Terça, 16 Dezembro 2025
As partes envolvidas procuram utilizar tom conciliador, mas a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de questionar a compra do Grupo Ipiranga por Braskem, Petrobras e Ultra causou tensão ontem. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse em Brasília que não considera a medida “adequada” e afirmou: “Vamos recorrer na medida do possível” da decisão. Além disso, as três compradoras comunicaram o fechamento da primeira etapa do negócio.

Como contraponto, o Cade não demonstra pressa. Segundo Luís Fernando Rigatto, membro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) encarregado das investigações, o Conselho provavelmente concluirá “dentro de alguns meses” sua investigação a respeito da transação. “É razoável pensar que a investigação será concluída até o final do ano”, previu.

O conselho do Cade examinará se a compra restringe de maneira injusta a concorrência nos setores petroquímico, de refino e distribuição de combustíveis, disse Rigato.

Antes dessa declaração, as secretarias de Direito Econômico e de Acompanhamento Econômico divulgaram nota explicando que pediram ao Cade no dia anterior que adotasse medida cautelar quanto à transação, mas esclareceu que o pedido “não tem o condão de proibir o fechamento da operação”.

A Braskem informou que “entende o zelo” que motivou a decisão do Cade e que já iniciou “avaliação sobre suas implicações e abrangência”. No entanto, reafirma que a medida cautelar não altera o fechamento da operação, que foi confirmado ontem.
Na mesma linha, a Ultrapar assegurou que respeitará “integralmente” as decisões do Cade, mas também confirmou o fechamento dentro do prazo previsto (ontem).

A Petrobras não divulgou nota isolada mas, ao lado de Braskem e Ultrapar, publicou fato relevante em que confirmou que a primeira etapa da compra foi encerrada ontem.

A operação foi concluída após o pagamento aos antigos controladores do grupo. As ações que dão o controle sobre a Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga (DPPI), a Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (CBPI) e a Refinaria de Petróleo Ipiranga (RPI) foram transferidas para a Ultrapar. As três empresas realizaram assembléias de acionistas e nomearam novos membros para os Conselhos de Administração.

A Petrobras, a Braskem e o Grupo Ultra iniciaram avaliações e coleta de informações “para demonstrar ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que a operação de compra, por US$ 4 bilhões, do Grupo Ipiranga beneficiará o setor petroquímico brasileiro em sua competitividade e consolidará o mercado de distribuição de combustíveis sem prejuízo ao consumidor”, segundo nota oficial.

O texto, destinado ao mercado financeiro, e em particular à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Petrobras sustenta que a medida cautelar, em que o Cade suspende os efeitos da operação de compra do grupo Ipiranga, não afeta o processo de fechamento da operação de aquisição do grupo Ipiranga.

A Petrobras adianta, ainda, que as empresas entendem o “zelo” que motivou a decisão do órgão, vinculado ao Ministério da Justiça, e que respeitarão as determinações estabelecidas. A decisão do Cade de restrigir a gestão do grupo Ipiranga significa, na prática, o congelamento da operação e impede a Petrobras de promover qualquer alteração comercial na área de distribuição de combustíveis adquirido da Ipiranga e de transferir ativos petroquímicos da Ipiranga.

Os compradores publicam fato relevante hoje informando formalmente a conclusão da primeira etapa da operação. Em breve a Ultrapar protocolará o registro da oferta pública para aquisição das ações ordinárias detidas por outros acionistas de RPI, DPPI e CBPI (“tag along”).

Com a conclusão da primeira etapa, a Ultrapar assume o controle sobre a marca Ipiranga e a gestão da rede de distribuição de combustíveis líquidos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Assume também a administração da Refinaria Ipiranga em conjunto com Petrobras e Braskem.

O resultado desse cenário na Bolsa de Valores foi uma queda das ações das empresas envolvidas. A Petrobras PN (preferencial) caiu 0,75% e a ON (ordinária) recuou 0,57%. A queda foi mais acentuada para Braskem PNA, que teve recuo de 1,29%, enquanto a Ultrapar PN ficou praticamente estável, com recuo de 0,01%. A maior prejudicada foi a ação da Ipiranga PN, que caiu 2,16%.

