“Vontade Política” é presença frequente em discursos, entrevistas ou debates de temas públicos. Meio que curinga livra, até transmitindo certa sabedoria, inadimplentes e surpreendidos. Baseado em exemplos concretos, brasileiros, “Por que o Óbvio não Acontece?” trata da disjunção entre ideias/discursos e realizações, e estimula respostas de leitores. Bingo! Entre centenas, ela a grande campeã!
De tão mencionada, dá até para identificar alguns de seus traços constitutivos:
Você já percebeu que ela é utilizada, quase sempre, para explicar não realizações? Insucessos? (Dai a companhia da palavra “falta”). E tem uma vantagem: Como atraso de avião, a justificar furos em compromissos, ela é quase axiomática: é aceita sem contestação e, por vezes, com solidariedade.
Lógico! Ela é sempre algo que falta ao outro: Difícil vê-la como autocrítica ou atribuída a amigos ou correligionários. Quase sempre é tratada como atributo individual, genético, atemporal e independente do contexto ou da conjuntura. Ou seja: alguém, por DNA ou inspiração, tem-na ... ou não a tem!
Em síntese: genética, individual, justificadora do insucesso e atributo do outro, na prática ela se converte em misto de acusação (a terceiros) e álibi (pessoal); um álibi para a inação. Melhor: para a minha inação!
“Realidade objetiva” e “correlação de forças” são categorias/institutos analíticos do materialismo dialético... pena que hoje meio em desuso! Mas, certamente, esclarecem melhor o que seja “vontade política”; esse todo poderoso vetor que estimularia decisões e garantiria suas implementações. Some-se marketing e tecnologia da informação e constatar-se-á que ela é mais desenvolvida que nata; mais coletiva que individual; e resultado direto de legitimação social.
Engano! Planos e projetos ficam pelo caminho nem tanto por falta de “vontade política”. Mais por suas utilidades duvidosas, não envolvimento de atores nevrálgicos nas concepções, ou fundados em modelos econômicos e jurídicos frágeis; apressados.
Maiores taxas de sucesso em projetos infraestruturais e logísticos brasileiros requerem novos padrões de planejamento, projeto, processo decisório, e gestão; maior legitimação... talvez as primeiras “vontades políticas” a serem desenvolvidas!
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