Terça, 03 Dezembro 2024

Ao completar os cem primeiros dias da arrastada indicação política de Casemiro Tércio Carvalho para assumir a presidência da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a administradora do Porto de Santos, o que mais marcou esse período foi o descompasso da Autoridade Portuária com a sua comunidade. Uma sequência de iniciativas atabalhoadas e retrocessos, mesmo antes de ser nomeado oficialmente; isolamento na relação porto e cidade; falta de liderança com os quadros da empresa; inobservância da transparência na empresa pública e acusação de impropriedades cometidas sem apuração. Sumariamente, o Porto de Santos permanece atolado no caos.

600 Dad 11JUN2019

Leia também
Nota oficial da Codesp sobre "dragagem emergencial imprópria"

Por consequência na gestão das contas, os cortes de despesas com a repactuação de arrendamentos mais a redução de serviços de zeladoria e acessórios, anunciados como economia, não compensam as contratações milionárias de indicações políticas com altos salários. Mesmo tendo um quadro de funcionários concursados deixado à margem da gestão da empresa, e assim, gerando inoperância. De que adianta o debate sem competência do tarifário do Porto, vigente desde a saída da Codesp de toda a operação portuária, sem saber qual o porto que vai se ter em Santos? Trata-se de forma generalizada um importante fator de competitividade para um negócio portuário, que deve romper, já tardiamente, suas amarras com Brasília. A prioridade é debater a gestão descentralizada do Porto.

Leia ainda
* Porto de Santos: mudança para pior?

Durante esses cem dias ainda não ficou bem esclarecida a contratação emergencial, que poderia ter sido licitada, da Terracom para manutenção da pavimentação da área portuária. Não menos estranho é não ter sido realizada, nesses cem dias, uma licitação possível para a dragagem do Porto. Porém, já se sinaliza com consultas a algumas empresas para contratação emergencial desses serviços de dragagem. Nem tampouco se justificam os argumentos ameaçadores e arbitrários contra contratos legalmente vigentes. Convenhamos que já juntou muita fumaça na administração do Porto de Santos em tão pouco tempo.

Leia mais
* Dragagem imprópria e prejudicial

Também não foi ainda esclarecida, e nem silenciada, a ruidosa denúncia por um ex-assessor contra o diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação da Codesp, egresso da Raízen Combustíveis, do grupo Cosan. E mais, este grupo tem robusto portfólio de negócios no Porto e cláusula contratual não cumprida. Tais fatos sobrepesam na negociação que essa mesma diretoria vem promovendo, com dureza, para a renovação do contrato da Petrobrás de arrendamento de área para estocagem e movimentação de combustíveis. É de se perguntar: qual a posição da Secretaria Nacional de Portos diante de tantas questões mal esclarecidas?

Leia também
Impropriedades no Porto de Santos

Sob a ótica da Comunidade Portuária do Porto de Santos, os primeiro cem dias se traduzem em conflitos, insegurança e falta de perspectiva. Para o negócio do Porto a resultante é negativa. Engana-se quem achar pacífica a questão da gestão centralizada e a proposta de um modelo “prêt-à-porter” (pronto), sem um amplo debate com a sociedade e calando a representação política regional no Congresso, atenta ao assunto. Sem sombra de dúvida: crise à vista.

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s

topo oms2

*O Dia a Dia é a opinião do Portogente

Deixe sua opinião! Comente!