A indústria petroquímica nacional está preocupada com os projetos de novas unidades de produção que devem entrar em operação na Ásia até 2010 e que utilizarão uma matéria-prima barata naquela região: o gás natural. O impacto será sentido no mercado de eteno e de seus derivados, os polietilenos, utilizados na fabricação de diversos produtos plásticos.
No Pólo de Triunfo, a Companhia Petroquímica do Sul (Copesul) produz eteno e Ipiranga Petroquímica (IPQ), Braskem e Petroquímica Triunfo atuam no segmento de polietilenos. A capacidade de produção de eteno da Copesul é de 1,2 milhão de toneladas, quase equivalente à capacidade de produção de polietilenos da segunda geração gaúcha (que processam os petroquímicos básicos para fabricar os produtos intermediários).
A oferta de eteno no mundo hoje é de cerca de 120 milhões de toneladas ao ano (a do Brasil é de cerca de 3,5 milhões de toneladas). A perspectiva é de que, até 2012, mais 40 milhões de toneladas do insumo sejam agregadas à produção mundial. A Ásia será a principal responsável por esse acréscimo. Para o diretor da MaxiQuim Consultoria de Mercado, Otávio Gattermann de Carvalho, a sobreoferta de eteno e polietilenos deve ocorrer a partir da metade de 2008. Ele ressalta que diversos projetos estão sendo implementados na Ásia por gigantes do setor petroquímico mundial como Dow, Exxon, Sabic, entre outras empresas. Os valores da produção na Ásia são menores do que a metade dos custos verificados em outros continentes.
A maior concorrência entre os produtos petroquímicos asiáticos e brasileiros deverá acontecer no mercado internacional. Em 2006, o Brasil exportou 866 mil toneladas de eteno equivalente. A maior parte desse eteno foi comercializada através dos seus derivados, os polietilenos. Atualmente, com a entrada em operação da Rio Polímeros (Riopol), já há uma sobreoferta de polietilenos no mercado interno que precisa ser direcionada para outros países.
Carvalho não acredita que o mercado interno possa ser afetado pela produção asiática. O consumo de resinas termoplásticas na América Latina representa apenas 4% do mercado mundial. "O foco dessas plantas deve ser em economias maiores como as dos Estados Unidos, Europa e Ásia", argumenta o diretor da MaxiQuim.
O vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem, Alexandrino de Alencar, acrescenta que um fato que também precisa ser observado é a construção de plantas petroquímicas na China. "Se a produção chinesa aumentar, a importação daquele país diminuirá e os destinos das exportações serão outros países", alerta o executivo.
Fonte: Jornal do Comércio - 05 FEV 07