Quarta, 26 Novembro 2025

Editorial | Coluna Dia a Dia

Enquanto o atual presidente dos EUA degusta seu peru (ou Peru) de Ação de Graças e talvez beba um cafezinho (brasileiro, com tarifa enfim reduzida), e hesita entre usar a elite de sua força naval (de prontidão no Caribe) para atacar ou não o colega Maduro por conta de suposto fentanil que nem sai da Venezuela (em vez de impedir a entrada das drogas nas próprias fronteiras), o Brasil começa a voltar as atenções para outro presidente estadunidense.

Na verdade, Presidente Kennedy é o nome dado a um município do Espírito Santo (com 14,85 mil habitantes, perto da divisa com o Rio de Janeiro), que deve se agigantar no mapa portuário nacional e fazer inveja a muito superporto por aí. A construção ali do Porto Central foi iniciada quase um ano atrás (mais precisamente em 4/12/2024) e a primeira etapa deve ficar operacional até dezembro de 2027.

O nome do porto se refere à sua localização no mapa: dista em linha reta 3035 km até Oiapoque/AP (por mar, uns 4.473 km, contornando o litoral) e uns 1846 km até Chuí/RS. É... mais ou menos “central”... vale o ‘marketing’...

Veja mais: Porto Central - canal oficial Youtube

Já nasce com águas profundas (20 metros na fase 1 e até 25 metros com todas as cinco fases concluídas no ano 2040) e preparado para receber “os maiores navios do mundo”, como disse no início das obras a gerente comercial Jessica Chan.

Com previsão para 54 berços de atracação, destinados a operações de petróleo, grãos, contêineres e outros produtos, o porto terá desde o início mais um diferencial: um plano logístico integrado, que inclui a rede de acessos rodoviários, ferroviários e dutoviários em todo o sul capixaba.

O projeto inclui um complexo industrial-portuário “planejado para acomodar terminais e indústrias multipropósitos, incluindo movimentação e armazenagem de granéis líquidos (como ‘bunker’ e combustíveis), granéis sólidos, grãos, fertilizantes, minerais, contêineres, cargas gerais, gás natural, apoio ‘offshore’ e estaleiros”, segundo explicou então o diretor Ângelo Santos. Faz parte dos planos também a instalação de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

Veja mais: Porto Central define cronograma de obras e início de operação no ES - A Gazeta/ES, 2/12/2024

Num tempo em que os navios seguidamente crescem e exigem cada vez mais profundidade nos acessos aos portos, merece particular atenção que o novo complexo capixaba já começará com quase o dobro da profundidade média dos principais portos brasileiros: de 20 a 25 metros, contra uns 13 metros dos demais.

Veja mais: Porto Central: O Megaprojeto de US$ 5 BILHÕES que Pode Reposicionar o Brasil no Comércio Mundial – canal Alameda/Youtube, 17/9/2025

Então, se o transporte marítimo não sofrer alguma reviravolta inesperada, e outros portos não acompanharem o crescimento dos supernavios, acabará acontecendo com eles o que se passou com muitos portos litorâneos, outrora de grande importância, hoje restritos ao uso pesqueiro ou turístico.

Veja mais: Porto Central no ES recebe R$ 16 bilhões em investimentos e quer inserir o Brasil nas principais rotas globais - Click Petróleo e Gás, 16/7/2025

Considerando o porte e a morosidade das obras necessárias para outros portos se adaptarem aos novos cenários do transporte, especialmente na fase das licitações (que tendem a demorar mais que as obras propriamente ditas...), fica visível que ou alguém assume – com pulso firme – o leme desse negócio, ou quem vai à deriva é... o porto.

Veja mais: Por que Esse Porto Está Deixando o Mundo de Olho no Brasil? - Construction Time/Youtube, 15/7/2025

Para quem pensa que dá para esperar um pouco mais, os investidores nesse projeto dão o recado: ele vem justamente para resolver os gargalos históricos dos outros grandes portos brasileiros: ter bons acessos terrestres, ser mais eficiente, oferecer mais competitividades para os produtos brasileiros e reduzir custos decorrentes de infraestrutura portuária restrita e sem capacidade para operar com superpetroleiros tipo VLCC, graneleiros tipo Valemax e os grandes porta-contêineres.

Porto Central quer se comparar em eficiência nada menos que com Rotterdam, Singapura e Xangai...

Veja mais: Porto Central de Presidente Kennedy - canal Ronaldo Santos/Youtube, 26/5/2025

Como cita o engenheiro e economista Frederico Bussinger, em profunda análise do futuro portuário, não basta ‘pensar raso’ (desculpem os trocadilhos...) sobre canais de acesso, é preciso atentar para a obsolescência dos equipamentos e das estruturas atuais, frente aos novos desafios: “...os navios cresceram (em tamanho) e muitos demandam mais profundidade (calado)”.

Isso significa ampliar consideravelmente as instalações em terra (ou, como ele observa, sobre espelhos d’água), vencendo questões ambientais que em outros lugares já foram superadas com o uso de novas tecnologias.

Veja mais: Futuro portuário está mais sobre água que sobre terra - Portogente, 18/11/2025

especial 67

Porto Central está em construção, para “resolver os gargalos dos demais portos nacionais”

Imagem de projeto: Divulgação/Porto Central

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*O Dia a Dia é a opinião do Portogente

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