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Os planos da cidade: as políticas de intervenção urbana em Santos – de Estevan Fuertes a Saturnino de Brito (1892-1910), de Sidney Piochi Bernardini (São Carlos: Editora RiMa e Fapesp, 2006). Apresentando mapas, projetos e documentos, o autor conta a história do saneamento de Santos desde antes de Saturnino de Brito construir os canais. Há o caso do projeto da construção de uma estação de quarentena para o Porto de Santos em Ilhabela, onde as embarcações passariam por banhos de “vapores, soluções de mercúrio, biclorureto de mercúrio, hipocloruretos e fumigação com enxofre” antes de atingir o porto das epidemias do século XIX.
A “Moscouzinha” brasileira: cenários e personagens do cotidiano operário de Santos (1930-1954), de Rodrigo Rodrigues Tavares (São Paulo: Associação Editorial Humanitas e Fapesp, 2007). Do mesmo autor a biblioteca também não tem O porto vermelho: a maré revolucionária (1930-1951). Módulo VI – Comunistas. Coleção Inventário DEOPS (São Paulo: Arquivo do Estado e Imprensa Oficial, 2001).
Outro exemplo de como a pesquisa da última década avança a partir do que foi feito na década anterior, quando estava sendo contada a história da urbanização da cidade entre os séculos XIX e XX, a formação do porto e os primeiros movimentos operários.
Em “Moscouzinha”, fruto de seu mestrado, Tavares acompanha o trajeto dos bondes pelos bairros operários divididos entre espanhóis, portugueses, japoneses, atuando como um espaço de socialização durante o caminho de todos ao trabalho. A farta documentação da obra reflete o trabalho do primeiro livro, O porto vermelho..., que traz a transcrição de dezenas de fichas de trabalhadores, sindicalistas e estrangeiros feitas por agentes do DEOPS, além de ensaios do autor. Há fichas até da Sociedade Amigos do Dr. Martins fontes de Santos e rondas nos cafés Paulista e Paris.
Canção d’Além-Mar: o fado e a cidade de Santos (Santos: Realejo, 2008), organizado por Heloísa Valente, do Núcleo de Estudos em Música e Mídia-USP, que reuniu uma série de artigos de vários autores sobre a história cultural de Santos, entre eles o escritor Flávio Viegas Amoreira, o próprio Rodrigo Tavares, além de Diósnio Machado Neto, musicólogo, e, entre outros mais, uma incrível entrevista conduzida pela organizadora com Manoel Joaquim Ramos e Lídia Miguez, que há décadas mantêm um programa de rádio dedicado ao fado nas estações de rádio de Santos.
As Crônicas do Brasil, de Rudyard Kipling. Edição bilíngue com tradução de Luciana Salgado. (São Paulo: Editora Landmark, 2006). O autor de Mogli escreve sobre o porto de Santos e a Usina Henry Borden em Cubatão, além do Butantã, de uma fazenda de café no interior de São Paulo e o carnaval no Rio. Escrevi sobre suas crônicas nos artigos Três portos brasileiros nas crônicas de Rudyard Kipling, A geografia literária do Império Britânico e Autor de Mowgli, o Menino-Lobo descreveu o funcionamento da Usina Henry Borden um ano depois de sua inauguração.
O corsário de Ilhabela. O manuscrito do corsário Thomas Cavendish que em 1591 se refugiou em Ilhabela e saqueou a vila de Santos. Com organização, introdução e notas de Paulo Edson. Tradução de Paulo Edson e John Milton (Itu: Ottoni, 2008). Com um estudo do tradutor, o livro traz o diário de bordo do pirata que invadiu Santos em uma noite de Natal.
As incríveis aventuras e estranhos infortúnios de Anthony Knivet. Memórias de um aventureiro inglês que em 1591 saiu de seu país com o pirata Thomas Cavendish e foi abandonado no Brasil, entre índios canibais e colonos selvagens. Organização, introdução e notas de Sheila Moura Hue para o relato de Knivet, um dos marujos de Cavendish. Ele narra a invasão a partir do ponto de vista da tripulação. Com tradução de Vivien Kogut Lessa de Sá e mapas de Teodoro Sampaio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.
Esses comentários são em homenagem ao historiador Waldir Rueda, morto na última semana. O livro dele, Braz Cubas, homenagem a uma vida, está na biblioteca, graças ao próprio autor, que levou a obra para lá, como me disse no dia mesmo do encontro temático. Durante o encontro, o jornalista e escritor Sergio Williams também se manifestou sobre como distribuiu exemplares de seus livros.
É desestimulante que a Administração Municipal não acompanhe a pesquisa histórica sobre a própria cidade que governa. Nem precisa vasculhar muito. Há títulos da Imprensa Oficial, de editora de Santos, da editora da Unicamp; são obras frutos de dissertações e pesquisas da USP, Fapesp e CNPq. Dava para acompanhar.
A lista enviada à pré-conferência também incluía a biografia de Plínio Marcos, Bendito Maldito, que me informaram que já estava encaminhado, e também alguma ficção que tem a cidade como cenário, como os poemas do livro Cais, de Alberto Martins, ou sua novela A História dos Ossos.
Grandes livros.