Poucos discordarão: i) A obsolescência do Porto do Rio avança, podendo vir a comprometer tanto suas condições operacionais como sua competitividade no futuro próximo; II) Nos projetos da zona portuária do Rio (portuários e urbanos) “.. se revela uma considerável desarticulação... um projeto pouco dialoga com os outros”.
Leia também
* Porto do Rio: ameaças e oportunidades (I)
* Porto do Rio: mitos no caminho do desenvolvimento... certamente sustentável (II)
Da desarticulação, o imbróglio do “Pier-Y” é apenas sua face mais visível e que, certamente, demandará ajustes. Comprovam a obsolescência as iniciativas dos atuais arrendatários (para requalificar e ampliar seus terminais) e da própria CDRJ (de revisar o atual Plano de Desenvolvimento e Zoneamento – PDZ, o plano diretor do Porto). Isso porque, tanto muitas das instalações e sistemas carecem de manutenção/substituição, como porque a mudança de tecnologias (tamanho e calado dos navios, particularmente) tornaram as atuais infraestruturas inadequadas. Também há novas demandas (apoio às explorações offshore, p.ex).
Uma preliminar é se o Rio deverá (ou não!) seguir tendo um porto para cargas. A discussão é pertinente mas, observando-se o cenário mundial, vê-se não haver incompatibilidade intrínseca entre portos e cidades (exemplos nos links abaixo).
Mas, se é para seguir tendo, por que não se aproveitar a oportunidade e se conceber um projeto na linha das referências internacionais? Por que não a melhor articulação porto-cidade? Por que não analisar-se e conceber-se o projeto portuário (PDZ) e urbano (Porto Maravilha) de forma articulada, com melhores resultados globais?
Para tanto, há que que se superar diversas incompreensões, preconceitos e mitos: porto e cidade não são inexoravelmente incompatíveis; espelhos d’água não são inexpugnáveis (alias, hoje é a alternativa preferida!); carga e passageiros não são excludentes... é o que mostram as experiências de Barcelona, Londres, Hamburgo e inúmeros outros exemplos dos links abaixo).
Mesmo para o Porto do Rio já houve estudos para seu desenvolvimento através da redefinição das linhas de costa/cais (como vem sendo feito desde o Século XIX - link-I). Um deles através de aterro, outro criando-se um porto-ilha (link-X).
Todavia, essas alternativas podem ser potencializadas, avançando-se toda a linha de cais por uns 300, 500, 700 metros. Gerando-se novas e imprescindíveis áreas (mormente com a demolição da Av. Perimetral), vencendo-se os limites atuais demarcados pelos armazéns e cais atuais, liberando-se tais áreas para uso urbano, dando mais destaque aos bens tombados e viabilizando-se mais áreas públicas, para lazer, comerciais e, eventualmente, também, residenciais (diversas experiências nos links). Também, a implantação de uma avenida entre os atuais armazéns e a linha de cais.
Tudo isso, viabilizaria uma maior harmonia e melhor “acabamento” ao projeto “Porto Maravilha”.
Projetos? Há diversas alternativas! O importante é definir-se essa diretriz.
Planos de Desenvolvimento Porto-Cidade: Algumas Experiências
* Parte-V: Europa (Redesenho de "Waterfront")
* Parte-VI: Europa (Portos Urbanos)
* Parte-VII: Europa (Marseille e Hamburgo)
* Parte-VIII: Similaridades (Genova)
* Parte-IX: Similaridades (La Spezia)
* Parte-X: RJ – Redesenho do "Waterfront": Alternativas Estudadas
Próximo: “Projeto X Plano X Planejamento”