A Companhia Vale do Rio Doce trocou o gás pelo carvão mineral como fonte de energia da usina siderúrgica que vai construir no Ceará, cuja sócia majoritária é a coreana Dongkuk. A decisão foi tomada 15 dias depois de os governos de São Paulo e do Rio suspenderem o fornecimento de gás para empresas e postos de gasolina nos Estados, para garantir o fornecimento a usinas termelétricas.
O anúncio foi feito pelo presidente da Vale, Roger Agnelli, depois de reunião com o presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), ontem, no Planalto.
O contrato para a construção da usina será assinado no dia 20, mas o empreendimento não vai mais se chamar Ceará Steel. A intenção das sócias é mostrar que esse é um novo projeto, com fonte de energia diferente, depois do mal-estar político causado em torno do fornecimento de gás da Petrobras a preços subsidiados. A estatal iria fornecer o gás a US$ 3,20 o BTU, em troca de 100 mil toneladas de aço por ano, com 40% de desconto. O IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia) chegou a entrar na Justiça para impedir o acordo com a Ceará Steel, sob o argumento de que a nova siderúrgica produziria com custos menores, desequilibrando o mercado.
"[O gás] era uma pedra no sapato da Petrobras, da Vale e do governo. Agora a Petrobras economiza por não ter que levar o gasoduto até o Ceará", ponderou Agnelli, quando questionado se a decisão de mudar a fonte de energia foi da empresa ou um pedido do presidente Lula.
Agnelli negou que tenha recebido críticas de Lula de que a empresa investe mais no exterior do que no Brasil. Argumentou que a maior parte dos investimentos da mineradora é feita no país, e não só em mineração, mas também em logística e energia.
O investimento na nova usina siderúrgica do Ceará será de US$ 1 bilhão, e a produção inicial, de 2,5 milhões de toneladas de placas de aço por ano. A capacidade produtiva total será de 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano.
Fonte: Ceará Agora - 16 NOV 07
