Jornalista e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Servidor público de Cubatão, atua na assessoria de imprensa da prefeitura do município.
Após dois ensaios sobre o livro “O mal de Montano”, do espanhol Enrique Vila-Matas (Portos literários no Porto Literário e Inflamado de literatura), no qual o tema é a literatura como doença (o mal de Montano) que faz a experiência pessoal de cada personagem acessível apenas pela intermediação da literatura, não poderia deixar de retomar um dos casos clínicos mais conhecidos do mal de Montano, o do escritor argentino Jorge Luis Borges [foto], que, dizem, vivia apenas para a literatura.
Saí do texto da semana passada infectado pelo mal de Montano, nome do livro e da enfermidade descrita neste romance de Enrique Vila-Matas [foto] no qual personagens acabam tendo a vida agitada/perturbada por relacionar tudo que lhes ocorre a textos e episódios da literatura.
Imagem: José Carlos SilvaresTratando do filme “Santos – cidade passagem”, abordei como a autora, Gabriela Canale, usa a memória pessoal e o reportório de histórias familiares para compor um vídeo-ensaio de pouco mais de 4 minutos sobre Santos, porto de chegada de milhares de imigrantes italianos ao Brasil. Ao ir atrás do próprio sobrenome, a autora condensa uma miríade de trajetórias.
IIO acerto narrativo de Carmen Laforet está aí, em fazer da solidão da personagem e da solidão das ruas uma mesma narrativa. Ao passar pelo porto, ao contrário do que ocorre com Emma Zunz, Andrea não busca uma história, ela quer é se livrar das histórias familiares que a oprimem. O espaço portuário, da escala da vastidão, torna-se assim uma promessa de vazio, o nada do título:
Quanto mais venho conhecendo a poesia e a prosa poética do chileno Roberto Bolaño (1953-2003), mais encontro semelhanças entre estes primeiros escritos do autor de Os detetives selvagens e a poética de Marcelo Ariel, autor que vive em Cubatão, principalmente o livro Tratado dos anjos afogados (2008).