Com a iniciativa, Pernambuco será o primeiro Estado da federação a ter um órgão desse tipo, semelhante ao que existe no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), atuando apenas em âmbito federal. “Hoje (ontem) aconteceu a discussão para a implementação da Câmara Setorial. Recebemos uma minuta do estatuto e tivemos uma reunião para discutir aspectos econômicos e sociais”, explicou o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Fausto Pontual. “Foi dado um prazo para os aditivos. Na próxima semana, nós voltamos a nos reunir para sintetizar as informações colhidas”, disse.
Petrobrás, Braskem e Grupo Ultra oficializaram ontem, em São Paulo, a compra do Grupo Ipiranga. O valor do negócio poderá chegar a US$ 4 bilhões, incluindo a aquisição das ações de ex-controladores e de acionistas minoritários.Além de ser a maior aquisição de ativos privados envolvendo empresas brasileiras, o negócio marca o retorno da Petrobrás aos investimentos no setor petroquímico. Segundo analistas, o negócio abre novo ciclo de reestruturação societária com participação da Petrobrás na reorganização do setor na Região Sudeste, principalmente na Petroquímica União (PQU), em São Paulo. Além disso, a Petrobrás pode acelerar o plano de investimento no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), um negócio de US$ 8 bilhões. “Essa aquisição indica dois movimentos: a ação ativa da companhia na petroquímica e o aumento das sinergias na distribuição de combustíveis”, diz José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal.A compra da Ipiranga envolverá troca de ações e pagamento em dinheiro aos acionistas. Apenas os minoritários com ações preferenciais receberão em troca ações também preferenciais da Ultrapar Participações. A Petrobrás anunciou que desembolsará US$ 1,3 bilhão. A Braskem buscará US$ 1,1 bilhão no mercado. O Grupo Ultra estima em US$ 1,6 bilhão a sua participação. Será a única a fazer emissões para sustentar as aquisições. Vai emitir 52,8 milhões de ações.Conforme o Estado antecipou no domingo, o Grupo Ipiranga, como existe hoje, será desfeito até o fim do ano. O Grupo Ultra ficará com a marca Ipiranga e a distribuição de combustíveis líquidos nas Regiões Sul e Sudeste. Terá 15% da distribuição de combustível no País. A Petrobrás ficará com a distribuição de combustível no Norte, Nordeste e Centro-Oeste e dividirá com a Braskem a área petroquímica.A área petroquímica será dividido entre Braskem (60%) e Petrobrás (40%). Com a compra da Ipiranga Petroquímica, além de absorver nova capacidade de produção de resinas, Braskem e Petrobrás ampliarão o capital na Companhia Petroquímica do Sul (Copesul). A divisão da Copesul também ocorrerá na proporção de 60/40 quando as empresas fecharem o capital da Copesul. Segundo José Carlos Grubisich, presidente da Braskem, a compra de 25,4% das ações da Copesul custará US$ 690 milhões. A Braskem vai controlar a segunda petroquímica no País. A primeira foi a incorporação da Copene, na Bahia. Na Copesul e na Ipiranga Petroquímica, serão investidos R$ 700 milhões.
Além de impressionar pelo tamanho, a operação de compra do Grupo Ipiranga chama a atenção pela intrincada engenharia financeira, uma montagem sofisticada e inteligente, que permitiu que a venda finalmente saísse. Fala-se em US$ 4 bilhões pela operação. Pode até ser: a Petrobrás vai desembolsar US$ 1,3 bilhão, a Braskem, US$ 1,1 bilhão e o Ultra, não se sabe. No entanto, pelo que se apurou, em dinheiro mesmo, as cinco famílias receberão, no total, US$ 800 milhões pela transferência de controle. Isto é, US$ 160 milhões cada uma.No domingo, algo como 20 membros das cinco famílias (Gouvêa Vieira, Bastos, Tellechea, Ormazabal e Melo) aterrissaram em São Paulo para assinatura do contrato, no escritório Pinheiro Neto. Pelo lado dos compradores, negociou Pérsio de Souza, da Estater, numa montagem que começou em agosto do ano passado. E, do lado dos vendedores, atuou Octávio Castello Branco, do Banco Pátria, cujas conversas de venda com a família começaram em dezembro do ano passado. O que se buscou, como estratégia, foi uma negociação rápida com os controladores.Não é de hoje que o Grupo Ipiranga está à venda. E tampouco é de hoje que todo tipo de interessado tenta comprá-lo. Em 2002, a Petrobrás e o Grupo Ultra chegaram a conversar com o Ipiranga. O negócio não saiu. Dois anos atrás, houve conversas com a venezuelana PDVSA. Quase. Mas tampouco esta negociação foi para a frente. “Tudo é uma questão de tempo. Neste momento, todos amadurecidos, o negócio andou”, justificou ontem o presidente do conselho do Grupo Ultra, Paulo Cunha, cuja identidade se confunde com a do setor petroquímico, do qual participa desde o seu surgimento, na era Geisel. Qual o valor real da operação? Cunha desconversa. “Tem muito número nesta montagem, tenho que checar.”É o Grupo Ultra o comissário desta operação. O que quer dizer isto? Quer dizer que será o Ultra o comprador oficial do Grupo Ipiranga. Primeiro, por meio da aquisição das ações das famílias controladoras. Depois, chegará a vez dos ordinaristas minoritários, os quais devem receber algo como US$ 200 milhões, Em seguida, vem a oferta pública de compra das ações preferenciais, na base de 80% de tag along, como manda a lei, trocando estas ações por ações preferenciais da Ultrapar. Aqui, não há dinheiro envolvido.Só depois o Grupo Ultra vai fazer a alienação e entrega dos ativos petroquímicos para a Braskem e a Petrobrás. Da área de distribuição e postos de gasolina, a Petrobrás ficará com 25% do negócio. O Ultra fica com a marca Ipiranga e 75% do negócio de distribuição e postos. Quem vai financiar a operação do Grupo Ultra? “Vamos fazer uso de recursos próprios”, diz Cunha, sem revelar montantes.
