Único porto brasileiro entre os 50 que mais movimentam contêineres no mundo e o mais importante do País, o Porto de Santos recepcionou, no dia 17 último, o secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni e Silva, com batedores, circunstância e rififi. O diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) quase foi às vias de fato com o assessor Adami Campos e o demitiu por conta de demora em pagamentos previstos ao Terminal Público Pesqueiro de Laguna, também administrado pela empresa. Total falta de respeitabilidade.
Foto: Divulgação/Porto de Santos
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Portogente indagou, por e-mail, Adami, que respondeu: “Tenho muito a esclarecer. Mas quem efetua pagamentos é diretor e quem não o fazia era Danilo Veras....Aliás, há outros veículos já me procurando para esclarecimento e saber várias outras impropriedades cometidas por Danilo Veras. Sobretudo há provas". Em e-mail seguinte, desconversou, alegando que "a demora nos pagamentos do Terminal Público Pesqueiro Laguna não se deve a uma pessoa específica", além de justificar que "demorar não significa não pagar".
Oriundo do mercado, o diretor de Desenvolvimento de Negócios e Regulação é egresso da Raízen Combustíveis, do grupo Cosan, e sua diretoria administra setor do porto no qual há expressivo portfólio de negócios portuários da sua ex-empresa. Um deles é o cumprimento das cláusulas de antecipação da renovação contratual. Daí a imposição de se apurar quais são as tais provas das impropriedades cometidas pelo diretor e guardadas pelo assessor demitido.
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Quando ouvida sobre o caso, a Codesp solicitou tempo para apurar informações e esclarecer o ocorrido. Temos revelado fatos do cenário portuário que demonstram que nada mudou. Há dissintonia entre a gestão e os objetivos do negócio portuário que ocorrem em Santos e demais portos nacionais, um grave e histórico problema da administração pública no segmento. Adami é advogado e professor, profissional com esclarecimento para saber e dar sentido exato ao que afirma. Impropriedades podem não ter significado em si; entretanto, no contexto em que foi denunciado, exigem apuração transparente.
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Passados bem mais de cem dias de governo sem rumo no setor portuário, é de se perguntar: por que adiar mais a saída desse caos, pelo início da reforma dos portos? Essa falta de segurança administrativa é prenúncio de judicialização nas contratações e mais atraso ainda nas realizações que impulsionam a economia nacional.
P.S.: A Codesp enviou nota de esclarecimento sobre o editorial do dia 23 de maio de 2019, cujo foco é a dragagem no Porto de Santos. A resposta consta na publicação original. Como parte da resolução de um quebra-cabeça, ela será avalia no editorial desta terça-feira, dia 28 de maio.
Nota de esclarecimento da Codesp
Em nota enviada à redação do Portogente no final da tarde desta segunda-feira, a Gerência de Comunicação Corporativa da Codesp lamentou que o portal não tenha aguardado o envio das apurações sobre o caso retratado neste editorial, conforme contato iniciado na última quarta-feira, dia 22 de maio.
Em relação aos pagamentos ao Terminal Público Pesqueiro de Laguna, a Autoridade Portuária respondeu que "não houve demora, mas, sim, o devido processo de aprovação pelas áreas da Companhia e o cumprimento de normas de governança e compliance adotadas pela nova gestão, em linha com as melhores práticas do mercado. Isso vale não apenas para o caso em tela, mas para todos os contratos da Companhia, de forma a destinar corretamente os recursos públicos".