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Os bancos Itaú e Unibanco assinaram um contrato para a união das duas instituições, criando o maior grupo financeiro do hemisfério sul. Segundo o Itaú, a união é fruto de negociação sigilosa de 15 meses. De acordo com cálculos da consultoria Economática, o banco formado pela combinação dos ativos dessas duas instituições será a quarta empresa em valor de mercado da América Latina, atrás apenas da Petrobras, da Vale e da mexicana América Móvil. Em 31 de outubro, o valor de mercado de Itaú e Unibanco juntos seria de US$ 41,323 bilhões.
Segundo a consultoria, a empresa resultante da fusão tem ativos superiores aos do Banco do Brasil. O banco fica na nona posição do ranking dos maiores bancos de capital aberto por ativos dos Estados Unidos e América Latina, com US$ 324,041 bilhões. O Banco do Brasil fica em 10º lugar, com US$ 261,639 bilhões em ativos. Já o Bradesco figura em 12º, com US$ 220,815 bilhões, e Santander em 15º no ranking de ativos entre os maiores bancos de capital aberto dos EUA e América Latina, com US$ 171,410 bilhões.
De acordo com comunicado será criada uma nova controladora (holding) não-financeira e o controle do novo banco será compartilhado entre Itaúsa (holding do Itaú) e Unibanco. Até o fim de setembro, Itaú Unibanco holding tinha lucro líquido de R$ 8,1 bilhões e patrimônio líquido de R$ 51,7 bilhões.
Os presidentes do Itaú, Roberto Setubal, e do Unibanco, Pedro Moreira Salles, detalharam para a imprensa o plano de integração entre as duas instituições. A nova holding, denominada Itaú Unibanco Holding S.A (a atual é Itaú Holding Financeira), contará com 4,8 mil agências e 14,5 milhões de clientes, o equivalente a 18% do mercado e 19% do volume de crédito do sistema financeiro brasileiro.
O total de depósitos, fundos e carteiras administradas chegará a 21% do mercado. A participação no mercado de seguros será de 17% e no de previdência privada, de 24%. Essa nova holding terá operações de corporate que somam R$ 65 bilhões, atendendo a dois mil grupos econômicos, ativos sob gestão de R$ 90 bilhões na área de private bank e R$ 575 bilhões em ativos, o que representará a maior instituição financeira do hemisfério sul.
As duas instituições afirmam que é importante o movimento de fortalecimento de grandes empresas com o objetivo de aumentar a capacidade competitiva, "a exemplo do que ocorre em outros setores da economia". "A instituição terá a agilidade necessária para aumentar a presença do Brasil no cenário internacional."
O Conselho de Administração do Itaú Unibanco Holding será composto por 14 membros, sendo seis deles indicados pelos controladores da Itaúsa e pela família Moreira Salles. Os demais oito membros do conselho serão independentes. De acordo com as instituições financeiras, o presidente do Conselho de Administração do novo grupo será Pedro Moreira Salles e o presidente-executivo será Roberto Setubal.
"Para propiciar uma transição eficiente e eficaz será criado um comitê de transição no Itaú Unibanco Holding que definirá a forma e o ritmo de integração entre as operações do Itaú e do Unibanco", informaram as duas instituições, acrescentando que as operações e negócios realizados com clientes, credores e fornecedores não sofrerão nenhuma alteração. "O Itaú e o Unibanco continuarão operando no Brasil e no exterior, nos moldes atuais."
A associação contemplará uma reorganização societária, com migração dos atuais acionistas do Unibanco Holdings e Unibanco, mediante incorporações de ações, para uma companhia aberta, a ser denominada Itaú Unibanco Holding, atual Banco Itaú Holding Financeira.
O controle dessa holding, por sua vez, será compartilhado entre a Itaúsa e os controladores da Unibanco Holdings, por meio de holding não-financeira a ser criada no âmbito da reorganização. A conclusão das mudanças societária depende da aprovação do Banco Central e das demais autoridades competentes.
Além disso, o Itaú e o Unibanco informaram que as assembléias para deliberar sobre a união dos bancos serão realizadas "entre a última semana de novembro e a primeira de dezembro". Em fato relevante, as instituições financeiras informaram que o tema será levado ao conhecimento dos acionistas.