A compra das Empresas Petróleo Ipiranga será oficializada hoje, em São Paulo, pela Petrobrás, Braskem e Grupo Ultra. Os detalhes do negócio, um dos maiores do setor químico e petroquímico dos últimos tempos, serão revelados a partir das 9 horas, em entrevista convocada pelas três companhias que vão concentrar as divisões da Ipiranga.A área de distribuição de combustível fica com a Petrobrás e o Ultra, e a área petroquímica, com a Petroquisa, subsidiária da estatal, e a Braskem.A aquisição, antecipada pelo Estado no sábado, foi selada na sexta-feira, em reunião do Conselho de Administração da Petrobrás, no Rio de Janeiro.Não se sabe o montante envolvido, mas o mercado estima em US$ 1,5 bilhão o valor da Ipiranga.A antecipação da informação da venda causou agitação ontem no eixo Rio-São Paulo-Porto Alegre, onde estão as sedes dos grupos envolvidos no negócio. Petrobrás, Braskem e Ipiranga se esquivaram de comentar o assunto.Uma porta-voz do Grupo Ultra em São Paulo informou, por meio de nota, que a empresa ’’ tem demonstrado, ao longo de seus 70 anos, opção estratégica por crescer, seja por via orgânica ou por aquisições’’ e ’’trará informações ao público no momento adequado.’’O Grupo Ipiranga iniciou atividades como pequena refinaria de petróleo no Rio Grande do Sul em 1937 e completaria 70 anos no dia 7 de setembro. Hoje atua nacionalmente na distribuição de combustíveis e produtos químicos, petroquímica, refino de petróleo, produção de asfaltos e lubrificantes.No ano passado, a companhia obteve receita líquida de R$ 21,6 bilhões, 13,4% superior à de 2005. O lucro foi de R$ 533,8 milhões, um aumento de 3,1% ante o ano anterior.A Ipiranga é controlada por cinco grupos familiares: Tellechea, Ormazabaal, Gouvêa Vieira, Matos e Aguiar. São mais de 60 acionistas que, segundo fontes do mercado, queriam vender a companhia integralmente, não em partes, como já foi cogitado no passado.REDE DE POSTOSA divisão petroquímica do Grupo Ipiranga será assumida pela Braskem, maior companhia do setor na América Latina, controlada pelo Grupo Odebrecht, e pela Petroquisa.A área de petroquímica é formada por três empresas: a Ipiranga Petroquímica (IPQ), com capacidade para produzir 700 mil toneladas de polietileno e polipropileno por ano em cinco unidades industriais no Pólo Petroquímico de Triunfo (RS); a Empresa Carioca de Produtos Químicos (EMCA), do Pólo de Camaçari (BA), responsável pela produção de óleos minerais e fluídos especiais; e a Ipiranga Química, que cuida da distribuição de produtos químicos e petroquímicos no Brasil.A divisão de petróleo terá outro destino. Além da Ipiranga Asfalto e da Refinaria de Petróleo, com capacidade para refino de 12,5 mil barris por dia - localizada em Rio Grande (RS) -, o grupo tem duas empresas de distribuição de combustíveis e é hoje a segunda maior do País, atrás da BR. São mais de 5 mil postos no território nacional. Esse negócio deverá ser assumido pela Petrobrás e pelo Ultra.Com a área de distribuição da Ipiranga, a Petrobrás poderá elevar o controle do mercado de combustíveis dos atuais 32% para 50%, participação que terá de ser submetida ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).Não há detalhes sobre o que deverá ocorrer com os negócios de gás natural e exploração de petróleo. A Ipiranga mantém participação de 20% na companhia Transportadora Sulbrasiliana de Gás (TSG) e detém mais 26% da Usina Termogaúcha.Em prospecção de petróleo, o grupo mantinha fatia de 20% de uma área de exploração no Campo de Camamu e outros 40% num campo no Recôncavo Baiano.AÇÕES EM ALTAAs ações da Ipiranga tiveram forte elevação na sexta-feira, o que alimentou rumores de que o negócio havia sido fechado. O principal papel da Ipiranga se valorizou 3,57%, num dia em que o índice Bovespa recuou 1,27%.A Petrobrás chegou a disputar a Ipiranga com outras empresas, como a espanhola Repsol, em um processo de venda que movimentou o mercado de combustíveis no início da década. Outros grupos também manifestaram interesse, como a italiana Agip, a francesa Total Fina, a British Petroleum, do Reino Unido, e a americana ExxonMobil, dona da Esso.As negociações, na época, não chegaram a nenhuma conclusão, segundo analistas, devido ao alto preço pedido pelos acionistas para a companhia, que enfrentava dificuldades financeiras.Além disso, a intrincada teia de acionistas dificultava a melhor avaliação dos compradores. Nos últimos anos, porém, a Ipiranga passou por um intenso processo de saneamento financeiro.
O significativo crescimento de grandes redes do setor varejista e a demanda pelo aumento de sua capacidade de expedição têm levado diversos grupos a expandir a estrutura de seus Centros de Distribuição (CD) e a fazer grandes aportes nas operações logísticas.