Sexta, 27 Dezembro 2024

Alessandro Atanes

Jornalista e mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Servidor público de Cubatão, atua na assessoria de imprensa da prefeitura do município.

O bicho tá pegando na área cultural de Santos por causa de problemas no Fundo Municipal de Cultura, mas vou continuar escrevendo sobre literatura. Até porque sou parte interessada: do valor total disponível em edital, só um pouco mais da metade realmente será distribuído entre 17 projetos (a expectativa era em torno de 30). O autor aqui da coluna acabou como primeiro suplente em um universo de redução de recursos, uma Antígona (que pretensão) vitimada pelo Creonte-Estado de fundo pela metade. Tragédia ou comédia?

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Apesar de ter morrido em 2003, aos 50 anos, acredito que Bolaño seja o autor latino-americano que mais tenha encarnado a ubiquidade, não só pela própria mobilidade do autor (Chile, México, Espanha), de suas palavras (“Colômbia, que também é Venezuela e México e Chile”) e dos vários registros que compõem sua escritura, das citações mais eruditas à linguagem das ruas da capital do México e dos subempregos em cidades da Europa (por exemplo: o desafio de expressões entre o poeta erudito García Madero, a prostituta Lupe e os protagonistas de Os detetives selvagens).

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O poeta Marcelo Ariel compartilhou no Facebook na semana passada uma resposta do escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003) durante entrevista sobre a qual a postagem nada informa. Ali, na entrevista desconhecida, ele teria dito que uma coisa que o aborrecia era “o discurso vazio da esquerda”, pois “o discurso vazio da direita já é de se esperar”.

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Vi um quadro de Turner pela primeira vez no Masp, em São Paulo, durante a exposição "Romantismo: a arte do entusiasmo" (“Chuva, neblina, cais e navios”, Porto Literário, 06/04/2010). O quadro era “O Castelo”, do acervo do museu, o que permite a milhões de brasileiros sentir o impacto da pintura desse autor em nossas vistas.

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Escrevia na semana passada sobre um capítulo do romance Primavera con una esquina rota (1982), do uruguaio Mario Benedetti, no qual apontei como os conteúdos históricos das recentes ditaduras latinoamericanas do Cone Sul (Brasil, Chile, Argentina e Uruguai) se infiltra na vida cotidiana das pessoas por meio da disposição da linguagem literária dentro do diálogo entre mãe e filha que marca o tal capítulo.

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