é embarcar em um transatlântico.
Por ano, 10 milhões de pessoas viajam em navios de cruzeiros, algumas pela primeira vez, outras repetindo as viagens marítimas.
Hoje, o navio de turismo se transformou em um verdadeiro hotel-resort flutuante. Para muitos, o roteiro não é o mais importante, mas sim as atividades de bordo, como shows, festas e programas de lazer. É curtir o cassino, os bares, os restaurantes e, principalmente, o alto astral e a alegria.
O Ceylon da P & O, que fez o primeiro cruzeiro marítimo de
que se tem conhecimento, em 1857, provavelmente teria esta
configuração. Acervo: L.J.Giraud.
Santos também está se inserindo nesta indústria. Atualmente, a Cidade ostenta o título de capital nacional dos cruzeiros marítimos. Dispõe do Terminal Turístico de Passageiros Giusfredo Santini, inaugurado em 23 de novembro de 1998. Pertence ao Grupo Concais.
Dentro deste cenário, na atual temporada (2008/2009) Santos é o porto-base, de vários transatlânticos, dentre eles: Costa Mágica, Costa Mediterranea, MSC Musica, MSC Sinfonia, MSC Opera, Grand Mistral, Zenith, Island Escape, Splendour of the Seas, Soberano, Celebration, fora outros em trânsito pela Cidade.
Os cruzeiros que substituíram os de passageiros, vieram para ficar.