O recuo mostra que a decisão do Cade já impactou diretamente as empresas. Desde a manhã de ontem, fornecedores e clientes, além de acionistas das companhias envolvidas, procuraram saber qual o efeito das medidas no fechamento da transação.
Segundo o diretor de um banco de investimentos, uma das dúvidas era se a Braskem manteria os planos para ampliar seus negócios no pólo petroquímico do Sul. Quando foi anunciada a transação, a Braskem anunciou que tinha planos de investir no pólo um total de R$ 700 milhões, a serem aportados entre 2007 e 2009. Os valores consistem na ampliação em 180 mil toneladas de eteno na capacidade produtiva da Copesul e um adicional de 250 mil toneladas de resinas, incluindo polipropileno e polietilenos. A companhia informou que esses planos estão mantidos.
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Quando os políticos legislam sobre questões de seu interesse direto, a começar das regras do jogo de que participam, só por acaso os seus objetivos coincidem com o interesse da sociedade. Assim foi, por exemplo, a instituição dos pleitos em dois turnos para presidente, governadores e prefeitos (em municípios com pelo menos 200 mil eleitores), o que deu aos vencedores o claro mandato representado pela maioria absoluta dos votos. Foi também a instituição do direito dos detentores desses cargos de pleitear um segundo período de governo - com a ressalva de que a nova norma, aprovada em 1997, só deveria ter entrado em vigor na eleição seguinte à de 1998, para não configurar, como configurou, um casuísmo em benefício do então presidente Fernando Henrique.Agora, tudo indica que vai se voltar ’’aos quadros constitucionais vigentes’’, como diria o antigo ministro da Guerra, marechal Henrique Lott, a se confirmar a intenção dos políticos de mexer de novo no sistema eleitoral, apenas e tão-só porque a mexida - no caso, o fim da reeleição - atende aos interesses do governo e da oposição, pouco importando a um e à outra o que acham disso os 126 milhões de eleitores brasileiros. Visto que os políticos jamais perecerão à falta de argumentos para defender as suas bandeiras de conveniência, que amanhã podem ser o contrário das de hoje, não vale nem a pena fazer a exegese da sua rationale para extinguir o regime de dois possíveis mandatos consecutivos, passado tão pouco tempo de sua implantação.Registre-se apenas o argumento forjado segundo o qual a reeleição ’’oligarquizou’’ o sistema político - como se antes prevalecesse a oportunidade de igualdades eleitorais entre os competidores por cargos executivos. É verdade que (não só no Brasil) os governantes que se recandidatam têm mais chances de se reeleger do que de serem apeados, o que retarda o aparecimento de novos líderes políticos. Mas isso não altera o principal: o direito obtido pelo eleitor de dizer se deseja, ou não, mais do mesmo pelos quatro anos seguintes. E, quando a resposta é positiva, tem-se um ganho potencial para a sempre invocada continuidade administrativa. Dizem os juristas que lei boa é lei antiga - a que passou pelo teste do tempo. Claramente é cedo para saber se a reeleição fracassou nessa prova.Mas de que valem os fatos objetivos e o bom senso diante das ambições dos políticos? Não há quem ignore que o PSDB tem dois presidenciáveis natos, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas, Aécio Neves, e o PT tem um: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mantida a reeleição e considerando que política tem fila e idade conta, caso Serra ascendesse ao Planalto no primeiro dia de 2011, o comparativamente jovem Aécio correria o risco de esperar mais 8 anos, quando teria 58, para fazer o mesmo. Isso o induziria a disputar a indicação com o paulista no ninho tucano em 2010, ou, como se aventou, a bandear-se para o PMDB, que alegremente lhe daria legenda. O quadro também ficaria inóspito para Lula, ameaçado de só poder voltar ao ’’ápice de um ser humano’’, como definiu a Presidência, em 2019, aos 74 anos.O fim da reeleição acaba com esses problemas, embora subtraia dos vitoriosos no ano passado, sob a regra da reeleição, o direito a concorrer a um segundo período em 2010 - num casuísmo igual, mas com sinal trocado, ao de 1997. De todo modo, caso Serra se eleja em 2010 para um mandato de 5 anos, como seriam os dos executivos a partir de então, Lula e Aécio iriam à liça já em 2015, com um ganho de tempo precioso, especialmente para o primeiro. Mas a mudança, como vem sendo concebida, traz um problema indesejável para o País: o descolamento das eleições para presidente, governadores e prefeitos daquelas para deputados e vereadores - a menos que também os seus mandatos venham a ser ampliados, o que obrigaria a reduzir de 8 para 5 anos os dos senadores.Sendo certa a recusa dessa ampliação, o resultado último seria, portanto, a volta da eleição solteira para o Planalto e a sua adoção nos Estados e municípios. A única experiência dessa disputa personalizada e despolitizada - que deu Collor em 1989 - foi mais que suficiente para se saber que representa o pior dos mundos.

