Domingo, 02 Fevereiro 2025

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As doenças mentais são responsáveis por cinco das dez principais causas de afastamento do trabalho no País - sendo a primeira delas a depressão -, o que representa um gasto de R$ 2,2 bilhões por ano, o equivalente a 19% dos custos com auxílios-doença pagos pela Previdência Social a um universo de 1,5 milhão de pessoas. Os números aparecem num levantamento sobre a infra-estrutura dos serviços de saúde mental no Brasil feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).O estudo foi divulgado ontem no seminário Ação Global para o Aprimoramento Mundial da Saúde Mental, parte de uma iniciativa da publicação científica inglesa The Lancet, que neste mês compilou uma série de artigos sobre saúde mental e seus impactos em vários países, entre eles o Brasil.“As doenças mentais são as que mais incapacitam as pessoas e os gastos com a assistência representam apenas 2% do orçamento do Ministério da Saúde. Observamos um grande descompasso entre o impacto das doenças e o investimento no cuidado com elas”, afirma o psiquiatra Jair Mari, professor da Unifesp e responsável pela pesquisa. Ele enumera os problemas: depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, abuso de álcool e episódios de violência, que podem estar relacionados com várias patologias.Sem diagnóstico precoce, sem acompanhamento adequado, essas pessoas aparecem na rede quando já estão totalmente incapacitadas e as doenças atingiram um estágio crônico. “Para lidarmos com tudo isso, o relatório aponta para a necessidade de essa fatia do orçamento aumentar para cerca de 5%, para conseguirmos melhorar a rede de atendimento, principalmente a atenção primária, que pode ser feita em parceira com as equipes do Programa Saúde da Família, que precisam ser treinadas”, completa.Esse é justamente um dos principais desafios apontados pelo estudo: apesar de a rede estar aumentando, ainda não há locais suficientes para assistência a portadores de transtornos mentais. A oferta cresceu depois do início da reforma psiquiátrica, que prevê a desativação dos antigos manicômios por centros de atendimento psicossocial, chamados Caps, e por leitos de internação em hospitais gerais. “A gente tem os dados do sistema, mas muita gente nem chegou a entrar nas estatísticas, fica trancada em casa, incapacitada. Há um estigma muito forte, as famílias ainda não sabem o que fazer e os profissionais do Saúde da Família conseguem chegar aonde a rede de atendimento não chega, eles vêem essas pessoas, mas não estão preparados para diagnosticá-las e tratá-las”, conta Ana Maria Pitta, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba).“Na minha família existem pelo menos 30 bipolares. Eu tenho a doença, minha filha também tem. Os serviços psiquiátricos públicos são terríveis. Ninguém em surto pode ficar meses esperando”, conta a filósofa Cássia Janeiro, de 44 anos, que acredita que falta conscientização e uma maior seriedade dos próprios profissionais da saúde para lidarem com os pacientes.“Dentro de casa o tratamento é inadequado, as pessoas comuns não sabem o que fazer com um doente mental. Há um preconceito muito grande com a doença psiquiátrica. O sujeito que bebe e chega alcoolizado ao hospital não é simplesmente um bêbado vagabundo”, diz ela, que está escrevendo um livro sobre o convívio com a doença.CONCENTRAÇÃOOutro problema é a distribuição desigual tanto dos serviços quanto dos especialistas: somente em São Paulo, há quase o dobro dos psiquiatras de todo o restante do País. Atualmente, existem 5,2 mil psiquiatras em exercício no Brasil, uma média de 2,83 profissionais para cada 10 mil habitantes. Na América Latina, são 4,66 profissionais para cada 10 mil habitantes. Os Caps, centros de atendimento, somam 841 unidades em todo o País. Mesmo com o fechamento dos leitos, ainda existem 228 hospitais psiquiátricos tradicionais - alguns deles, como o Hospital São Pedro, em Porto Alegre, com moradores totalmente incapacitados e vivendo no local há 30, 40 anos.Há também 476 residências terapêuticas, casas para abrigar até oito pacientes que conseguem realizar tarefas do dia-a-dia sob supervisão de um especialista. O projeto, recente, tem servido como exemplo para abrigar alguns ex-pacientes dos antigos manicômios. INFÂNCIAOs pacientes muito jovens - na infância e na adolescência - recebem menos atenção ainda, de acordo com o relatório. Há apenas 66 Caps voltados a esse público. Na prática, o que acaba acontecendo é que jovens dependentes de álcool ou drogas, sem alternativa, acabam sendo levados para a Justiça e encaminhados para locais de internação, como a antiga Febem, em São Paulo.“Até 2003, não havia nenhuma política de saúde mental. Depois que foi definida, estamos nos estruturando. Falta mesmo atenção ao jovem, é um dos nossos maiores desafios, até porque, onde não existe atendimento, ele acaba indo para a Justiça e percebemos que onde há os Caps já se consegue uma estrutura melhor”, afirma Pedro Gabriel Godinho, responsável pela área no Ministério da Saúde. “É realmente um perfil que precisa de atenção especial, até porque, quando não recebe, a situação vira uma bola de neve.”