Os maiores (Em bilhões de R$)
Como era
1º Banco do Brasil 403,7
2º Itaú 339,6
3º Bradesco 348,4
4º ABN Amro + Santander 291,5
5º Cef 264,4
6º Unibanco 169,7
7º HSBC 97,5
8º Votorantim 73,6
9º Safra 61,7
10º Nossa Caixa 50,0
Como ficou
1º Itaú Unibanco S.A. 509,3
2º Banco do Brasil 403,7
3º Bradesco 348,4
4º ABN + Santander 291,5
5º CEF 264,4
6º HSBC 97,5
7º Votorantim 73,6
8º Safra 61,7
9º Nossa Caixa 50,0
10º Citibank 39,4
Os maiores por ativos dos EUA e da AL (Em US$ trilhões)
Instituição País Total
1. Citigroup EUA 2,1
2. JP Morgan EUA 1,7
Chase
3. BankAmerica EUA 1,7
4. Goldman Sachs EUA 1,1
5. Merrill Lynch EUA 0,966
6. Wachovia EUA 0,764
7. Wells Fargo EUA 0,622
8. Bear Sterans Cos EUA 0,398
9. Itaubanco + Brasil 0,324
Unibanco
10. Brasil Brasil 0,261
Instituição País Total
11. US Bancorp EUA 0,246
12. Bradesco Brasil 0,220
13. Bank of EUA 0,201
NY Mellon
14. Sun Trust Banks EUA 0,177
15. Santander Br Brasil 0,171
16. National City EUA 0,153
Corp
17. State Street Corp EUA 0,146
18. Regions Finl EUA 0,144
19. PNC Bank EUA 0,142
20. BB&T EUA 0,136
Negócio envolve troca de ações entre os novos sócios
A relação de troca na união de Itaú e Unibanco será de 1,7391 unit do Unibanco para cada ação do Itaú. As relações de troca para as demais ações são as seguintes, sempre na comparação com uma ação do Itaú: 1,1797 ON (UBBR3); 1,1797 ON Unibanco Holdings (UBHD3); 3,4782 Unibanco PN (UBBR4); 3,4782 Unibanco Holdings (UBHD6) e 0,17391 GDR do Unibanco.
Antes da realização das operações societárias previstas, a Itaúsa transferirá para o Banco Itaú Holding Financeira a participação societária por ela detida no Banco Itaú Europa, pelo valor aproximado de R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 550 milhões através da emissão de ações ordinárias (ON) do Banco Itaú Holding Financeira (21 milhões de ações) e o restante em dinheiro. Essa transferência não alterará as relações de troca, diz o fato relevante. A quantidade de ações detidas, direta e indiretamente, pela Itaúsa, concluída essa operação, será incrementada em 8,3%.
Bancos conversam sobre o tema há 10 anos, conta Salles
O presidente do Unibanco, Pedro Moreira Salles (que comandará agora o Conselho de Administração da holding IU Participações), disse que as duas instituições já haviam conversado - sem sucesso - sobre uma associação há dez anos. O processo que acabou desembocando na fusão anunciada ontem foi iniciado há cerca de 15 meses na casa dele. Naquela época, o espanhol Santander começava a negociar a compra do holandês ABN Amro em conjunto com outros dois bancos, o britânico RBS e o belga-holandês Fortis. No Brasil, o ABN era dono do Banco Real. "Tivemos a percepção de que se formava um novo tipo de concorrência", comentou. "Teríamos um concorrente de escala global. Até então, os estrangeiros eram pequenos por aqui." A transação entre o ABN e o consórcio de fato evoluiu e hoje o Santander controla o Real - juntos, os dois bancos formam a quarta maior instituição financeira do Brasil.
Moreira Salles e o presidente do Itaú, Roberto Setubal (que será o presidente-executivo da instituição resultante da fusão), destacaram que o objetivo principal da associação é a internacionalização. Não neste momento, por causa do tempo que levará o próprio processo de integração dos dois bancos. Apesar da ressalva, os dois banqueiros disseram que o caminho natural para uma eventual expansão externa passa pelos mercados emergentes. "Não sei se teríamos vantagens em entrar em mercados já maduros (como os Estados Unidos)", observou Setubal. Segundo ele, o caminho natural seria a América Latina.
Ele citou como países em potencial o México, o Peru e a Colômbia, "que têm tido estabilidade econômica". Setubal e Moreira Salles negaram que a crise financeira internacional tenha sido determinante para a operação. Eles admitiram, porém, que a tensão provocada pelas dúvidas sobre a exposição dos dois bancos aos "derivativos tóxicos" foi determinante para a antecipação dos balanços dos dois grupos. Ambos divulgaram os resultados do terceiro trimestre antes da data programada.
Lula foi informado sobre negócio em San Salvador
O governo brasileiro foi informado na quinta-feira das negociações que resultaram na fusão entre o Unibanco e o Banco Itaú. Os banqueiros Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal, controladores das duas instituições, procuraram o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para falar da decisão, que seria, como foi, comunicada oficialmente ao mercado na segunda-feira. Por telefone, Meirelles passou a informação para Lula, que chegara às 3h (7 horas, em Brasília) em San Salvador, para a Cúpula dos Países Ibero-americanos.
No domingo à noite, Moreira Salles e Setubal procuraram pessoalmente o presidente Lula na Base Aérea de São Paulo, onde o presidente embarcaria momentos depois para Brasília. Eles entregaram uma carta com as razões da fusão. Nela, contaram que as negociações começaram havia pelo menos 15 meses. Embora não façam nenhuma citação no documento, acabaram por revelar ao presidente que o início das negociações foi motivado pela compra de bancos médios no Brasil por grandes conglomerados financeiros, uma tendência mundial.
Na carta entregue ao presidente Lula, os dois banqueiros informaram o nome da nova empresa - IU Holding -, que será uma das 20 maiores instituições financeiras do mundo. Disseram ainda que resolveram fazer a comunicação agora, apesar da crise financeira global, para dar a demonstração de que confiam nas medidas tomadas pelo governo - não citaram, mas entre elas está a Medida Provisória 443, que permite a estatização de bancos -, uma forma capaz de criar uma defesa contra a turbulência motivada pela crash do subprime e da escassez de crédito no mundo.
