Jornalista e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Servidor público de Cubatão, atua na assessoria de imprensa da prefeitura do município.
Volto hoje à literatura produzida entre Santos, São Vicente e Cubatão. Agora em fevereiro, no dia 25, tivemos no Sesc Santos o lançamento de quatro títulos: “Olho por olho”, de Regina Alonso, “Hi-Kretos”, de Paulo de Toledo, “A morte de Herberto Helder e outros poemas”, de Marcelo Ariel, e “O amor é lindo”, de Ademir Demarchi.
Quando o escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003) começa a ser discutido pelos cadernos culturais brasileiros, a regra foi de identificá-lo como um autor que se manifestava contra o realismo maravilhoso de Gabriel García Marquez, Julio Cortázar (que são bem diferentes entre si). É a necessidade de criar polêmica. Hoje, apresento um pequeno indício de como Bolaño, em sua originalidade como autor, mais do que rechaçar a geração anterior, avança em seus universo.
Outro procedimento de um grande autor latino-americano adotado por Bolaño, já bastante anotado pela crítica, é o gosto de Jorge Luis Borges pela enumeração de coisas. Exemplos são a listagem de obras do autor fictício Pierre Menard (procedimento também adotado por Bolaño em La literatura nazi en América) e, talvez sua lista mais comentada, a de coisas que podem ser vistas dentro do Aleph, ponto pelo qual são vistos todos os demais pontos do universo. A ela:
Em um dos artigos da série Americanidades afirmei como o escritor uruguaio Mario Benedetti [foto] (1920-2009) e o chileno Roberto Bolaño (1953-2003) representam momentos distintos em relação às ditaduras do Cone Sul (Uruguai, Brasil, Chile e Argentina). O primeiro escreveu uma obra que ficcionalizou a experiência do enfrentamento; o segundo, ainda que tenha vivido e enfrentado o golpe no Chile em 1973, é responsável por uma ficção dos herdeiros da, digamos assim, derrota democrática. Hoje veremos como isso ocorre em um exemplo.
Escrevi há algumas semanas sobre como o escritor chileno Roberto Bolaño, um menino de 9 anos quando o Brasil conquistou o Mundial em seu país em 1962, se identificava com o camisa 11 Pepe, da seleção e do Santos Futebol clube (Americanidades I). Hoje, vou de Bolaño a Santos de novo, mas desta vez com uma escala no porto de Buenos Aires.