Quarta, 05 Fevereiro 2025
BRASÍLIA – Uma passeata realizada ontem na Esplanada dos Ministérios contra a transposição do Rio São Francisco terminou em confusão e resultou em alguns feridos e uma prisão. Os cerca de 300 manifestantes de organizações civis – entre elas o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) – se exaltaram ao chegar à frente do Ministério da Integração Nacional. A transposição está orçada em R$ 4,5 bilhões e tem o objetivo de levar parte da água do rio para o Semi-Árido de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Barrado por seguranças na porta principal, o grupo iniciou um empurra-empurra e quebrou duas portas de vidro. Os estilhaços feriram manifestantes. A Polícia Militar prendeu uma pessoa.

Os manifestantes, acampados no centro de Brasília em protesto contra a transposição do São Francisco, alegaram em nota divulgada após o incidente que a depredação do prédio foi obra de “agentes infiltrados” e não dos integrantes do movimento.

Segundo a nota, a invasão do ministério tinha intenção pacífica de “chamar a atenção do Executivo, que não tem dialogado com as lideranças dos movimentos e organizações sociais sobre o projeto de transposição”. Apesar da crítica, durante 2005 e 2006, o governo promoveu audiências públicas em todos os Estados afetados pela obra. São considerados “doadores” Minas Gerais, Bahia, Sergipe e Alagoas. Pernambuco tanto cede quanto recebe água, de acordo com o projeto da transposição.

A atuação dos infiltrados, segundo a nota, serviu para “tirar o foco do real objetivo dos manifestantes”. Os manifestantes não dizem, no entanto, quem seriam esses infiltrados. A nota também traz críticas à “atitude precipitada” dos policiais, que teriam quebrado, “sem motivo algum, as flechas de um índio idoso” que participava do protesto.

O texto é assinado pelo MST, pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), e pelo Fórum Permanente em Defesa do São Francisco, entre outras organizações. Uma das reclamações dos movimentos sociais é contra a atitude do governo de ter lançado um edital para seleção da empresa que conduzirá as obras sem ter dialogado com a sociedade civil. Os manifestantes também acusam o governo de não ter feito um estudo completo sobre os impactos ambientais da transposição. Hoje, o atual ministro da Integração Nacional, Pedro Brito, dá lugar ao deputado federal Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

Fonte: Jornal do Commercio - 16 MAR 07

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