Duas ações paralelas prometem ampliar as exportações dos fornecedores brasileiros do setor de petróleo e gás. Ontem, a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) celebrou convênio com a Associação de Promoção à Exportação (Apex) que visa elevar em 30% este ano o volume de vendas externas de bens e serviços registrado em 2005, quando foram embarcados US$ 93 milhões.
Com o objetivo de expandir o parque eólico do Brasil, a Centrais Elétricas do Norte do Brasil Eletronorte, controlada pela Eletrobrás, abriu no mês passado uma chamada pública para formar parcerias com empreendedores que já possuem ou que queiram construir projetos de energia eólica em território brasileiro. Investidores estrangeiros, especialme te os alemães, como a Wobben, e os espanhóis, como a Enerfin, já têm projetos no País e devem participar dos empreendimentos.
A Mosaic, empresa de fertilizante da americana Cargill, entrou ontem com uma petição na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em que contesta os relatórios da Fosfertil e da Bunge Fertilizantes feitos pelo banco Credit Suisse, responsável pelos laudos de avaliação financeira das empresas. “Estamos contestando as avaliações principalmente da Fosfertil, que foi subvalorizada no relatório apresentado”, afirma o presidente da Mosaic, Tobias Grasso.
Ao tornar pública a oferta pela aquisição da Companhia Açucareira Vale do Rosário, o Grupo Cosan alertou os concorrentes e pode perder o negócio. Um grupo de acionistas minoritário, contrário à venda para o Cosan, quer barrar o negócio e ficar com a Vale do Rosário. Os bancos holandeses Rabobank e ING, contratados para realizar a fusão entre a Santa Elisa e Vale do Rosário no final do ano passado, estão levantando capital junto a fundos de investimento estrangeiros para fechar a operação. Os fundos estariam dispostos a bancar a compra da parte dos majoritários interessados na venda ao Grupo Cosan, segundo um dos acionistas minoritários, Cícero Junqueira Franco.A negociação traria uma reviravolta no negócio e a viabilização da fusão entre a Santa Elisa e a Vale do Rosário. Pelo estatuto da Companhia Açucareira Vale do Rosário, a preferência para a compra da participação de qualquer acionista é dos próprios acionistas, seguida da companhia e, por fim, de uma terceira parte. A estratégia é financiar os minoritários na compra de 50,2% de acionistas que teriam o compromisso com o Grupo Cosan, mas que seriam obrigados a ceder a participação aos minoritários, pois esses exerceriam o direito de preferência. “Temos até 26 de fevereiro para exercer o direito. Não é complicado, basta cumprir o estatuto”, afirma Franco. “Em agosto, quando o Cosan fez o primeiro ataque, nós fizemos um acordo com um grupo de acionistas de 53% para abortar o projeto. Desta vez, 4% saíram do nosso grupo e autorizaram a venda. Mas eles só podiam sair depois de um ano e com aprovação de 75% do grupo.”Como o Grupo Cosan já ofertou em torno de US$ 750 milhões por 100% da companhia, o valor pago pela parte majoritária seria ao redor de US$ 375 milhões. Se a compra for efetivada, seria retomado o projeto de abertura de capital da nova companhia. Nasceria ainda a segunda maior empresa sucroalcooleira brasileira, com uma capacidade de processamento de 20 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano, atrás apenas do próprio Grupo Cosan, com 40 milhões de toneladas. A Companhia Santa Elisa tem três unidades (Santa Elisa, Vertente e Continental), todas no Estado de São Paulo, e já anunciou investimentos em parceria com o fundo norte-americano para a construção de três usinas em Minas Gerais (Ituiutaba, Campina Verde e Uberlândia) e uma em Itumbiara (GO).A Santa Elisa é sócia da Vale do Rosário na Usina MB, em Morro Agudo (SP), e na Crystalsev, uma das maiores tradings de açúcar e álcool do Brasil. As duas empresas também estão juntas na construção de uma unidade produtora de açúcar e de álcool na cidade de Edéia (GO), com investimentos de R$ 200 milhões, por meio da joint venture Tropical Bio Energia - que conta com a participação do grupo algodoeiro Maeda. Já a Vale do Rosário tem a usina homônima, em Morro Agudo, parte da Usina Jardest, em Jardinópolis, e o controle majoritário da Usina Frutal, na cidade mineira de Frutal, cujo processamento deve começar este ano com 700 mil a 800 mil toneladas moídas para uma capacidade máxima de 2,5 milhões de toneladas de cana.NÚMEROSUS$ 750 milhõesfoi o valor aproximado da oferta da Cosan por 100% das ações da Vale do Rosário 20 milhõesde toneladas ao ano será a capacidade de processamento de cana-de-açúcar da Vale do Rosário e da Santa Elisa juntas40 milhões de toneladas ao ano é a capacidade de processamento da Cosan,atual líder do setor de açúcar e álcool no Brasil
