Editorial | Coluna Dia a Dia
Portogente
“Obra feita é sonho realizado.”
(Inspirado em Julio Ribeiro, autor de “Fazer Acontecer”)
Durante décadas, o túnel entre Santos e Guarujá foi visto como miragem. Um projeto que frequentou campanhas eleitorais, discursos oficiais e até maquetes em shopping, mas nunca saiu do papel. Agora, finalmente, ele pode deixar de ser promessa e tornar-se passagem: submersa, concreta, histórica. Com previsão de início em 2026 e entrega até o fim da década, o túnel submerso que ligará os dois municípios é parte do Novo PAC e foi qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). O leilão para concessão da obra está marcado ainda para este ano. O investimento estimado é de R$ 6 bilhões, em uma construção pioneira na América Latina — a primeira do tipo na região.
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A tecnologia utilizada será a de módulos de concreto pré-moldado colocados no leito do canal do estuário do Porto de Santos. O túnel terá cerca de 1,5 km de extensão total, com 870 metros submersos, permitindo a travessia de veículos, ciclistas, pedestres e, futuramente, até mesmo um VLT. Além de solucionar os entraves da atual travessia por balsas — marcada por congestionamentos, filas e impacto direto na operação portuária — a opção por um túnel, em vez de uma ponte, respeita a logística aérea da Base Aérea de Santos, algo que travava alternativas anteriores.
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O presidente Lula tem um vínculo pessoal com esse projeto. Ainda criança, viveu no Guarujá e cruzava o canal vendendo salgados feitos por sua mãe, Dona Lindu. A travessia fazia parte de sua rotina. Batizar o túnel com o nome de Túnel Dona Lindu ou mesmo associá-lo à trajetória de superação do presidente seria mais do que um gesto simbólico — seria a celebração da memória e do progresso em um mesmo marco.
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Diferente da maquete esquecida de José Serra, ironizada por Lula em outras campanhas, agora o projeto ganha contornos reais. E mais: faz parte de um momento de virada para o Porto de Santos, onde as decisões sobre mobilidade, logística e convivência urbana estão novamente sob os holofotes.
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Enquanto a Europa constrói o Fehmarnbelt, o maior túnel imerso do planeta entre Alemanha e Dinamarca, com 18 km, o Brasil ensaia sua estreia com um modelo similar e adequado à nossa realidade. Uma travessia de escala modesta, mas de importância monumental para a integração da Baixada Santista — e um novo capítulo para a engenharia nacional. O túnel Santos–Guarujá já não é uma maquete ou uma ideia remota. Está à beira da concretização. Fazer acontecer, neste caso, é mais do que realizar uma obra: é entregar dignidade ao tempo de quem espera, trabalha e acredita no futuro da região.
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