Para os dois banqueiros, a economia brasileira é forte, o sistema bancário nacional não está contaminado pelos créditos podres do sistema financeiro internacional e a criação de um gigante bancário demonstra essa força. Também falaram que tinham pedido a audiência, mesmo que na Base Aérea e num domingo, por uma deferência pessoal ao presidente, a quem gostariam de comunicar a notícia que dariam no dia seguinte. Na avaliação do Palácio do Planalto, a fusão fortaleceu o sistema financeiro e bancário nacional e foi benéfica para a economia, por tirar um pouco da desconfiança de que as coisas não vão bem.
De acordo com um ministro próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a fusão não foi motivada pela crise financeira mundial, porque as negociações vinham ocorrendo havia mais de um ano. Mas pode ter sido antecipada por causa da crise. A avaliação do governo é que a união decorreu de uma decisão estratégica dos dois grupos, com o objetivo de ganhar escala em suas operações.
Embora o governo considere que a fusão das duas instituições "é positiva", um ministro disse que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) terá que analisar a operação e fazer os reparos que considerar necessários. Com a maior concentração bancária estimulada pela própria crise financeira, a preocupação dos governistas passou a ser a criação de mecanismos que evitem ações monopolistas. "Esse novo quadro exige mais supervisão no mercado financeiro, mais regras e mecanismos prudenciais", disse o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Na sexta-feira à tarde, em Havana, Lula disse aos jornalistas que tem conversado a toda hora, "dia e noite", com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "Falei com eles ontem (quinta-feira passada, quando foi informado da futura fusão entre os dois conglomerados brasileiros), falei hoje e, quando subir no avião, de volta para o Brasil, vou ligar novamente para o Henrique Meirelles", informou Lula. Como os banqueiros, o presidente guardou segredo da movimentação dos dois gigantes.
Interlocutores próximos dos banqueiros destacam que as conversas para uma possível associação já duravam mais de dez anos, sem que qualquer parte tivesse dado o pontapé inicial para juntar as operações das instituições.
Fusão de bancos no Brasil é
diferente do que ocorre no exterior
A união entre o Itaú e o Unibanco é diferente das operações de resgate de bancos que se espalharam pela Europa e pelos Estados Unidos nos últimos meses, na avaliação de especialistas da City londrina. Os analistas acreditam que a crise financeira internacional pode ter sido o catalisador do negócio, ao criar as oportunidades para a transação. No entanto, eles não colocam as instituições nacionais na mesma situação de risco das estrangeiras. "Existe uma questão estratégica por trás", afirmou Alejandro Chacoff, da Control Risks. "É hora de aproveitar o momento para a expansão, inclusive internacional."
Para Luis Costa, estrategista de dívida emergente do Commerzbank, a ocasião é interessante porque os preços dos bancos brasileiros, que de maneira geral sempre estiveram mais elevados na comparação com outros emergentes, estão passando por um período de depressão. "A crise pode estar acelerando o processo de consolidação, já que o Itaú sempre teve aspirações agressivas", disse. "Mas não acho que nenhum dos bancos estava passando por dificuldades."
O Itaú e o Unibanco anteciparam a divulgação dos balanços do terceiro trimestre para dissipar dúvidas dos investidores. Ambos detalharam as operações de derivativos de câmbio que fecharam com as empresas, alvo de tensão diante da desvalorização cambial.
Na avaliação de Chacoff, os números estavam em ordem. "É preciso desmistificar a idéia de que as instituições brasileiras estão com problemas semelhantes aos bancos dos EUA e da Europa, não é isso que está acontecendo, porque no Brasil os bancos são muito mais conservadores." Foi essa a avaliação que o analista transmitiu ontem aos seus clientes pela Europa. "A crise criou oportunidades, mas este não é um plano de socorro."
Os analistas acreditam que a união fortalece e protege o sistema financeiro nacional. Para a Economist Intelligence Unit (EIU), a criação de um banco sólido desse porte - o maior do Hemisfério Sul - reduz os riscos associados à crise, por isso a reação do mercado está sendo positiva.
A expansão do novo banco para outros países da América Latina, onde atualmente o Santander possui atuação, é vista como uma possibilidade. "No médio e longo prazo isso deve acontecer", avalia Chacoff. No mercado, também já se comenta que a transação entre o Itaú e o Unibanco deve estimular outros negócios na concorrência. "Agora a questão é saber quem o Bradesco vai querer comprar", disse um analista da City.
Nossa Caixa será disputada na busca pela liderança
O Banco do Brasil (BB) deve acelerar a compra da Nossa Caixa, do Banco de Brasília (BRB) e do Banco do Estado do Piauí (BEP) com a fusão de Itaú e Unibanco. Além disso, outras oportunidades de negócios estão sendo analisadas pelo banco estatal. No entanto, uma ação mais agressiva do Bradesco para barrar a negociação pela instituição estatal paulista também é aguardada pelo mercado.