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A polícia identificou ontem o atirador que na segunda-feira se suicidou depois de matar 32 pessoas na universidade Virginia Tech: o sul-coreano Cho Seung-hui, 23 anos, estudante de inglês. Ele era considerado um aluno pacato e solitário, a ponto de os policiais terem dificuldades para obter informações sobre o assassino com outros estudantes.A polícia encontrou na mochila de Cho o recibo de uma pistola Glock 9 milímetros, comprada em março. Junto com o corpo, além da pistola, os policiais recuperaram uma Walther calibre 22. Os números de série das duas armas haviam sido apagados, mas as impressões digitais de Cho foram encontradas em ambas as pistolas. Exames de balística mostraram que pelo menos uma delas foi usada tanto nos assassinatos do alojamento quanto no massacre da faculdade de engenharia.Com isso, a polícia concluiu que os dois episódios tiveram o mesmo autor. Até então, embora houvesse uma forte suspeita de que os crimes haviam sido cometidos pela mesma pessoa, os investigadores não haviam descartado a possibilidade de serem fatos desconexos.Assim, o roteiro do massacre teria começado às 7h15, no alojamento West Ambler Johnston, onde Cho assassinou um homem e uma mulher. Duas horas depois, ele reapareceu no Norris Hall, prédio da faculdade de engenharia, onde executou outras 30 pessoas, antes de se matar com um tiro no rosto. Policiais disseram que o tiro desfigurou tanto a cara do estudante que foi difícil identificá-lo.Baseado em informações policiais, o jornal Washington Post afirmou que uma das armas do estudante continha uma inscrição pintada em vermelho: ’’Ismail ax’’ (cajado de Ismael), o que estimulou uma profusão de teorias entre os americanos, que quebraram a cabeça tentando entender a mensagem. Alguns fizeram uma ligação com Ismael, personagem presente tanto no Alcorão quanto na Bíblia. Outros, acham que se trata de uma citação ao herói do romance Moby Dick, já que o sul-coreano era estudante de literatura.Segundo o jornal Chicago Tribune, Cho morava em um outro alojamento, onde a polícia teria encontrado uma carta com acusações confusas contra ’’garotos ricos’’, ’’devassidão’’ e ’’trapaceiros golpistas’’. O jornal afirmou ainda que ele havia demonstrado sinais perturbadores, espreitava mulheres e chegou a atear fogo em um dos quartos do alojamento. A rede de TV ABC divulgou outro trecho da carta que justificava a ação com a frase ’’vocês me obrigaram a fazer isso’’. Os investigadores suspeitam que o sul-coreano estaria tomando remédios para depressão.Até a noite de ontem a perícia ainda examinava a cena do crime. A descrição era assustadora. Vítimas espalhadas por quatro salas de aula e pelas escadarias no prédio de engenharia. Mochilas, cadernos, roupas e outros pertences esparramados pelo segundo andar, onde ocorreram as mortes. ’’Foi a cena mais chocante da minha vida’’, afirmou Steve Flaherty, comandante da polícia de Virgínia.Ontem surgiram também detalhes da tragédia contados por testemunhas, que disseram que os disparos em Norris Hall duraram 20 minutos. Os tiros foram disparados lentamente e de maneira regular, interrompidos por pausas de um a dois minutos, tempo que Cho Seung-hui usava para recarregar as pistolas.A polícia ainda investiga se as duas ameaças de bomba recebidas pela universidade, na semana passada, têm alguma relação com o massacre. As aulas na universidade foram canceladas pelo resto da semana e muitos estudantes em estado de choque estão deixando a cidade de Blacksburg. Steve FlahertySuperintendente da Polícia da Virgínia’’Foi a cena mais chocante que vi em toda minha vida’’AS VÍTIMAS IDENTIFICADAS DA CHACINACaitlin Hammaren, 19 anos, estudante de relações internacionais e francêsChristopher James Bishop, 35, professor de alemãoDaniel O’’Oneil, 22, estudante de engenharia civilDaniel Perez Cueva, 21, estudante peruano de relações internacionaisEmily Jane Hilscher, 19, estudante de zootecnia, foi a primeira vítima, no alojamentoErin Peterson, estudanteG. V. Loganathan, 51, professor de engenharia civil e ambientalHenry Lee, estudante de engenharia da computaçãoJarrett Lane, 22, estudante de engenharia civilJeremy Herbstritt, 27, estudanteJocelyne Couture-Nowak, chefe do departamento de horticulturaJuan Ortiz, 26, estudante porto-riquenho de engenharia civilKevin Granata, 46, professor de engenharia mecânicaLaurie McCain, estudante relações internacionaisLeslie Sherman, estudante de história e relações internacionaisLiviu Librescu, 76, professor israelense, chefe do departamento de EngenhariaMatthew La Porte, 20, estudante de ciência políticaMary Karen Read, 19, estudante, nascida na Coréia do SulMaxine Turner, estudante engenharia químicaNicole White, estudante de relações internacionais e alemãoRachel Elizabeth Hill, 18, estudanteReema Joseph Samaha, 18, estudanteRyan Clark, 22, estudante de psicologia e monitor do alojamento, onde foi morto.Ross Alameddine, 20, estudante de inglês

