Sexta, 27 Dezembro 2024

Carlos Pimentel

Jornalista formado pela Universidade Católica de Santos e especialista em Gestão Pública Municipal. Edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br).

Ainda a logística do transporte ferroviário, ou a falta dela. Encerramos a coluna anterior comentando que as soluções urgentes para o caos que vai se formando ao redor dos portos sequer estão sendo pensadas, quando já deveriam estar em execução.

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Mais um exemplo portuário de Custo Brasil, embora exemplos existam em todos os setores de atividade no País: as ferrovias precisam duplicar a tonelagem transportada e, no caso do porto santista, enfrentam as condições físicas da passagem pela Serra do Mar, num desnível de mais de 800 metros que, mesmo tendo sido vencido pela engenharia do século XIX, ainda no século XXI oferece dificuldades à expansão do transporte.

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Se parece não haver relação direta entre logística de transportes e a falta de apoio aos inventores, ela entretanto existe e é bem real. Cito um caso ocorrido apenas dias atrás, quando um empresário pernambucano entrou em contato com este colunista para obter informações sobre um sistema que facilitaria a descarga de contêineres com produtos agrícolas a granel. Nos Estados Unidos, existe há décadas um sistema que na Sea Containers ganhou o nome de Tip Kit. Talvez no Brasil exista algo similar, mas essa informação não chegou a quem dela precisa. Um negócio está sendo perdido (porque o eventual fornecedor não é encontrável), e outro está sendo prejudicado (pois poderia ser mais eficiente), porque a informação não circulou. E, se não forem encontradas alternativas nacionais, divisas talvez sejam gastas na obtenção do equipamento estrangeiro, por compra ou locação.

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Com tanto falatório sobre crise, verdadeiro massacre diário de olhos e ouvidos, cheguei a pensar que estava sozinho nessa cruzada de falar em otimismo, em trabalho para aproveitar como oportunidades os fatos que outros transformaram em crise. Estaria tão errado assim, mesmo a lógica me afirmando que não, que de fato o caminho para evitar a crise é ser otimista? Estaria sendo irreal, como se não enxergasse os milhões de desempregados que surgiram de repente no mundo, assim que o boato se espalhou? Estaria sendo insensível aos problemas de crédito enfrentados mesmo por empresas sólidas, às vezes atingidas pelos restos do desabamento de outras próximas?

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Nas últimas semanas, tenho insistido na tecla de que o mundo vive numa crise permanente, apenas percebida de forma um pouco mais branda ou aguda por determinados povos, em determinados momentos. E a melhor forma de conjurá-la é justamente trabalhando, criando, buscando soluções, em vez de ficar apenas lamentando uma crise, aumentando a boataria e o alarme das pessoas, restringindo ainda mais a confiança que elas tenham no futuro.

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