Editorial | Coluna Dia a Dia
Tempo é a medida dos negócios (Francis Bacon)
Num eventual fracasso na implantação dos importantes projetos anunciados para o Porto de Santos, espera-se não frustrar, mais uma vez, a centenária promessa da travessia a seco do canal de acesso aos cais do porto, ainda com muitas etapas a serem vencidas. A definição da empresa vencedora da licitação para implantar o túnel submerso é uma cena semelhante a já ocorrida há 27 anos, com uma firma alemã. A implantação do canteiro de obras desse túnel está prevista para janeiro próximo.
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Se o governo Lula – que carrega a marca histórica de ter entregado a transposição do Rio São Francisco, uma das obras mais simbólicas e desafiadoras do Nordeste – não conseguir implantar o STS10, as impressões políticas e institucionais, provavelmente, serão fortes e inevitavelmente negativas. Eis as principais percepções que isso tende a gerar no debate público. São sensações que ficariam para a opinião pública e para o setor portuário.
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De pronto, avulta o sinal de enfraquecimento da capacidade de entrega. Pois, a transposição do São Francisco usada pelo próprio governo, como exemplo de capacidade de execução, superação de entrave e visão estratégica, no caso do fracasso do STS10, porém, transmite a ideia de que o governo perdeu a capacidade operacional. Pois, não consegue destravar obras mais simples, em comparação com o megaprojeto concluído no passado.
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A transposição envolveu coordenação política, planejamento e reação a pressões locais e ambientais. Já o STS10 requer: alinhamento entre ministérios, APS, TCU, Antaq, associações setoriais e investidores; clareza regulatória, defesa técnica e política consistente do modelo proposto. Se não sair do papel, a impressão será de desgoverno, falta de articulação e perda de comando sobre a agenda de infraestrutura.
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O setor portuário é altamente sensível à previsibilidade regulatória; estabilidade jurídica e clareza nos projetos de concessão. O eventual fracasso na implantação do STS10 vai gerar a percepção de que o Brasil está travado em burocracia, que faz com que projetos estratégicos possam morrer na praia. No caso, o país não sabe aproveitar janelas de demanda global em contêineres. Para investidores internacionais, isso ecoa diretamente no risco-país.
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No mesmo grau de importância setorial do STS10, na área de turismo marítimo, o terminal de passageiros Concais, no Porto de Santos, também aguarda definições cruciais. Trata-se de uma infraestrutura estratégica — não apenas para a economia local, mas para o posicionamento do Brasil no competitivo mercado internacional de cruzeiros.
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