Sexta, 31 Janeiro 2025

A norte-americana Monsanto vai diversificar seu portfólio agrícola e investir em tecnologias para a cana-de-açúcar. A companhia anunciou ontem acordo para a aquisição da Aly Participações Ltda., controladora da CanaVialis S.A. e da Alellyx S.A., por US$ 290 milhões.

CanaVialis e Alellyx eram empresas da Votorantim Novos Negócios, do Grupo Votorantim, e atuam no melhoramento genético e em biotecnologia (ou transgenia) da cultura. A aquisição vai unir a experiência da Monsanto em melhoramento genético avançado e em biotecnologia com o conhecimento em genética de cana-de-açúcar por parte das duas empresas adquiridas. O trabalho em conjunto poderá contribuir para que o aumento da produtividade da cana ocorra com mais rapidez.

A CanaVialis foi criada em março de 2003 com a proposta de desenvolver variedades de cana geneticamente superiores, mais produtivas do que as atualmente disponíveis. A área de produção de cana da empresa soma 1,1 milhão de hectares (15% do mercado) e a carteira de clientes tem 73 usinas. De acordo com Ricardo Madureira, presidente das duas companhias adquiridas, oito dos dez maiores grupos de usinas são clientela da CanaVialis.

Madureira disse durante o anúncio da aquisição, ontem, que as estimativas para o lançamento do projeto da primeira variedade de cana-de-açúcar melhorada geneticamente não foram alteradas com a aquisição. "A primeira variedade deverá ser lançada no próximo ano. Já vínhamos trabalhando há um ano e meio nesse projeto, inclusive, em parceria com a Monsanto", diz o executivo. A variedade, ainda sem nome comercial, resulta de melhoramento genético clássico (não é transgênica) e poderá ser colhida no início de cada safra com maior quantidade de sacarose. A Alellyx foi criada em 2002 e atua em genômica aplicada no desenvolvimento de pesquisas em biotecnologia - principalmente para a cana-de-açúcar.

De acordo com o presidente da Monsanto do Brasil, André Dias, a aquisição é o terceiro investimento anunciado pela companhia em um ano. No segundo semestre de 2007, a norte-americana adquiriu a Agroeste e logo depois anunciou aporte da ordem de US$ 60 milhões na expansão de pesquisas e produção de sementes. As duas companhias recém-adquiridas serão administradas como negócios independentes e a diretoria será mantida, assim como todos os outros funcionários. Os investimentos previstos antes do anúncio da aquisição serão mantidos e os valores não foram divulgados.

Fernando Reinach, diretor executivo da Votorantim Novos Negócios, diz que do ponto de vista do setor sucroalcooleiro, união de forças que resulte em aumento da produtividade da cultura é essencial. "Produzir mais cana no mesmo espaço e ainda preservar o meio ambiente são grandes desafios", afirma. "O processo de venda das empresas vinha ocorrendo há cerca de oito meses e a data do anúncio nada tem a ver com a crise financeira", complementa Reinach.

Para a Monsanto, o Brasil terá papel de destaque no desenvolvimento de tecnologias para o melhoramento da cultura. "O País vai ter papel de destaque como usuário das tecnologias e como gerador de tecnologias para o mundo", diz Dias. A norte-americana investe em média, a cada ano, US$ 800 milhões no desenvolvimento de pesquisas de melhoramento genético para as culturas de soja, milho e algodão. Desse montante, ainda não está previsto qual valor será direcionado para as pesquisas com a cana-de-açúcar.

Atualmente, a cana ocupa mais de 20,2 milhões de hectares em todo o mundo, sendo que 6,8 milhões estão concentrados no Brasil. Nos últimos anos, a demanda por açúcar se intensificou e o etanol seguirá o mesmo caminho. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e o Instituto de Pesquisas Políticas Agrícolas e Alimentação (Fapri) prevêem que o consumo de açúcar vai crescer mais rápido do que a produção na próxima década. Quanto ao etanol, a estimativa é de produção mundial de 125 bilhões de litros em 2017, duas vezes mais que em 2007, segundo organismos internacionais.

Fonte: DCI - 04 NOV 08

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