Domingo, 29 Dezembro 2024

Elogiei na semana passada a iniciativa do site Artefato Cultural pela publicação digital de Poemas e canções (1908), livro de Vicente de Carvalho que tem prefácio de Euclides da Cunha. O Artefato Cultural, cuja principal atividade é a reportagem e a crítica, com apenas um ano no ar deixou para trás a Editora Realejo, a Editora da Unisanta e a Leopoldianum, da Unisantos, cuja função é editar livros. Sem contar a Prefeitura de Santos.

 

Vale destacar que o AC, editado por Cristiane Carvalho, também vem publicando a transcrição de cartas de escritores, um saboroso material para os que gostam de acompanhar a vida intelectual e os debates inteligentes. Temos ali, entre outras, uma carta de Ribeiro Couto para Vasco Mariz, uma de Mário de Andrade para Manuel Bandeira ou outra de Haroldo de Campos para Murilo Mendes.

 

Outra fonte de livros transcritos para o meio digital com material sobre Santos e a Baixada Santista é o Novo Milênio, mantido pelo jornalista Carlos Pimentel, que também assina coluna aqui no PortoGente. Na seção Biblioteca, temos acesso a 29 obras e documentos históricos, muitos deles raros, como a História da Capitania de São Vicente (1772), de Pedro Taques, Memória sobre a viagem de Santos a Cuiabá (1826), de Luiz D’Alincourt, o Recenseamento de Santos em 1913, A campanha sanitária de Santos (1913), de Guilherme Álvaro; ou obras um pouco mais recentes, como O Caminho do Mar – História de Cubatão (1973), de Inez Garbuio Peralta (minha querida orientadora), ou Cubatão na obra de Afonso Schmidt (1972), de Jorge Ferreira da Silva.

 

O Artefato Cultural, com seu pouco tempo de vida, e o Novo Milênio, com seus mais de 350 mil acessos (só em páginas principais) têm algo em comum: a dedicação com que seus criadores os alimentam de informações. Para termos uma medida exata desta dedicação, boa referência são dois sites oficiais que, embora bem feitos, acabam não tendo conteúdo com a mesma qualidade.

 

O site da Fundação Arquivo e Memória de Santos (www.fundasantos.org.br), por exemplo, mantém uma seção de e-books com apenas três obras, todas publicadas pela própria fundação, sendo a mais antiga da década de 90: são elas Santos na Formação do Brasil (2000), de Maria Valéria Barbosa, Nelson Santos Dias e Rita Márcia Martins Cerqueira. A obra está dividida em capítulos que podem ser baixados no formato PDF, mas não estão disponíveis os capítulos 12, 13, 14, 15 e 16. Outra é Memória Sindical de Santos (1997), com capítulos também em PDF, e a terceira é A imprensa e a cidade de Santos, lançamento de 2008 exclusivamente em formato digital, de Alexandre Alves. Sem tecer qualquer comentário sobre o valor das obras, é muito pouco.

 

Site belíssimo é o do centenário dos canais de Santos (www.canaisdesantos.com.br). Ali o navegador pode ver fotos e dali mandar cartões postais virtuais com imagens da época da inauguração do primeiro canal em 1907, bem como ler uma história dos canais escrita pela historiadora Wilma Therezinha Fernandes de Andrade.

 

A comissão organizadora escreve na apresentação que é seu “objetivo democratizar o acesso a dados sobre esse período importante que mudou a história de Santos”, mas a seção E-book – adivinhem! – está incompleta. O topo da seção promete as versões digitais de A Municipalidade de Santos perante a Comissão de Saneamento – polêmica com o Dr. Saturnino de Brito (1914), em que o jornalista Alberto Sousa, a serviço da Câmara Municipal, reúne artigos contra a postura de Brito em pressionar o Legislativo para aprovar sua proposta de planta da cidade, e a Planta de Santos (1915), do próprio Saturnino de Brito. Do primeiro, estão disponíveis 25 de 34 capítulos; do outro, até agora nada. E já são dois anos de site no ar.

 

E olhe que a comissão do centenário – as informações são do próprio site – é formada pelas secretarias municipais de Governo, Cultura, Turismo, Educação, Comunicação, Meio Ambiente e Planejamento, pela Comissão Especial de Vereadores do Centenário dos Canais, Sabesp, Fundação Arquivo e Memória, Unisantos, Sindicato dos Urbanitários e Associação Brasileira de Engenharia Sanitária Ambiental. Como é que tanta gente junta não consegue terminar de publicar dois livros em versão digital, enquanto Pimentel mantém 29 obras no ar?

 

Tomara que eles consigam terminar o serviço até 2010, data do centenário da inauguração do Canal 2.

 

Referências

Artefato Cultural (www.artefatocultural.com.br)

Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br)

Fundação Arquivo e Memória de Santos (www.fundasantos.org.br)

Centenário dos Canais (www.canaisdesantos.com.br)

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