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Uma disputa entre Taiwan e China bloqueia o sistema de solução de disputas da Organização Mundial do Comércio (OMC) e adia a tentativa do Brasil de abrir um caso contra os subsídios americanos ao etanol. Ontem, de forma inesperada, os representantes de Taiwan rejeitaram a nomeação da primeira chinesa para o tribunal máximo do comércio. Na entidade, a politização do tribunal foi considerada um “ato grave” e põe em risco a única parcela da OMC que ainda não sofre com a falta de credibilidade. A advogada chinesa Yuejiao Zhang seria a escolhida para fazer parte do grupo de sete juízes da OMC. A escolha tem um caráter simbólico, já que pela primeira vez a China terá uma representante no órgão, considerado o único no mundo a poder impor sanções a governos.Taiwan, porém, decidiu impedir a nomeação, alegando que a imparcialidade da chinesa não poderia ser garantida. A sessão do Órgão de Solução de Disputas - como é chamado o tribunal - acabou cancelada e todas as disputas que seriam abertas ou avaliadas ontem foram suspensas por tempo indeterminado. No mesmo dia, um grupo pequeno de países se reuniu na OMC e cobrou de Taiwan uma nova posição. Para alguns países, a atitude poderia pôr em risco a capacidade da OMC de resolver disputas sem interferência política. “O chamado foi para que Taiwan abandonasse a tentativa de politizar o órgão”, disse um negociador brasileiro. Durante a reunião, a portas fechadas, a preocupação era a de não dar uma mensagem de que, além dos impasses na Rodada Doha, a OMC também estaria perdendo força na solução de disputas comerciais. Para muitos negociadores, é o tribunal que ainda garante a relevância da OMC no cenário internacional.Taiwan é vetado em grande parte das organizações internacionais por causa da posição da China de não reconhecer a ilha como país soberano, mas sim uma província rebelde. Na OMC, porém, conseguiu o direito de ser membro, já que conta com outro sistema aduaneiro e outros impostos. Mas Taiwan apenas conseguiu entrar após a adesão da China, em 2002. Pequim exigiu que Taiwan fosse considerada apenas “território aduaneiro”. ETANOLCom o impasse, ficou bloqueada a tentativa do Brasil de abrir uma disputa na OMC para julgar os subsídios dos EUA aos produtos agrícolas e ao etanol. Além do Brasil, o Canadá também entraria com pedido contra os subsídios americanos. Estudos da Global Subsidies Initiative estimam existirem mais de 200 incentivos diferentes para a produção de biocombustíveis nos Estados Unidos, com US$ 7 bilhões por ano para os produtores.Além disso, vários pré-candidatos à presidência americana já prometeram que dariam ajuda aos produtores de milho ou açúcar que destinassem sua colheita à produção de combustível. Para os especialistas, o financiamento do etanol é o que permite que os americanos possam pensar em competir com o Brasil no mercado mundial. Porém, o etanol não é o único motivo para a abertura da disputa. O Itamaraty alega que os americanos distribuíram mais de US$ 19,1 bilhões em subsídios a seus produtos agrícolas em quase todos os anos desde 1999, incluindo trigo, algodão, açúcar e soja. Pelos compromissos dos EUA na OMC, a Casa Branca poderia destinar subsídios até esse valor sem violar as leis internacionais.