A avaliação é que ganha força com a fusão dos dois grandes bancos de varejo a necessidade de aprovação da Medida Provisória (MP) 443, que permite ao BB e a Caixa Econômica Federal comprarem outros bancos. É estratégico para o governo ter um banco na liderança e que seja balizador do mercado. Por isso precisa ter condições de igualdade de competição nesse cenário de movimentação de fusões e aquisições no sistema financeiro. Uma exigência de licitação, como defendem alguns parlamentares, colocaria o BB fora do jogo. "O BB não quer ficar fora desse mercado. Nesse tipo de negócio não dá para fazer licitação. O que se precisa é um processo transparente de aquisição", defende outra fonte.
Para o economista Gilberto Braga, dois movimentos podem ser esperados no setor financeiro a partir da junção Itaú/Unibanco: a reação do Bradesco numa investida mais agressiva para impedir a compra da Nossa Caixa pelo BB, e a tendência definitiva de internacionalização de bancos nacionais, aproveitando a janela aberta pela saída de bancos de investimentos estrangeiros.
Para ele, a primeira reação do Bradesco será bombardear a operação da Nossa Caixa com o Banco do Brasil. "O Bradesco já vinha reclamando e agora terá muito mais razão, porque provavelmente estará mais disposto a abrir os cofres para levar a Nossa Caixa e encurtar a distância com o Itaú, com quem vem competindo cabeça a cabeça. Agora o governo vai ter muita dificuldade em justificar a venda da Nossa Caixa para o BB sem licitação pública. O Bradesco, se já era comprador, agora tem muito mais apetite. Será interessante assistir a este desfecho", analisa
O foco do Bradesco deve ficar, na opinião do economista, concentrado nesta direção e na montagem de novas aquisições, mas sem o porte da tacada do Itaú. Uma das especulações atuais gira em torno do banco Votorantim. "Existe uma conversa no mercado de crédito de que o Bradesco já estaria dentro do Votorantim, dando suporte operacional. Seriam favas contadas. Mas, apesar de grande no mercado de crédito, o Votorantim não tem a capilaridade do Unibanco", diz.
Braga lembra que, há algum tempo, as especulações de mercado giravam em torno de negociações do Citibank com o Unibanco. "Desde que o mercado começou a se consolidar, com a chegada dos bancos estrangeiros, o Bradesco e o Itaú desenvolveram mecanismos de crescimento e o Unibanco não fez nenhum movimento. Entre os estrangeiros, o único que teria ficha para fazer uma aposta no Unibanco seria o Citi. Só que o Citi começou a perder dinheiro desde o início da crise e no meio do ano anunciou perdas consistentes. Então, as conversas, se havia, cessaram. Isso abriu espaço para as conversas com o Itaú", opina o professor.
A oportunidade aberta pela saída, do cenário financeiro internacional, de instituições como Lehman Brother e JP Morgan, que deixou desassistida uma clientela formada basicamente por empresas, abre espaço para a ampliação do novo conglomerado brasileiro. "Isso robustece a possibilidade de internacionalização do novo grupo.
A fusão do Itaú com o Unibanco os credencia para isso até porque o Itaú já tem presença em alguns países da América Latina. Provavelmente deve reforçar a atuação nesses países e se expandir para outros com potencial semelhante", comenta.
Governo aprova a operação bancária
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Banco do Brasil "momentaneamente" perde a liderança do sistema financeiro nacional com a fusão entre Itaú e Unibanco, mas terá chances de se recuperar. "Nada como um dia depois do outro. O BB terá chance de correr atrás e se refazer", disse. O ministro garantiu que o BB vai continuar crescendo e que poderá voltar à liderança do setor financeiro nacional. Ele ressaltou, no entanto, que isso não é o mais importante. O importante, segundo o ministro, é que o Banco do Brasil continue sendo um dos maiores bancos do País e, em momentos como o de agora, de turbulência internacional, cumpra seu papel de fornecer mais liquidez. "Se ele é o primeiro, segundo ou terceiro não é tão relevante", afirmou.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a operação ajuda a fortalecer o sistema financeiro nacional. "Se trata de uma iniciativa que contribui para o fortalecimento do sistema financeiro nacional na atual conjuntura do mercado financeiro internacional", disse o presidente do BC.
O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto afirmou que o acordo de união entre os dois bancos é uma manifestação de confiança no futuro da economia brasileira. "Creio que é uma medida muito importante para o fortalecimento do sistema financeiro interno. Será um banco de dimensão internacional e dará suporte às operações de crédito e investimentos de empresas nacionais."
O professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo afirmou que a fusão é um fato positivo para o Brasil, pois aumenta a solidez do sistema financeiro nacional. "Com a união das duas instituições surge um banco com capacidade de competir internacionalmente, o que é bom para o País", disse.
O ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Langoni, acredita que a decisão "deve ter refletido a visão estratégica de que a liquidez está mais apertada e há perspectivas de queda de rentabilidade, já que mesmo depois da crise, o crédito deve ter forte desaceleração". De acordo com Langoni, "é bem provável que o novo banco (fruto da fusão) possa liderar a normalização da oferta do crédito". Ele comparou a decisão do Unibanco de se fundir com o Itaú à da Merril Lynch, nos Estados Unidos, que foi vendida ao Bank of America.
Segundo a consultoria, a empresa resultante da fusão tem ativos superiores aos do Banco do Brasil. O banco fica na nona posição do ranking dos maiores bancos de capital aberto por ativos dos Estados Unidos e América Latina, com US$ 324,041 bilhões. O Banco do Brasil fica em 10º lugar, com US$ 261,639 bilhões em ativos. Já o Bradesco figura em 12º, com US$ 220,815 bilhões, e Santander em 15º no ranking de ativos entre os maiores bancos de capital aberto dos EUA e América Latina, com US$ 171,410 bilhões.
De acordo com comunicado será criada uma nova controladora (holding) não-financeira e o controle do novo banco será compartilhado entre Itaúsa (holding do Itaú) e Unibanco. Até o fim de setembro, Itaú Unibanco holding tinha lucro líquido de R$ 8,1 bilhões e patrimônio líquido de R$ 51,7 bilhões.
Os presidentes do Itaú, Roberto Setubal, e do Unibanco, Pedro Moreira Salles, detalharam para a imprensa o plano de integração entre as duas instituições. A nova holding, denominada Itaú Unibanco Holding S.A (a atual é Itaú Holding Financeira), contará com 4,8 mil agências e 14,5 milhões de clientes, o equivalente a 18% do mercado e 19% do volume de crédito do sistema financeiro brasileiro.
O total de depósitos, fundos e carteiras administradas chegará a 21% do mercado. A participação no mercado de seguros será de 17% e no de previdência privada, de 24%. Essa nova holding terá operações de corporate que somam R$ 65 bilhões, atendendo a dois mil grupos econômicos, ativos sob gestão de R$ 90 bilhões na área de private bank e R$ 575 bilhões em ativos, o que representará a maior instituição financeira do hemisfério sul.
As duas instituições afirmam que é importante o movimento de fortalecimento de grandes empresas com o objetivo de aumentar a capacidade competitiva, "a exemplo do que ocorre em outros setores da economia". "A instituição terá a agilidade necessária para aumentar a presença do Brasil no cenário internacional."
O Conselho de Administração do Itaú Unibanco Holding será composto por 14 membros, sendo seis deles indicados pelos controladores da Itaúsa e pela família Moreira Salles. Os demais oito membros do conselho serão independentes. De acordo com as instituições financeiras, o presidente do Conselho de Administração do novo grupo será Pedro Moreira Salles e o presidente-executivo será Roberto Setubal.
"Para propiciar uma transição eficiente e eficaz será criado um comitê de transição no Itaú Unibanco Holding que definirá a forma e o ritmo de integração entre as operações do Itaú e do Unibanco", informaram as duas instituições, acrescentando que as operações e negócios realizados com clientes, credores e fornecedores não sofrerão nenhuma alteração. "O Itaú e o Unibanco continuarão operando no Brasil e no exterior, nos moldes atuais."
A associação contemplará uma reorganização societária, com migração dos atuais acionistas do Unibanco Holdings e Unibanco, mediante incorporações de ações, para uma companhia aberta, a ser denominada Itaú Unibanco Holding, atual Banco Itaú Holding Financeira.
O controle dessa holding, por sua vez, será compartilhado entre a Itaúsa e os controladores da Unibanco Holdings, por meio de holding não-financeira a ser criada no âmbito da reorganização. A conclusão das mudanças societária depende da aprovação do Banco Central e das demais autoridades competentes.
Além disso, o Itaú e o Unibanco informaram que as assembléias para deliberar sobre a união dos bancos serão realizadas "entre a última semana de novembro e a primeira de dezembro". Em fato relevante, as instituições financeiras informaram que o tema será levado ao conhecimento dos acionistas.
Os maiores (Em bilhões de R$)
Como era
1º Banco do Brasil 403,7
2º Itaú 339,6
3º Bradesco 348,4
4º ABN Amro + Santander 291,5
5º Cef 264,4
6º Unibanco 169,7
7º HSBC 97,5
8º Votorantim 73,6
9º Safra 61,7
10º Nossa Caixa 50,0
Como ficou
1º Itaú Unibanco S.A. 509,3
2º Banco do Brasil 403,7
3º Bradesco 348,4
4º ABN + Santander 291,5
5º CEF 264,4
6º HSBC 97,5
7º Votorantim 73,6
8º Safra 61,7
9º Nossa Caixa 50,0
10º Citibank 39,4
Os maiores por ativos dos EUA e da AL (Em US$ trilhões)
Instituição País Total
1. Citigroup EUA 2,1
2. JP Morgan EUA 1,7
Chase
3. BankAmerica EUA 1,7
4. Goldman Sachs EUA 1,1
5. Merrill Lynch EUA 0,966
6. Wachovia EUA 0,764
7. Wells Fargo EUA 0,622
8. Bear Sterans Cos EUA 0,398
9. Itaubanco + Brasil 0,324
Unibanco
10. Brasil Brasil 0,261
Instituição País Total
11. US Bancorp EUA 0,246
12. Bradesco Brasil 0,220
13. Bank of EUA 0,201
NY Mellon
14. Sun Trust Banks EUA 0,177
15. Santander Br Brasil 0,171
16. National City EUA 0,153
Corp
17. State Street Corp EUA 0,146
18. Regions Finl EUA 0,144
19. PNC Bank EUA 0,142
20. BB&T EUA 0,136
Negócio envolve troca de ações entre os novos sócios
A relação de troca na união de Itaú e Unibanco será de 1,7391 unit do Unibanco para cada ação do Itaú. As relações de troca para as demais ações são as seguintes, sempre na comparação com uma ação do Itaú: 1,1797 ON (UBBR3); 1,1797 ON Unibanco Holdings (UBHD3); 3,4782 Unibanco PN (UBBR4); 3,4782 Unibanco Holdings (UBHD6) e 0,17391 GDR do Unibanco.
Antes da realização das operações societárias previstas, a Itaúsa transferirá para o Banco Itaú Holding Financeira a participação societária por ela detida no Banco Itaú Europa, pelo valor aproximado de R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 550 milhões através da emissão de ações ordinárias (ON) do Banco Itaú Holding Financeira (21 milhões de ações) e o restante em dinheiro. Essa transferência não alterará as relações de troca, diz o fato relevante. A quantidade de ações detidas, direta e indiretamente, pela Itaúsa, concluída essa operação, será incrementada em 8,3%.
Bancos conversam sobre o tema há 10 anos, conta Salles
O presidente do Unibanco, Pedro Moreira Salles (que comandará agora o Conselho de Administração da holding IU Participações), disse que as duas instituições já haviam conversado - sem sucesso - sobre uma associação há dez anos. O processo que acabou desembocando na fusão anunciada ontem foi iniciado há cerca de 15 meses na casa dele. Naquela época, o espanhol Santander começava a negociar a compra do holandês ABN Amro em conjunto com outros dois bancos, o britânico RBS e o belga-holandês Fortis. No Brasil, o ABN era dono do Banco Real. "Tivemos a percepção de que se formava um novo tipo de concorrência", comentou. "Teríamos um concorrente de escala global. Até então, os estrangeiros eram pequenos por aqui." A transação entre o ABN e o consórcio de fato evoluiu e hoje o Santander controla o Real - juntos, os dois bancos formam a quarta maior instituição financeira do Brasil.
Moreira Salles e o presidente do Itaú, Roberto Setubal (que será o presidente-executivo da instituição resultante da fusão), destacaram que o objetivo principal da associação é a internacionalização. Não neste momento, por causa do tempo que levará o próprio processo de integração dos dois bancos. Apesar da ressalva, os dois banqueiros disseram que o caminho natural para uma eventual expansão externa passa pelos mercados emergentes. "Não sei se teríamos vantagens em entrar em mercados já maduros (como os Estados Unidos)", observou Setubal. Segundo ele, o caminho natural seria a América Latina.
Ele citou como países em potencial o México, o Peru e a Colômbia, "que têm tido estabilidade econômica". Setubal e Moreira Salles negaram que a crise financeira internacional tenha sido determinante para a operação. Eles admitiram, porém, que a tensão provocada pelas dúvidas sobre a exposição dos dois bancos aos "derivativos tóxicos" foi determinante para a antecipação dos balanços dos dois grupos. Ambos divulgaram os resultados do terceiro trimestre antes da data programada.
Lula foi informado sobre negócio em San Salvador
O governo brasileiro foi informado na quinta-feira das negociações que resultaram na fusão entre o Unibanco e o Banco Itaú. Os banqueiros Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal, controladores das duas instituições, procuraram o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para falar da decisão, que seria, como foi, comunicada oficialmente ao mercado na segunda-feira. Por telefone, Meirelles passou a informação para Lula, que chegara às 3h (7 horas, em Brasília) em San Salvador, para a Cúpula dos Países Ibero-americanos.
No domingo à noite, Moreira Salles e Setubal procuraram pessoalmente o presidente Lula na Base Aérea de São Paulo, onde o presidente embarcaria momentos depois para Brasília. Eles entregaram uma carta com as razões da fusão. Nela, contaram que as negociações começaram havia pelo menos 15 meses. Embora não façam nenhuma citação no documento, acabaram por revelar ao presidente que o início das negociações foi motivado pela compra de bancos médios no Brasil por grandes conglomerados financeiros, uma tendência mundial.
Na carta entregue ao presidente Lula, os dois banqueiros informaram o nome da nova empresa - IU Holding -, que será uma das 20 maiores instituições financeiras do mundo. Disseram ainda que resolveram fazer a comunicação agora, apesar da crise financeira global, para dar a demonstração de que confiam nas medidas tomadas pelo governo - não citaram, mas entre elas está a Medida Provisória 443, que permite a estatização de bancos -, uma forma capaz de criar uma defesa contra a turbulência motivada pela crash do subprime e da escassez de crédito no mundo.
