O amv é um aparelho que permite o trem passar de uma via para outra. Ele é composto por duas lâminas móveis, as agulhas ou chaves, as quais podem se deslocar entre os dois trilhos da via. Quando as rodas do truque ferroviário entram no amv, elas são direcionadas para frente ou para o desvio, em função da posição das lâminas. Ainda compõem o amv o coração ou jacaré e os contra-trilhos.
Como as agulhas do amv são as únicas peças móveis da linha ferroviária elas sofrem grandes esforços, eles são construídos com aços resistentes composto de ligas especiais de manganês. Quando o amv é acessado pelo lado das lâminas diz-se que ele é pego pela ponta, caso contrário pelo salto ou calcanhar. Segundo sua disposição geométrica, o amv pode ter designações diferentes como curvo, paralelo ou de travessia, quando localizado numa interseção de várias vias.
O ângulo de desvio das agulhas é função de sua utilização. Se utilizados em linhas de manobras, o raio de curvatura deve atender a 180 m para um ângulo de 1°. Em vias livres, para o amv permitir o tráfego trens de alta velocidade em posição de desvio, o raio de curvatura deve ter 3.000 m para um ângulo de 0° 18’. Certos aparelhos permitem que manobras pelo desvio (salto) as próprias rodas acionem as agulhas no amv e as linhas do TGV - Trem de Grande Velocidade têm coração móvel.
A condição sine qua nom para a segurança da circulação é o amv ter as agulhas na posição fechada, ou seja, permitir a circulação na linha principal. A maioria dos descarrilamentos ocorre quando as agulhas não estão fechadas. Para minimizar essa situação foram inventados diferentes dispositivos. No início da era das ferrovias, um manobrador ficava a posto na via para manter as lâminas na posição correta. Posteriormente, foram utilizados contrapesos que sob ação da gravidade mantinham as agulhas na posição correta. Esses equipamentos eram comandados de pontos de controle através de cabos e roldanas. Hoje, os Centros de Controle Operacional (CCO) operam os aparelhos de mudança de vias através de centenas de pequenos servo-motores elétricos.
O amv é particularmente vulnerável a neve e ao gelo que podem bloquear o livre movimento das agulhas. Para minimizar esse inconveniente é utilizado o aquecimento do amv através de aquecedores elétricos ou a gás. Por isso, é comum ver durante o inverno dezenas de botijões de gás propano, semelhantes aos usados nos fogões domésticos, ao longo das linhas e estações da Europa.
Referência bibliográfica
Encyclopedie des Chemins de Fer - François Get et Dominique Lajeunesse - Editions de la Courtille - Paris - 1980 - 557p.