Operacionalmente, um porto é produtividade. Em toda a sua história, porto nunca foi construído como o negócio essencial, por ter outra necessidade ou desejo por trás.
A diversidade de opiniões origina-se do fato de que os pensamentos estão sendo dirigidos por caminhos diferentes e não está sendo considerado o mesmo objetivo. O recente anúncio do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, sobre a desestatização do Porto de Santos, “de colocar todas as alternativas na mesa e que um estudo vai mostrar onde se cria mais valor”, motivou um debate com argumentos valorosos do engenheiro consultor Frederico Bussinger. “Como criar valor em diretriz de política pública, em termos de escopo, balanço e apropriação?”
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Artigo | Frederico Bussinger
* Valor e valores portuários
Nessa linha, Bussinger busca evidências: “valor da empresa administradora/Autoridade Portuária? Do complexo portuário? Do arranjo logístico? Do PIB regional? Nacional? Qual o objeto cujo valor criado/agregado deverá ser avaliado/cotejado pelos consultores?” Como que propondo um processo de reflexão consequente, aborda “também o simétrico: tão usual como criação/ agregação, é “queima”/destruição de valor, algo praticamente inevitável em qualquer processo de transformação. A análise abrangerá, apenas, os valores criados/agregados? Ou ponderará uns e outros para produzir um balanço que, em última instância, orientará o processo decisório?”
Editorial | Portogente
* Método Bussinger para melhorar portos brasileiros
E destaca “dois indicadores como pilares da macroeconomia: PIB e distribuição de renda. De igual forma, tanto quanto o balanço cogitado, para orientação de políticas públicas, é a identificação/avaliação dos beneficiários pelos ganhos e os afetados pelas perdas de valor portuário. Inclusive em termos regionais”. Assim, Bussinger contribui com um espaço maior para uma reflexão mais profunda e ampla sobre as relações entre o propósito anunciado pelo Ministro Tarcísio de Freitas e o universo portuário. De forma a apresentar o objeto em carne e osso.
Editorial | Portogente
* Por que não landlord port?
Como dois engenheiros, Tarcísio e Frederico têm um caminho comum que lhes parece mais adequado e mais rápido para atingir o fim desejado. O ministro já disse ser hoje mais simpático ao modelo landlord port, como também Bussinger defende-o. Na ótica do engenheiro e professor doutor Antonio Galvão Novaes, “em Engenharia, o ótimo é inimigo do bom. Bem como, uma das características mais importante do engenheiro moderno, é a visão sistêmica, isto é, a visão que consiste em encarar a realidade física, social e econômica como um conjunto complexo atuando de forma integrada e interdependente”.
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* Porto de Santos na travessia para uma Nova Abertura
Portogente respalda esse debate. O ponto considerado pelos dois engenheiros é o modelo de autoridade portuária/gestão portuária, cujo papel essencial não é ser um bom negócio em si, em portos de operação privatizada. Decerto, um grande passo na história do Brasil inovador.