Terça, 26 Novembro 2024

PERISCÓPIO Nº 216 


Pontos-chave:

1) O programa de investimentos públicos certamente será reduzido e/ou postergado como resultado do ajuste fiscal.

2) Tais reduções afetarão diretamente os portos públicos. Mas, também, a implementação de muitos dos cerca de 40 TUPs autorizados recentemente.

3) Há muito havíamos nos desacostumado com filas de navios; agora de volta. Que pelo menos elas sejam indício de que os US$ 3,9 bilhões de déficit comercial, em 2014, não se repita nesse 2015; contribuindo para abreviar a temporada de ajustes.


 

Talvez a única certeza é que estamos em processo de ajustes. Sua extensão, profundidade e implicações ainda não estão claras. São inúmeras as variáveis intervenientes, nem todas mapeadas e com tendências definidas; o que dificulta o estabelecimento de resultantes; p.ex., sobre os portos brasileiros.

A começar pelo denominado ajuste fiscal, agora na sua fase de tramitação congressual: O programa de investimentos públicos (portos, ferrovias, rodovias, hidrovias, cabotagem, entre eles) certamente será reduzido e/ou postergado; mas em que proporção e como serão os cortes distribuídos depende da configuração do que for negociado e aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Tais reduções afetarão diretamente os portos públicos, obviamente. Mas, também, a implementação de muitos dos cerca de 40 TUPs autorizados desde meados do ano passado. Isso porque, se estes são privados no que toca o terminal, em si, eles são em muito dependentes de equipamentos públicos para seu pleno funcionamento e eficiência; principalmente para seus acessos (aquaviários e terrestres).

Curiosamente, se filas de caminhões (01, 02) tem nos acompanhado nos últimos anos, há muito havíamos nos desacostumado com filas de navios: Pois é, elas estão de volta nesse final de verão brasileiro. Estima-se que haja cerca de 150 navios aguardando para embarque, principalmente de soja e seus derivados.

Dois fatos contribuem para o quadro:

De um lado, como um dos subprodutos do mesmo ajuste fiscal e do quadro de incertezas em que vivemos, o Real vem se desvalorizando frente às moedas estrangeiras; mormente o Dólar (alta de quase 40% nos últimos 12 meses). Tal variação mais que compensou as perdas da soja no período (19,7%), e, também, parcela das significativas reduções dos preços médios internacionais das principais comodities. P.ex: Minério de ferro 48,6% e petróleo 50%.

Por outro, a recente greve dos caminhoneiros, por vários dias, principalmente nas regiões sul, sudeste e centro-oeste (onde se concentra a maior parte da produção de grãos), atrasou vários embarques estimulados pela desvalorização cambial: Em fevereiro o embarque de soja totalizou, apenas, cerca de 870 mil toneladas (ante as 2,79 milhões do mesmo mês em 2014).

Que pelo menos as filas nos sejam um indício de que os US$ 3,9 bilhões de déficit comercial em 2014 (o primeiro desde 2000; e o maior desde 1998) não se repita nesse 2015; dando sua contribuição para abreviar a temporada de ajustes.

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