Um porto é um nó dinâmico nas redes internacionais de produção e distribuição. Compreender seus fatores que determinam sua peculiaridade é fundamental para se construir sua competitividade.
Parece sem retorno a decisão do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, de privatizar as autoridades portuárias no Brasil. É uma mensagem inequívoca de pôr um fim à ingerência política nas decisões, à base de propinas, das administrações dos portos. O caso Libra, no Porto de Santos, foi emblemático dessa cultura. Consequentemente, levou ao insucesso um projeto com muita probabilidade de êxito. Porém, privatização não é panaceia.
Descentralização vem antes de privatização. Imagem: Freepik.
Leia também
* Autoridades, com autoridade? (*)
Cumpre lembrar que as forças armadas não são privatizadas e políticos tampouco fazem dos investimentos nesse setor fontes de enriquecimento ilícito. A questão é curar a dor de cabeça preservando o pescoço, bem diferente de utilizar a guilhotina como cura-tudo. Tampouco a produtividade de uma administração portuária é competitiva pela injeção de dinheiro e gestão de investidores. Trata-se, essencialmente, da interação de muitos e múltiplos interesses no jogo do comércio mundial do Brasil.
Opinião Fabrizio Pierdomenico
* Privatização de Portos Públicos
O aprimoramento urgente das administrações portuárias brasileiras deve se constituir em um processo, cujo primeiro e inexorável passo é a descentralização das suas decisões de Brasília. É a partir dos seus efeitos que deve nascer a razão da próxima ação. Não de um balizamento por um discurso do “privatiza geral”, sabe-se lá o porquê. Convém também adotar o modelo Landlord Port aprovado por mais de 90% dos portos relevantes do mundo. Este é o conselho da comunidade portuária nacional.
Opinião Frederico Bussinger
* Governança portuária
As estatísticas históricas da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) demonstram que as movimentações dos portos brasileiros são crescentes. Entretanto, sempre haverá muito a ser feito para aumentar as suas produtividades, incorporando novas tecnologias e formas inovadoras de produzir. É o caso da tecnologia 4.0. Operar com escala e agilidade, praticando tarifas competitivas, são os resultados do Landlord Port mundo afora. No entanto, não é possível demonstrar que a privatização garanta tal sucesso.
Debate
* WebSummit Nova Abertura dos Portos
Por suas realizações, o ministro Tarcísio vem se destacando na equipe de Bolsonaro. Sua competência atestada e o trânsito fácil nacionalmente delineiam um invejável horizonte político. Note-se, são credenciais manifestas para implantar o modelo de gestão descentralizada Landlord Port, visando promover decisões alinhadas com o negócio e a comunidade do porto. Com o propósito de firmar um marco histórico dos portos do Brasil.