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Impulsionado pelo barulho lá de fora, o Brasil está passando por uma nova onda de consolidação bancária. O reposicionamento global dos bancos está se dando de uma forma acelerada e os bancos brasileiros estão acompanhando isso de perto, buscando novas posições, principalmente na América Latina. Ontem foi a vez da Itaúsa comprar, por US$ 150 milhões, os ativos de private banking do ABN Amro na América Latina, uma maneira mais rápida de crescer na região. A aquisição não foi feita por meio do Banco Itaú porque a compra do BankBoston ainda não foi aprovada pelo Fed. Mas trata-se do mesmo conglomerado que continua negociando também a compra do Banco BMG, apesar de ambas as instituições financeiras negarem. Negociação esta iniciada antes de o Bradesco comprar o banco BMC, e de difícil encaminhamento, pois ao firmar um acordo com o Itaú, há dois anos, o BMG deu ao banco opção exclusiva de compra. O ABN Amro, por sua vez, analisa, na reunião do seu board no dia 26, em Amsterdã, a proposta montada pelo Barclays e outra que deve unir Royal Bank of Scotland, Santander e Fortis. Se a primeira vingar, o ABN não será tão retaliado. Consta que somente a operação nos Estados Unidos, o LaSalle Bank, será vendida a terceiros. Se a segunda proposta for aceita, o ABN será dividido em três partes, sobrando para o Santander as operações da América Latina, as americanas ficarão com o Fortis e as da Europa, com o RBS. No entanto, atenção: existe grande possibilidade de surgir uma “terceira via”, mudando o jogo por completo. Ainda na Europa, o espanhol BBVA fez acordo recentemente se dispondo a pagar US$ 10 bilhões pelo americano Compass Bancshares. E o Santander, seu concorrente, avança sobre o americano Sovereign Bancorp. Dos EUA, o Citigroup tenta correr atrás dos concorrentes menores. O banco americano, aliás, era um candidato forte à compra do ABN, mas o Barclays contratou-o para assessorar sua participação no negócio e garantiu que se mantivesse fora da jogada. No Brasil, porém, continua valendo uma velha pergunta: quando é que o Citigroup vai conseguir comprar algum banco no País?

