Jornalista e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Servidor público de Cubatão, atua na assessoria de imprensa da prefeitura do município.
Trilhei nas últimas semanas por algumas ideias em torno de alguma poesia sobre o Porto de Santos. Em um grupo, reuni poemas de autores que começam a escrever (ou estão prestes a começar) na primeira metade do século XX. Ribeiro Couto (o mais velho, 1898-1963), Roldão Mendes Rosa e Narciso de Andrade.
Porto do Oceano Índico e capital da Tanzânia até 1973, Dar-Es-Salaam é uma das cidades visitadas poeticamente pelo escritor peruano Óscar Limache em seu livro “Viaje a la lengua del puercoespín” (Viagem à língua do porco-espinho), de 1989, ainda inédito em português e do qual Porto Literário já publicou a tradução do poema “Nueva York”.
IDe alguns poemas sobre o Porto de Santos apresentados na coluna anterior, retomo “Engolidores de contêineres”, de Ademir Demarchi, do livro “Costa a Costa” (2012), reunido no volume “Pirão de Sereia” (Realejo / Facult), lançado em abril.
Autora do poema “Raízes”, apresentado em “Raízes portuárias”, a escritora Madô Martins enviou ao Porto Literário o poema inédito “À deriva”, que fará parte de “Outras marés”, livro ainda em escritura.
Em Flávio Viegas Amoreira, isso se dá pela linguagem: “CHOVENOMAR desperdício estarmundo / CHOVENOMAR acontece / POEMASPONJA recolhos reunimentos / meus poros são olhos! Pontos focados / pés castos / costados dobradiços / jazz aqui poensia: ex-boçamento”. Lírico em “Do sereno que enche o Ganges” (2007) , Demarchi descreve prosaica e ironicamente mente a paisagem em alguns poemas de “Costa a Costa” (2012): “um porto é lugar de encanto para alguém cansado pelas atribulações da vida”. Nota uma garça que “vive no canal poluído e fétido de onde tira alimento”, vê na praia “objetos regurgitados e devolvidos pelo mar”, onde navios desovam contêineres e “com as ressacas brilham e deitam aos pés / chusmas de lixo e entulhos e moluscos e agudos”. Também está nos títulos: a 1ª, 2ª e a 3ª “Manhã no Hades”, “Vento do Diabo” (sobre o Vento Noroeste). Em “Engolidores de contêineres” descreve os navios como bestas: