Sexta, 31 Janeiro 2025

O mês de outubro sinalizou a reversão no setor imobiliário em São Paulo, que vinha em crescimento acelerado até o primeiro semestre deste ano, pois foi detectada queda nas vendas na segunda quinzena, segundo o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). A estimativa se baseia nas visitas de possíveis compradores aos locais de venda e no fechamento dos negócios.

Diretora de Atendimento da LPS Brasil Consultoria de imóveis S.A., a Lopes Imobiliária, Mirella Parpinelli, avalia que se trata de um "momento de reflexão". Segundo ela, os clientes continuam considerando as propostas e fazendo as negociações, mas agora são mais cautelosos, impactados pela crise internacional e pela alta dos juros. Ainda assim, Mirella reitera que a Lopes manteve um excelente desempenho, tanto que vendeu cerca de R$ 5,2 bilhões no primeiro semestre deste ano, ante R$ 4,7 bilhões contabilizados em todo o ano passado.

Fábio Rossi Filho, diretor da Itaplan Imóveis, prevê aumento de preço dos imóveis em conseqüência da redução do número de lançamentos. Rossi observa também que tem aumentado o número de compradores com perfil de "investidor". A Itaplan, segundo ele, manteve o nível de vendas: cerca de 350 mil unidades por mês.

De acordo com o vice-presidente do Secovi-SP, Flávio Prando, mesmo com a crise, é possível que os dados das vendas de setembro ainda demonstrem crescimento ou manutenção em relação a agosto, quando a comercialização desses imóveis cresceu de 2.550 unidades em julho para 4.146 na capital paulista. No País, a comercialização de lançamentos deve crescer de 15% a 20% em 2008, ficando abaixo da expectativa de 25% a 30%. A previsão para 2009 é repetir o percentual deste ano.

"Acredito que essa queda seja reflexo da sobrecarga de informação negativa sobre o mercado financeiro. A redução detectada em outubro, quando a crise chegou ao Brasil, não deve ultrapassar 10% e esse percentual não é significativo. Observamos que quem está indo aos plantões prefere esperar ao menos mais duas semanas antes da decisão. As pessoas decidiram adiar a decisão", disse Prando.

Conforme o presidente da Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis S.A., Luiz Fernando Lucho do Valle, as vendas da empresa chegaram a cair 80% em um final de semana. "Houve queda generalizada, isto é, retração na venda de residenciais, do mais caro ao mais barato, e também das salas comerciais. Essa queda ainda não tem se mostrado de forma clara, assim como ocorre nas Bolsas de Valores. Os clientes estão preocupados. Quem tinha tomado decisão de compra concluiu a negociação. Outros possíveis compradores continuam visitando os locais de venda, mas estão aguardando. A compra de um apartamento não é algo urgente", observou Valle.

Na avaliação do empresário, por outro lado, as linhas de crédito de capital de giro de R$ 3 bilhões anunciadas para empresas do setor de construção civil podem frear a redução das vendas. O governo também vai permitir, além da compra de recebíveis, que outros bancos direcionem mais recursos da poupança para essas empresas, o que pode significar mais R$ 10 bilhões para as construtoras. "Se bem usado, esse montante pode evitar queda significativa das vendas. A idéia [do governo) é boa, há necessidade e os recursos são suficientes."

Sem citar números, o diretor do Financeiro e de Relações com Investidores da Rodobens Negócios Imobiliários S.A., Orlando Viscardi, afirmou que houve desaceleração das vendas da empresa de julho a setembro, e o cenário não se alterou no início do quarto trimestre. "As medidas do governo podem ajudar na percepção dos compradores à medida que algumas pessoas estão hesitando em comprar por conta da saúde financeira das construtoras. No entanto, o desaquecimento também é provocado por algumas pessoas que estão mais preocupadas com emprego, salário e com a economia em geral."

De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), os contratos de financiamento oriundos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) somaram R$ 2,94 bilhões em setembro, elevando para R$ 22,8 bilhões o montante contratado nos primeiros nove meses deste ano. Isso supera em 89,3% o volume referente ao mesmo período do ano passado.

As empresas focadas no segmento de baixa renda tendem a obter maior êxito. É o caso da MRV Engenharia e Participações S.A.. "Para nós, o importante é o emprego e a renda. Se confirmada a desaceleração, as empresas vão demitir, com o que nossos clientes que ganham de R$ 2 mil e R$ 5 mil serão atingidos", avaliou o vice-presidente de Relações com Investidores da MRV, Leonardo Corrêa.

Usados

Pesquisa divulgada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-SP) na última sexta-feira indica que a venda de imóveis usados aumentou quase 9% em setembro, na comparação com agosto. "As pessoas estão entendendo melhor que a crise é no mercado americano, não no nosso. Em agosto, a boataria afastou os clientes. Deve haver um crescimento ainda mais expressivo em outubro", disse ao DCI o presidente da entidade, José Augusto Viana Neto.

Para Viana, "os imóveis usados, neste momento, chamam mais atenção porque têm bons preços, há escassez de imóveis para locação e quem dispõe de dinheiro não vai aplicar nas instáveis Bolsas de Valores".

Fonte: DCI - 02 NOV 08

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