Jornalista e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Servidor público de Cubatão, atua na assessoria de imprensa da prefeitura do município.
Elogiei na semana passada a iniciativa do site Artefato Cultural pela publicação digital de Poemas e canções (1908), livro de Vicente de Carvalho que tem prefácio de Euclides da Cunha. O Artefato Cultural, cuja principal atividade é a reportagem e a crítica, com apenas um ano no ar deixou para trás a Editora Realejo, a Editora da Unisanta e a Leopoldianum, da Unisantos, cuja função é editar livros. Sem contar a Prefeitura de Santos.
Completamente influenciado pelo mal estar da gripe, escrevo hoje uma coluna azeda, de mau humor, ótimo estado para lembrar que o centenário do livro Poemas e canções, de Vicente de Carvalho, passou e nenhuma editora republicou a obra de 1908 que traz ainda um prefácio de Euclides de Cunha.
Há alguns meses comentava um ensaio de Theodor Adorno, Sinais de Pontuação. Ali ele cultiva o gosto pela precisão e multiplicidade de sentidos entre os usos do ponto, vírgula, dois pontos e demais sinais. Ele conta que separar uma frase entre vírgulas (, blábláblá,) é diferente de separar a mesma frase entre travessões (– blábláblá –), a separação no segundo caso é mais robusta, é quase um outro discurso.
Em 28 de novembro, o antropólogo Claude Lévi-Strauss completa 100 anos e o mundo intelectual inicia uma série de homenagens e debates sobre sua obra. Em São Paulo, a USP realiza o ciclo de conferências “Sentidos de Lévi-Strauss” entre os dias 27 e 11 de dezembro. Foi para a formação da USP que esse professor secundário veio ao Brasil em 1935 junto com a missão francesa que iria dar início às atividades acadêmicas de Ciências Humanas em nosso Estado.
Ao contrário da História, que abarca as transformações sociais causadas pela humanidade ao longo do tempo, o material da Geografia é o o próprio mundo, imutável, ou, pelo menos, que muda muito pouco no transcorrer das eras. Veremos hoje como o registro literário descreve em dois momentos diferentes o clima de Santos. Comecemos com A carne, de Júlio Ribeiro, publicado em 1888, em que o clima de Santos é descrito em uma carta escrita por um dos personagens no verão de 1887 e enviada daqui para uma fazenda no interior de São Paulo: