“Planos não ganham guerra;
planejamento sim”
(Atribuído a Roosevelt)
Pacto é a palavra da semana: A Presidente da República propôs 5. O do Senado mais 2. Governantes, parlamentares, entidades e analistas aventaram alguns outros...
Não há registros dele nas manifestações. Ninguém o interpretou como “eco das ruas”. Mas serviços públicos de qualidade, cumprimento de orçamentos e cronogramas, fim de “elefantes brancos”... dificilmente serão logrados sem mudanças de posturas e de paradigmas: Sem que planejamento passe a ser visto e desenvolvido como pacto!
Tornou-se bordão que “falta planejamento no Brasil!”. O diagnóstico é correto; mas a resposta/terapêutica tem sido mais planos... e não mais e melhor planejamento. E a diferença não é banal: No planejamento, tão importante quanto o plano é o processo!
Necessidades de re-trabalhos (como escavações em asfaltamentos recém-concluídos), onerando custos e prazos, certamente resultam de mau (ou inexistência) planejamento... que poderiam ser evitados se os diversos interessados e atores (stakeholders) fossem envolvidos no planejamento. Se o plano tivesse sido pactuado!
Obras paralisadas depois de iniciadas; planos ignorados nos processos decisórios (PDZs, p.ex); reabertura de discussões em empreendimentos já licenciados; desencontros de cronogramas entre obras complementares (portos & acessos; eclusas & derrocamentos; dragagem de canal & de berço) são também exemplos, infelizmente frequentes no Brasil, do que poderia ser evitado se planos resultassem de processo de pactuação (governos, empresas e segmentos da sociedade).
Isso é válido em geral. No caso dos portos, uma “PPP implícita” (2) de múltiplos atores, então, imprescindível... mesmo porque, envolvimento facilita comprometimento!
Tais dificuldades são históricas. Houve/há até alguns cases e ilhas de excelência. Mas parece que generalizou-se e piorou muito no passado recente; talvez porque a marquetagem tenha aumentado sua influência sobre nossa vida política e administrativa pública: Planos, projetos, ações... de impacto precisam ser noticiados. E, isso, estimula o segredo até a última hora... conspirando com o processo participativo e de negociação - sem o que é quase impossível cogitar-se de pactuação.
Há outras mudanças que podem (nos) ajudar:
1) Ouvir é diferente de pactuar: Tornou-se “politicamente correto” abrir-se espaço para manifestação de atores e interessados. Fala-se, ouve-se... e, muitas vezes, adota-se o que se quer - no limite nada. Ouvir é diferente de pactuar!
2) Mudança cultural/conceitual: Pleitos são pleitos; ideias são ideias; propostas são propostas: Sempre terão o seu lugar. Mas seria bom se fossemos mais rigorosos, não os codinominando de planos!
3) Estratégia: Se o ponto de partida fosse a clara definição do problema a ser resolvido (e não a tecnologia, o equipamento, o terreno... disponível e/ou que se quer usar) muito tempo, energia e recursos seriam poupados.
4) Métodos: Pactuação, é curial, requer debates. Mas esses, em eventos ou GTs, precisam ser conduzidos com métodos que explicitem as disjunções, trate-as e encaminhe sínteses e conclusões.
E, obviamente: O que é planejado é para ser executado; certo?