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Após um longo flerte - sempre desmentido no passado -, a Camargo Corrêa finalmente deve ficar com a Alpargatas da Argentina. A consumação desse “romance” foi comunicada pelo grupo brasileiro à Bolsa de Valores portenha. A Camargo Corrêa, dona da São Paulo Alpargatas, informou à instituição que assinou uma carta de intenções com um grupo de investidores que possui 31,45% das ações da Alpargatas.Caso o negócio seja fechado, a Camargo Correa vai levar uma empresa com 11 fábricas de calçados e têxteis, metade do mercado de denim (tecido usado na fabricação de jeans) e um quarto das vendas de calçados da Argentina. Embora seja importante no país vizinho, a empresa é pequena se comparada à brasileira. Em 2006, sua receita foi de R$ 322,4 milhões, quase cinco vezes menor que a da São Paulo Alpargatas. Segundo o presidente da São Paulo Alpargatas, Márcio Utsch, o acordo ainda depende de uma auditoria nas contas da empresa argentina. “A carta de intenções é o estágio inicial. O processo de auditoria pode levar entre um e dois meses”, diz Utsch. “Se for fechada, será nossa primeira compra no exterior.” A São Paulo Alpargatas tem 22% do capital da espanhola Tavex Algodonera, a maior indústria têxtil do mundo e dona da Santista Têxtil, que já tem fábricas na Argentina.O valor da operação, segundo o executivo brasileiro, só será divulgado após a análise das finanças da companhia. Graças à reestruturação de sua dívida, a Alpargatas Argentina registrou em 2006 um lucro de R$ 130 milhões, cinco vezes mais que no ano anterior. Desde o ano 2000 a Alpargatas é controlada pelos fundos de investimentos Newbridge Latin America, Longbar Argentina LLC, OCM Oportunities Fund LLT e o Columbia HCA Master Retirement Fund. Eses grupos possuem os 31,45% das ações que passariam à Camargo Corrêa. O restante das ações está distribuído entre dezenas de acionistas.As duas empresas foram fundadas pelo mesmo dono, o escocês Robert Fraser. Na década de 30, o controle acionário da brasileira pertenceu ao grupo argentino. Mas em 1982 a Camargo Corrêa comprou a participação dos argentinos e passou a controlar a companhia. A compra da Alpargatas é estratégica dentro do processo atual de internacionalização do grupo brasileiro. Em maio, ele dará um passo importante nesse sentido com a abertura de uma subsidiária nos Estados Unidos, a primeira fora do País. “A operação na Argentina seria o segundo passo nesse sentido”, diz Utsch. A Alpargatas já exporta para 80 países, mas não tem uma estrutura no exterior de vendas e marketing. DOMÍNIO BRASILEIROA Camargo Corrêa já controla desde 2005 a Loma Negra, a histórica fábrica de cimento argentina. O grupo domina 51% do mercado do cimento local. A Alpargatas, símbolo do setor têxtil argentino desde 1883, é mais uma das “jóias da coroa” da indústria argentina que passa para mãos brasileiras. Desde a crise financeira, social e econômica de 2001-2002, empresas argentinas de grande porte passaram para o controle brasileiro. A ponta de lança do desembarque verde-amarelo foi a Petrobrás, que em 2002 comprou a empresa energética Pérez Companc (Pecom), com a qual transformou-se na segunda companhia em vendas de diesel na Argentina, a terceira em gasolina e petróleo e a quarta em gás. Depois, foi a vez da AmBev, que adquiriu a centenária cervejaria Quilmes. Junto com as vendas da Brahma, a AmBev é responsável na Argentina por mais de dois terços da cerveja consumida naquele país. Ela também domina 38% do mercado de refrigerantes.A Belgo-Mineira está presente na Argentina por meio da Acindar, comprada em 2000. A empresa domina o mercado de aço longo usado na construção civil. Até o setor de carne bovina - emblema da economia argentina durante séculos - tem uma considerável marca brasileira por meio da goiana Friboi, que tornou-se a maior exportadora de carnes processadas da Argentina ao comprar o frigorífico Swift, além de outras empresas menores do setor. Atualmente, a Friboi é responsável por 8% do mercado interno argentino e por 25% das exportações.Outra empresa na mira dos capitais brasileiros é a Aços Bragado, que está atraindo o Grupo Gerdau. Segundo fontes do mercado, o grupo brasileiro teria feito uma oferta de US$ 150 milhões pela companhia, especializada em laminados.No total, desde 2002, os investimentos brasileiros na Argentina totalizaram US$ 7 bilhões. A perspectiva dos analistas é que a tendência de investimentos de empresas brasileiras continue de vento em popa por vários anos. Um dos estímulos é o desempenho exuberante da economia da Argentina, que nos últimos quatro anos registrou uma média anual de crescimento do PIB de 9%. Outro fator é o câmbio, que favorece as empresas brasileiras dispostas a ir às compras na Argentina. ORIGEM IDÊNTICA1883: O escocês Robert Fraser funda a Alpargatas na Argentina1890: Fraser abre a Alpargatas no Uruguai1907: É a vez de o empresário escocês inaugurar a Alpargatas no Brasil1930: O controle acionário da Alpargatas no Brasil passa para as mãos dos mesmos donos da Alpargatas Argentina1948: Inicia-se um processo gradual de entrada de capital brasileiro na companhia1982: Grupo Camargo Corrêa assume o controle da Alpargatas. Hoje ele detém 37% das ações da companhia2006: São Paulo Alpargatas assume 22,2% da Tavex, após fusão da Santista Têxtil com a empresa espanhola. A empresa tem fábrica na Argentina 2007: São Paulo Alpargatas assina carta de intenções para adquirir 31,45% do capital da Alpargatas dos fundos Newbridge, Longbar Argentina LLC, OCM Oportunities Fund LLT e Columbia HCA Master Retirement Fund

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