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Quatro consórcios internacionais formados por 30 empresas de 13 países se candidataram à licitação do contrato de projeto e construção das duas novas eclusas do Canal do Panamá - a obra mais disputada pelas construtoras internacionais no momento. Os nomes foram anunciados ontem pela Autoridade do Canal do Panamá (ACP).Entre as empresas formadoras de um dos consórcios, o Atlântico-Pacífico do Panamá, estão três empresas brasileiras: as construtoras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão. A construtora Odebrecht, que tentava liderar outro consórcio, não entrou na disputa.As empreiteiras brasileiras que continuam na licitação formam um consórcio com as francesas Bouygues Travaux, Vincie Alstom Hydro Energia, a alemã Bilfinger Berger e a projetista americana Aecom. Elas vão concorrer com três consórcios formados por grandes grupos internacionais.A ACP tem até 14 de dezembro para avaliar as propostas dos consórcios. Serão avaliadas as qualificações técnicas das empresas, experiência em grandes construções e capacidade financeira para a pré-qualificação oficial.A estimativa é de que, uma vez pré-aprovadas, as empresas tenham de gastar entre US$ 12 milhões e US$ 20 milhões para a criação do projeto de obra das maiores eclusas do mundo. No entanto, o contrato para a obra deve render ao vencedor cerca de US$ 3,2 bilhões - 60% do valor investido pela ACP nas obras totais de ampliação do Canal do Panamá.ODEBRECHTA Odebrecht, que até o meio do ano liderava um consórcio com empresas americanas, não apareceu entre as aspirantes à pré-qualificação. A empresa preferiu não se pronunciar sobre o assunto. Segundo fontes de mercado, a Odebrecht estaria reestudando sua estratégia de participação na licitação, e deve tentar participar de outras formas - como subcontratada ou se aproximando de um dos consórcios.

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Cerca de onze médias e grandes companhias do País começaram a estruturar operações para constituir instituições financeiras próprias com o objetivo de oferecer empréstimos a clientes, ampliar oportunidades de negócios e reduzir o custo de funding, seguindo iniciativas de empresas como Carrefour, Votorantim e C&A.

Seis operações estão sendo realizadas pela consultoria Integral Trust e outras cinco pela Delloitte. A KPMG também admitiu aumento da demanda, mas não informou o número de operações no forno. Segundo as consultorias, tratam-se de empresas de agronegócio, transportes, administradoras de cartões de crédito, varejistas, indústrias, fabricantes de eletroeletrônicos e vestuário. A previsão é de que a maioria desses bancos seja constituída nos próximos quatro meses.

Alguns players já manifestaram interesse em criar suas próprias instituições, como é o caso da Riachuelo, que entrou este ano com pedido no Banco Central. De acordo com a empresa, que pretende criar a financeira Midway, a expectativa é de que a aprovação saia até o final deste ano. Segundo fontes de mercado, as Lojas Marisa também aguardam resposta da autoridade monetária para a criação da financeira Fox. E a Sadia informou em abril que seu Conselho de Administração aprovou a criação de seu banco múltiplo.

O professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Nuno Manuel Fouto, aponta outros fortes candidatos a seguirem esse caminho: Perdigão, Friboi, Gradiente, Companhia Vale do Rio Doce, Caio, Embraco e Multibrás. Outro analista aponta Visanet e Redecard como interessadas. A Redecard informou que não comenta boatos de mercado. Procurada pelo DCI, a Visanet não se manifestou até o fechamento dessa edição.

O que atrai a atenção dos empresários para o setor bancário é a estabilidade da economia e a expectativa de que o crédito continuará crescendo. Dados do BC mostram que os empréstimos às pessoas físicas com recursos livres e direcionados tiveram saldo de R$ 295,4 bilhões em setembro de 2007, alta de 31,5% sobre setembro de 2006. De acordo com o sócio da Integral Trust, outro motivo que impulsiona a demanda foi a experiência do Banco Votorantim, que nasceu como uma instituição complementar a um grupo industrial e se tornou o décimo maior banco do País, somando R$ 60 bilhões em ativos. "Com o tempo, esses bancos podem tomar proporções maiores".

Com cinco operações prestes a serem concluídas, a Deloitte auxilia empresas a entrar com pedido no Banco Central, além de implantar tecnologias adequadas. "Ajudamos na adaptação a um ambiente regulatório mais rígido", explica Márcia Ogawa, sócia da área de Consultoria da Deloitte. Já para Edmar Facco, sócio da área de Auditoria, é preciso cautela. "Há benefícios tributários e mercadológicos. Mas uma coisa é vender produto, outra é saber até quanto pode ser emprestado".