Para os dois banqueiros, a economia brasileira é forte, o sistema bancário nacional não está contaminado pelos créditos podres do sistema financeiro internacional e a criação de um gigante bancário demonstra essa força. Também falaram que tinham pedido a audiência, mesmo que na Base Aérea e num domingo, por uma deferência pessoal ao presidente, a quem gostariam de comunicar a notícia que dariam no dia seguinte. Na avaliação do Palácio do Planalto, a fusão fortaleceu o sistema financeiro e bancário nacional e foi benéfica para a economia, por tirar um pouco da desconfiança de que as coisas não vão bem.
De acordo com um ministro próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a fusão não foi motivada pela crise financeira mundial, porque as negociações vinham ocorrendo havia mais de um ano. Mas pode ter sido antecipada por causa da crise. A avaliação do governo é que a união decorreu de uma decisão estratégica dos dois grupos, com o objetivo de ganhar escala em suas operações.
Embora o governo considere que a fusão das duas instituições "é positiva", um ministro disse que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) terá que analisar a operação e fazer os reparos que considerar necessários. Com a maior concentração bancária estimulada pela própria crise financeira, a preocupação dos governistas passou a ser a criação de mecanismos que evitem ações monopolistas. "Esse novo quadro exige mais supervisão no mercado financeiro, mais regras e mecanismos prudenciais", disse o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Na sexta-feira à tarde, em Havana, Lula disse aos jornalistas que tem conversado a toda hora, "dia e noite", com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. "Falei com eles ontem (quinta-feira passada, quando foi informado da futura fusão entre os dois conglomerados brasileiros), falei hoje e, quando subir no avião, de volta para o Brasil, vou ligar novamente para o Henrique Meirelles", informou Lula. Como os banqueiros, o presidente guardou segredo da movimentação dos dois gigantes.
Interlocutores próximos dos banqueiros destacam que as conversas para uma possível associação já duravam mais de dez anos, sem que qualquer parte tivesse dado o pontapé inicial para juntar as operações das instituições.
Fusão de bancos no Brasil é
diferente do que ocorre no exterior
A união entre o Itaú e o Unibanco é diferente das operações de resgate de bancos que se espalharam pela Europa e pelos Estados Unidos nos últimos meses, na avaliação de especialistas da City londrina. Os analistas acreditam que a crise financeira internacional pode ter sido o catalisador do negócio, ao criar as oportunidades para a transação. No entanto, eles não colocam as instituições nacionais na mesma situação de risco das estrangeiras. "Existe uma questão estratégica por trás", afirmou Alejandro Chacoff, da Control Risks. "É hora de aproveitar o momento para a expansão, inclusive internacional."
Para Luis Costa, estrategista de dívida emergente do Commerzbank, a ocasião é interessante porque os preços dos bancos brasileiros, que de maneira geral sempre estiveram mais elevados na comparação com outros emergentes, estão passando por um período de depressão. "A crise pode estar acelerando o processo de consolidação, já que o Itaú sempre teve aspirações agressivas", disse. "Mas não acho que nenhum dos bancos estava passando por dificuldades."
O Itaú e o Unibanco anteciparam a divulgação dos balanços do terceiro trimestre para dissipar dúvidas dos investidores. Ambos detalharam as operações de derivativos de câmbio que fecharam com as empresas, alvo de tensão diante da desvalorização cambial.
Na avaliação de Chacoff, os números estavam em ordem. "É preciso desmistificar a idéia de que as instituições brasileiras estão com problemas semelhantes aos bancos dos EUA e da Europa, não é isso que está acontecendo, porque no Brasil os bancos são muito mais conservadores." Foi essa a avaliação que o analista transmitiu ontem aos seus clientes pela Europa. "A crise criou oportunidades, mas este não é um plano de socorro."
Os analistas acreditam que a união fortalece e protege o sistema financeiro nacional. Para a Economist Intelligence Unit (EIU), a criação de um banco sólido desse porte - o maior do Hemisfério Sul - reduz os riscos associados à crise, por isso a reação do mercado está sendo positiva.
A expansão do novo banco para outros países da América Latina, onde atualmente o Santander possui atuação, é vista como uma possibilidade. "No médio e longo prazo isso deve acontecer", avalia Chacoff. No mercado, também já se comenta que a transação entre o Itaú e o Unibanco deve estimular outros negócios na concorrência. "Agora a questão é saber quem o Bradesco vai querer comprar", disse um analista da City.
Nossa Caixa será disputada na busca pela liderança
O Banco do Brasil (BB) deve acelerar a compra da Nossa Caixa, do Banco de Brasília (BRB) e do Banco do Estado do Piauí (BEP) com a fusão de Itaú e Unibanco. Além disso, outras oportunidades de negócios estão sendo analisadas pelo banco estatal. No entanto, uma ação mais agressiva do Bradesco para barrar a negociação pela instituição estatal paulista também é aguardada pelo mercado.
