O significativo crescimento de grandes redes do setor varejista e a demanda pelo aumento de sua capacidade de expedição têm levado diversos grupos a expandir a estrutura de seus Centros de Distribuição (CD) e a fazer grandes aportes nas operações logísticas.
A Tok & Stok, grupo cujo faturamento aumentou 20% de 2005 para 2006, investiu R$ 2 milhões em um novo Centro de Distribuição, que começou a operar no final de fevereiro. Localizado em Barueri, na Grande São Paulo, região que também concentra o outro CD da rede, a nova unidade representa uma ampliação de 50% da capacidade de expedição e será direcionada para o varejo.
A expansão do grupo no ano passado se refletiu em um aumento da movimentação, no setor logístico, de 40%. “Tivemos um crescimento considerável e esperamos manter a meta de expansão este ano, já que abriremos três lojas. O CD atual não teria como comportar nosso crescimento, então desenvolvemos um projeto para atender à mudança de patamar de operação”, diz Leopoldo Duarte, gerente de Logística da rede.
Uma das principais dificuldades de operação para a empresa é o fracionamento de produtos. Metade da coleção é composta por móveis e o restante, por acessórios, que precisam ser embalados conforme a demanda de cada loja. “A construção do novo centro possibilita dividir as unidades de trabalho entre varejo e atacado, em que a unidade de saída é igual à de entrada, o que ocorre com os móveis”, explica Duarte.
Com a ampliação, a Tok & Stok aumentou sua capacidade de expedição para 1,5 milhão de peças ao mês, o que representa um crescimento de 50%, em relação ao ano anterior. Atualmente, a empresa entrega 230 mil peças por semana, e tem três turnos de trabalho. Seu objetivo é ampliar para 300 mil peças, operando o novo CD em apenas dois turnos.
Atualmente, 68% das vendas são levadas pelos clientes na hora da compra. Apesar de concentrar as principais partes do processo de logística, a Tok & Stok terceiriza o transporte de produtos e o cross-docking, que é a operação de rápida movimentação de produtos acabados para expedição, entre fornecedores e clientes.
Estratégia
“Chegamos a pensar em terceirizar alguns segmentos logísticos, porém acreditamos que poderíamos correr o risco de o operador repassar informações ao mercado. É uma questão estratégica. Além disso, nosso custo de logística era menor que o de uma terceirização”, completa o executivo.
A Dicico também está aumentando significativamente os investimentos em logística. Em 2007, a rede destinará R$ 10 milhões para o setor, o dobro do que foi gasto no ano passado. Sua principal novidade é a ampliação de um dos dois Centros de Distribuição — que ficam em Guarulhos e em São Paulo. Desde o início do mês, ele passou a concentrar o chamado “alto serviço”, relacionado aos produtos de pequeno porte, e o setor de cross-docking. Seu objetivo é agilizar as operações e concentrar entregas de fornecedores, o que gera um ganho de abastecimento de filiais.
“A expansão das operações logísticas acompanha o crescimento da rede. Terceirizamos apenas funções como a entrega de produtos, mas continuamos sendo responsáveis pelo treinamento dos funcionários”, ressalta Gerson de Paula, diretor de Logística da Dicico.
Diferenças
A Casas Bahia prefere não adotar a terceirização em nenhuma parte do processo logístico. Atualmente com seis Centros de Distribuição, a rede se prepara para inaugurar um novo CD, no Rio de Janeiro, ainda este semestre. Até o momento, a empresa já investiu R$ 79 milhões na unidade, que substituirá um centro presente no mesmo estado.
Com uma frota própria de 2,2 mil veículos, a Casas Bahia entrega cerca de 50% das vendas no endereço dos clientes. “Não temos a intenção de terceirizar nossa frota. Ter frota própria é como fazer uma pós-venda: se o cliente pedir para o entregador tirar a geladeira da embalagem e ligá-la na tomada, ele vai fazer isso porque é um funcionário da Casas Bahia”, enfatiza Michael Klein, diretor executivo do grupo.
A Multicoisas realiza as próprias operações logísticas como uma forma de tornar-se cada vez mais competitiva. Apesar de ser uma rede de franquias, a empresa é responsável pela logística de todo o grupo. “A administração do setor é uma atividade que não nos dá dinheiro, é feita apenas para beneficiar a rede. É muito difícil uma pessoa operar uma loja e coordená-la com a parte de logística. Operávamos com unidades maiores, até mesmo para poder repor o estoque. Mas, com a operação logística, foi possível reduzir seu tamanho e o valor de investimento para a abertura das franquias”, pondera Luis Henrique Stockler, diretor de Marketing e de Expansão da Multicoisas.
A reformulação do tamanho das unidades possibilitou aos franqueados contar com uma operação de reposição de estoque diária e também incentivou a abertura de novas lojas, pois o valor do investimento foi reduzido. “Em termos de franquia, demandamos um investimento elevado para o mercado. Atualmente, os aportes variam entre R$ 400 mil e R$ 450 mil; antigamente, porém, o investimento era quase o dobro, pois as lojas eram maiores”, comenta Stockler.
Atualmente, o grupo é composto por 50 franquias e 4 lojas próprias. Ao investir R$ 500 mil na ampliação do CD localizado em Osasco, a Multicoisas ampliou a capacidade de atendimento para 150 unidades. O próximo investimento será destinado à troca de seu software de gerenciamento.
Fonte: DCI - 19 MAR 07