Segundo Carlos Alberto Gatti, sócio da KPMG, a estratégia deve ser agregar valor. "As companhias de porte médio também correm atrás disso porque não é um investimento exorbitante", diz.

Até agora, segundo o Banco Central, Carrefour, C&A, Renner, Cargill, Cacique, Votorantim, Gerdau, Grupo VR, Pernambucanas e IBM são algumas das empresas que já têm seus braços financeiros. A lista fica completa com DaimlerChrysler, Toyota, Volkswagen, Volvo, Fiat e Ford, da indústria automobilística.

Segundo Francisco Turra, sócio da Integral Trust, das seis empresas interessadas, três já entraram com pedido no BC. "Alguns grandes grupos vêem que uma instituição financeira pode agregar valor para atender melhor tanto o cliente como o fornecedor", explica. "O objetivo é se valorizar, porque uma instituição financeira abre caminho para novos negócios. Amplia as possibilidades de funding, uma vez que é mais barato captar".

Fonte: DCI - 19 NOV 07
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Convencidos de que só a participação popular na fiscalização dos gastos públicos pode conter a corrupção, profissionais de auditoria do setor público estão se lançando num trabalho voluntário para difundir a idéia do controle dos governos municipais pelos próprios cidadãos. Organizados no Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), auditores e analistas de controle de instituições como o Tribunal de Contas da União (TCU), Caixa Econômica Federal (CEF), Sistema Único de Saúde (SUS) e Controladoria-Geral da União (CGU) dedicam horas de folga ao intercâmbio com líderes regionais e trocam a burocracia das repartições por visitas a municípios em todas as regiões na chamada Caravana Todos Contra a Corrupção.Nas visitas de dois a três dias, profissionais como Henrique Ziller, analista de controle externo do TCU, transmitem parte de sua experiência na área de fiscalização a cidadãos que querem acompanhar de perto o que fazem os governantes locais com seus impostos. Ziller preside o IFC, instituição criada pelos voluntários para estimular a criação de ONGs de acompanhamento social nas cidades ou dar assistência às que já existem. A iniciativa foi inspirada na experiência da ONG Amigos Associados de Ribeirão Bonito (Amarribo), que, ao organizar moradores na cidade do interior paulista em 1999, conseguiu afastar do cargo um prefeito sob a acusação de improbidade administrativa.O êxito da Amarribo gerou uma rede de ONGs similares que já alcança 144 cidades em todo o País. Foi uma palestra de Lizete Verillo, diretora de combate à corrupção da Amarribo, que deu a Ziller a certeza de que o controle efetivo do que se gasta no País não está na pilha de relatórios que povoam salas de órgãos como o TCU, mas no engajamento dos cidadãos. “O cidadão pode pressionar mais o poder local. Está ali perto, vê o que acontece. Ele pode levantar suspeitas e nós o ajudamos a encontrar os caminhos”, afirma Ziller.Além de promover audiências públicas, os voluntários visitam o prefeito e vereadores das cidades por onde passam, dando visibilidade e legitimidade para as ONGs locais. Além disso, fazem a ponte entre os líderes comunitários e órgãos que podem dar conseqüência às informações reunidas pelos cidadãos, como o Ministério Público, a Polícia Federal, a CGU e o TCU.As visitas são o principal instrumento do projeto Adote um Município, criado pelo IFC para dar uma espécie de assistência técnica às ONGs. A analista de controle externo do TCU no Rio, Michelle Glória, embarcou com os colegas para a 32° caravana do IFC no interior paulista, em agosto. Para isso, reservou três dias de suas férias para a missão. Ficou tão entusiasmada com o que viu em Mirandópolis que resolveu se tornar a madrinha da ONG local.“Fiquei impressionada com a capacidade da caravana de estimular os moradores”, diz Michelle, que tem orientado a Organização de Defesa da Cidadania de Mirandópolis (Ordem), sobre como encaminhar dados de investigações da ONG. “A caravana nos deu mais força. Uma coisa é lutar sozinho, outra é com a ajuda de um grupo de auditores”, comemora Luiz Oscar Ribeiro, que dirige a ONG.

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