Um estudo inédito do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), obtido pelo Estado, sobre as realidades e desafios do Sistema Aeroportuário de São Paulo mostra que, caso não sejam adotadas medidas para ampliar a capacidade operacional, o sistema Guarulhos/Congonhas entrará em colapso. “Existe uma demanda por transporte aéreo em São Paulo que a infra-estrutura instalada não suporta sem a redução do nível de serviço oferecido aos usuários”, diz o estudo, assinado pelos professores do ITA Cláudio Jorge Pinto Alves e German Alberto Barragán de los Rios. Tomando por base um levantamento de projeções de crescimento de demanda até 2015, o estudo do ITA mostra que seria preciso ampliar de 220% a 350% a capacidade do terminal de passageiros em Congonhas, considerando cenários otimista e pessimista. A capacidade das pistas precisaria aumentar em 50% a 130% e o pátio de aeronaves em 410% a 620% - o que é impossível diante das limitações físicas do aeroporto. Em Guarulhos, seria preciso ampliar de 40% a 100% a capacidade do terminal e do pátio, enquanto as pistas precisariam de um reforço de 20%. Isso para trabalhar no limite, com 100% de ocupação ao longo do dia, todos os dias do ano. Logo, em horários de pico, a capacidade já estaria aquém da demanda. “Parte da demanda terá de ser transferida para outro aeroporto ou, simplesmente, terá de optar por outro meio de transporte”, diz o estudo do ITA. Considerando que o setor aéreo tem exibido ganhos de eficiência e, nos últimos três anos, cresceu a taxas recordes - 3 a 4 vezes superior à expansão do Produto Interno Bruto (PIB) - cenários mais otimistas não podem ser descartados. Para este ano, a previsão é de um crescimento acima de 10%, ante 12,3% em 2006 e 19,4% em 2005.Os problemas nos aeroportos do Estado não afetam apenas paulistas. Como 34% do movimento de passageiros utiliza Congonhas ou Guarulhos como ponto de partida ou chegada, atrasos ou cancelamentos nos dois aeroportos afetam a malha aérea de todo o País.Apesar de os problemas vividos pelos passageiros de avião nos últimos meses terem tornado pública a fragilidade do sistema aeroportuário do País, os investimentos anunciados para os próximos anos estão aquém das previsões de demanda.O Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) prevê R$ 3 bilhões para 20 aeroportos até 2010, enquanto a necessidade do setor seria de R$ 7 bilhões, segundo a própria Infraero. O Estado de São Paulo deve receber pouco mais de R$ 1 bilhão. Entretanto, o PAC não contempla as principais obras apontadas por especialistas para dar conta da demanda nos próximos cinco a dez anos. São elas: a terceira pista para pousos e decolagens de Guarulhos e a ampliação de Viracopos, Campinas. Esta última só se justificaria com a construção de um trem-bala ligando o aeroporto à capital, projeto ainda em discussão. Há quem defenda a construção, para daqui a dez anos, de um terceiro aeroporto, mais próximo a capital.O PAC contempla apenas a construção de um terceiro terminal de passageiros em Guarulhos, além de reformas e obras de modernização do sistema de pistas e pátios existentes em Guarulhos e Congonhas. Segundo o superintendente da regional Sudeste da Infraero, Edgar Brandão Junior, com essas obras e reformas, a infra-estrutura existente no Estado “estará bem servida” até 2010.Para aumentar a capacidade do sistema, o estudo do ITA sugere melhorias operacionais e de infra-estrutura de curto e médio prazos. “A questão da construção ou não de um terceiro aeroporto deve começar a ser estudada já, para que, eventualmente, venha a ser construído dentro de dez anos”, diz Pinto Alves. No entanto, argumenta, “se a construção se mostrar inviável, será preciso estimular a transferência de tráfego para aeroportos menores ou regionais”.A adoção de políticas que interfiram na demanda - como transferência de tráfego de um aeroporto para outro e a cobrança de tarifas diferenciadas pelo uso de cada aeroporto - são consideradas pelos estudiosos do ITA como cruciais para redistribuir o tráfego. “A solução não depende apenas de vultosos recursos, mas de uma grande dose de engenhosidade”, diz o estudo. A transferência de tráfego depende de portaria e vem sendo adotada com sucesso pela Infraero e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro, com a transferência de vôos fora da Ponte Aérea do Santos Dumont para o Aeroporto Internacional Tom Jobim.A cobrança de tarifas aeroportuárias mais baratas das empresas aéreas para estimular a demanda em aeroportos subutilizados está totalmente descartada pela atual administração da Infraero. “Hoje não se discute política de diferenciação tarifária”, declarou a estatal, por meio de sua assessoria.