A avaliação é que ganha força com a fusão dos dois grandes bancos de varejo a necessidade de aprovação da Medida Provisória (MP) 443, que permite ao BB e a Caixa Econômica Federal comprarem outros bancos. É estratégico para o governo ter um banco na liderança e que seja balizador do mercado. Por isso precisa ter condições de igualdade de competição nesse cenário de movimentação de fusões e aquisições no sistema financeiro. Uma exigência de licitação, como defendem alguns parlamentares, colocaria o BB fora do jogo. "O BB não quer ficar fora desse mercado. Nesse tipo de negócio não dá para fazer licitação. O que se precisa é um processo transparente de aquisição", defende outra fonte.
Para o economista Gilberto Braga, dois movimentos podem ser esperados no setor financeiro a partir da junção Itaú/Unibanco: a reação do Bradesco numa investida mais agressiva para impedir a compra da Nossa Caixa pelo BB, e a tendência definitiva de internacionalização de bancos nacionais, aproveitando a janela aberta pela saída de bancos de investimentos estrangeiros.
Para ele, a primeira reação do Bradesco será bombardear a operação da Nossa Caixa com o Banco do Brasil. "O Bradesco já vinha reclamando e agora terá muito mais razão, porque provavelmente estará mais disposto a abrir os cofres para levar a Nossa Caixa e encurtar a distância com o Itaú, com quem vem competindo cabeça a cabeça. Agora o governo vai ter muita dificuldade em justificar a venda da Nossa Caixa para o BB sem licitação pública. O Bradesco, se já era comprador, agora tem muito mais apetite. Será interessante assistir a este desfecho", analisa
O foco do Bradesco deve ficar, na opinião do economista, concentrado nesta direção e na montagem de novas aquisições, mas sem o porte da tacada do Itaú. Uma das especulações atuais gira em torno do banco Votorantim. "Existe uma conversa no mercado de crédito de que o Bradesco já estaria dentro do Votorantim, dando suporte operacional. Seriam favas contadas. Mas, apesar de grande no mercado de crédito, o Votorantim não tem a capilaridade do Unibanco", diz.
Braga lembra que, há algum tempo, as especulações de mercado giravam em torno de negociações do Citibank com o Unibanco. "Desde que o mercado começou a se consolidar, com a chegada dos bancos estrangeiros, o Bradesco e o Itaú desenvolveram mecanismos de crescimento e o Unibanco não fez nenhum movimento. Entre os estrangeiros, o único que teria ficha para fazer uma aposta no Unibanco seria o Citi. Só que o Citi começou a perder dinheiro desde o início da crise e no meio do ano anunciou perdas consistentes. Então, as conversas, se havia, cessaram. Isso abriu espaço para as conversas com o Itaú", opina o professor.
A oportunidade aberta pela saída, do cenário financeiro internacional, de instituições como Lehman Brother e JP Morgan, que deixou desassistida uma clientela formada basicamente por empresas, abre espaço para a ampliação do novo conglomerado brasileiro. "Isso robustece a possibilidade de internacionalização do novo grupo.
A fusão do Itaú com o Unibanco os credencia para isso até porque o Itaú já tem presença em alguns países da América Latina. Provavelmente deve reforçar a atuação nesses países e se expandir para outros com potencial semelhante", comenta.
Governo aprova a operação bancária
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Banco do Brasil "momentaneamente" perde a liderança do sistema financeiro nacional com a fusão entre Itaú e Unibanco, mas terá chances de se recuperar. "Nada como um dia depois do outro. O BB terá chance de correr atrás e se refazer", disse. O ministro garantiu que o BB vai continuar crescendo e que poderá voltar à liderança do setor financeiro nacional. Ele ressaltou, no entanto, que isso não é o mais importante. O importante, segundo o ministro, é que o Banco do Brasil continue sendo um dos maiores bancos do País e, em momentos como o de agora, de turbulência internacional, cumpra seu papel de fornecer mais liquidez. "Se ele é o primeiro, segundo ou terceiro não é tão relevante", afirmou.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a operação ajuda a fortalecer o sistema financeiro nacional. "Se trata de uma iniciativa que contribui para o fortalecimento do sistema financeiro nacional na atual conjuntura do mercado financeiro internacional", disse o presidente do BC.
O ex-ministro da Fazenda Delfim Netto afirmou que o acordo de união entre os dois bancos é uma manifestação de confiança no futuro da economia brasileira. "Creio que é uma medida muito importante para o fortalecimento do sistema financeiro interno. Será um banco de dimensão internacional e dará suporte às operações de crédito e investimentos de empresas nacionais."
O professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo afirmou que a fusão é um fato positivo para o Brasil, pois aumenta a solidez do sistema financeiro nacional. "Com a união das duas instituições surge um banco com capacidade de competir internacionalmente, o que é bom para o País", disse.
O ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Langoni, acredita que a decisão "deve ter refletido a visão estratégica de que a liquidez está mais apertada e há perspectivas de queda de rentabilidade, já que mesmo depois da crise, o crédito deve ter forte desaceleração". De acordo com Langoni, "é bem provável que o novo banco (fruto da fusão) possa liderar a normalização da oferta do crédito". Ele comparou a decisão do Unibanco de se fundir com o Itaú à da Merril Lynch, nos Estados Unidos, que foi vendida ao Bank of America.
Fonte: Jornal do Comércio - 04 NOV 08
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