Domingo, 29 Dezembro 2024

O produtivo – para não dizer verborrágico – Flávio Viegas Amoreira chega com nova obra literária, Sampoema, projeto que reúne a poesia do autor santista com xilogravuras de Moisés Edgar em uma belíssima homenagem São Paulo num volume da Tipografia Acaia, braço editorial do Instituto Acaia, que mantém oficinas de marcenaria, artes e biblioteca para 80 crianças, 120 adolescentes e 60 adultos da Favela da Linha, da Favela Japiaçu/Nove e do Cingapura Madeirite, nos arredores do Ceagesp, em São Paulo.

 

 

Já publicado no Rio de Janeiro pela 7letras e em São Paulo pela Dulcinéia Catadora e agora pela Tipografia Acaia, percebemos na obra de Flávio Viegas Amoreira um projeto de exportação para o Brasil da poesia escrita às margens paulistas do mar, sob o que o autor chama de “sentimento atlântico do mundo”. Seus livros são contêineres carregados de letras, palavras e sentidos que saem do Porto de Santos em direção às sensibilidades de todo o País (e ainda tem gente que, por causa das posições críticas do autor, acha que ele fala muito e escreve pouco).

 

E é da perspectiva do habitante do litoral que ele canta São Paulo:

 

o Mar é longe / oceanos empoçam castelos
de areia
entro por grutas / grotas / elevadores
capengam
shoppings da babilônia: não existem
ponte além de
muretas guaritas tiras do ouro bandeirante
nada insiste subsiste uma vista onde
nunca se
encaixa ao mesmo tempo ao todo se situa
onde mora o deserto é menos só que na
Augusta

 

Ou em outro trecho, em que o fetiche de descanso do paulistano, a praia, toma o significado de local preferido:

 

a Paulista é minha praia: ondas de pressa
e cimento
do Jaraguá vejo-te: cosmovo
Sampa é o único mundo de quem perdi
o medo
Nu era o começo indistinto agora
reconheço

alamedas / janelas / quartos de estória
em cada cômodo um coito / parto /
falecimento
águas pútridas / córregos em trânsito /
pirajuçaras

 

Trechos de Sampoema foram lidos pelo autor em Santos, no último sábado (24), no Espaço Corisco Mix, durante o Sarau Poemix, que contou também com leituras de Marcelo Ariel com o seu Tratado dos Anjos Afogados. Os dois foram acompanhados pela guitarra deste colunista, mas isto não vem ao caso. Na ocasião, os dois ainda leram textos que publicaram no mais recente número da revista Polichinelo, publicada em Belém.

 

Referências

Flávio Viegas Amoreira e Moisés Edgar. Sampoema. São Paulo: Tipografia Acaia, 2008.

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