Além de afirmar que se arrepende de ter escolhido FHC como candidato a presidente, minimiza o papel do sucessor na condução do Plano Real ao mesmo tempo em que reivindica para si a condição de protagonista no lançamento da moeda. Também se mostra indignado pelo fato de os tucanos afirmarem que são os pais da lei que criou os genéricos. Sobre o episódio, relata o que conversou com Jamil Haddad, ex-ministro da Saúde durante sua gestão. "Ninguém me escuta, Jamil. Não sou mais nada. Você, como presidente do PSB, é uma autoridade e poderá afirmar que nós criamos a lei dos genéricos", lamenta Itamar.
No vôo de São Paulo a Washington, reli Um Teto Todo Seu. O ensaio é uma delícia, cheio de verve e fina ironia. Mas me pergunto se o argumento de Virgínia Woolf não é datado. Para ilustrar a desigualdade entre homens e mulheres, ela inventa uma irmã para Shakespeare, a quem chama de Judith e a quem atribui um talento ainda maior do que o do dramaturgo. Mas, ao contrário do irmão, Judith não foi à escola, não leu Ovídio nem Virgílio. Se o pai a pegava a folhear um livro, dizia-lhe que o pusesse de lado e fosse remendar meias e cuidar do guisado.Ora, um gênio como o de Shakespeare não nasce entre pessoas sem instrução, diz Virgínia Woolf. Com certeza. Mas o que diria ela ao ler os “Indicadores do Desenvolvimento” publicados pelo Banco Mundial? Na escola secundária, o número de meninas é superior ao de meninos em 84 países (entre 171 países). Na universidade, as mulheres são mais numerosas do que os homens em 83 países (entre os 141 para os quais a informação existe).Os números parecem indicar que, em 2008, a desigualdade entre homens e mulheres já não está no acesso à educação, como no tempo de Shakespeare. Pelo menos no caso das filhas das classes endinheiradas. As latinas que apóiam Hillary Clinton, entretanto, continuam a se queixar de sexismo.Com razão. Se as restrições que existiam no tempo de Shakespeare já não valem para as mulheres ricas, ainda parecem insuperáveis para as que trabalham em atividades urbanas informais de baixa produtividade. E com mais razão ainda no Brasil, onde a participação dos domicílios chefiados por mulheres entre as famílias indigentes quase dobrou entre 1992 e 2006, passando de 22% para 42%.Chegando em Washington, juntei jornais e revistas para me informar sobre a corrida presidencial. Aqui também existe a cisão das mulheres - tão clara no Brasil - entre as excluídas e as que têm acesso a privilégios antes considerados masculinos. E, talvez por isso mesmo, elas estão divididas no seu apoio a Hillary, embora esta seja a primeira vez que uma candidata mulher tenha chance de ganhar a eleição presidencial nos EUA.Para a campanha da candidata democrata, o resultado é devastador. Tradicionalmente, seis entre dez eleitores nas primárias são mulheres. Até fevereiro, Hillary tinha entre elas uma vantagem de 7 pontos porcentuais sobre Obama (e 24 pontos porcentuais de vantagem entre as eleitoras brancas). Mas Obama está virando esse quadro a seu favor.As mulheres negras de todos os níveis de renda se aliaram a ele, enquanto as brancas se dividiram. Mães, líderes sindicais e feministas estão correndo para o lado dele. As histéricas também. Jim Vicevich, âncora de um programa de rádio em Connecticut, contou cinco desmaios de mulheres durante os comícios de Obama.Essas notícias confirmam a incapacidade das mulheres de pensar de forma estratégica para a tomada do poder? As mulheres educadas e de classe alta podem se dar ao luxo de aderir a Obama, por que não precisam dos programas de saúde e assistência à mulher que Hillary prometeu a suas irmãs menos protegidas?Ou é Obama o melhor candidato? Ele conseguiu criar uma aliança entre os afro-americanos e a elite educada. E mudou a composição do eleitorado ao atrair centenas de milhares de eleitores com menos de 30 anos.É possível também que a questão étnica nos EUA seja mais importante do que a feminina. No final de 2007, um relatório do centro de pesquisa PEW sobre a desigualdade entre negros e brancos concluiu que os afro-americanos (como as mulheres!) estão rachados entre os valores da classe média negra e os dos grupos negros mais pobres. Quatro entre dez negros dizem que, por causa da diversidade no interior de suas comunidades, os negros já não podem considerar-se como uma única raça.Na segunda metade do século 20, o movimento de direitos civis e o feminismo varreram os EUA e transformaram a nação. Apesar disso, nas décadas de maior sucesso desses movimentos, o país tornou-se mais desigual. Entre 1973 e 2004, a renda real dos 20% mais pobres aumentou 20%, enquanto a dos 5% mais ricos aumentou 73%.Nos últimos 30 anos, a sociedade americana assistiu tanto ao aumento da desigualdade entre brancos quanto à persistência de desigualdades entre negros e brancos e entre homens e mulheres. Ao mesmo tempo, muitos indivíduos negros e mulheres gozaram de grande mobilidade.Hoje as diferenças já não resultam de formas públicas e privadas de opressão e discriminação. A desigualdade (tanto entre negros e brancos quanto entre homens e mulheres) resulta de processos iniciados na infância - como Virgínia Woolf percebeu tão bem - e que perpetuam a pobreza dos negros e das mulheres que nascem nos grupos mais vulneráveis.Obama está bem equipado para enfrentar esse desafio. Não apenas porque pode servir de modelo para o homem negro, mas porque se vê desempenhando exatamente esse papel: “Posso dizer verdades que outros candidatos terão mais dificuldade em expressar”, disse ele. “Posso falar da responsabilidade dos pais negros. Posso mostrar a eles que precisam se engajar no melhor desempenho educacional de suas crianças.”Antes de me despedir de Washington, fui ao teatro ver Major Bárbara, a obra-prima de Bernard Shaw. Como na maioria das peças do dramaturgo, uma heroína jovem descobre que suas crenças tinham sido construídas sobre areia. O entusiasmo da moça (que renunciara ao conforto para se unir ao Exército de Salvação) desmorona junto com seu mundo e sua fé, sob a força bruta do dinheiro do pai, dono de uma indústria de armamentos. O pai declara que a pobreza é um crime. Mas a doutrina de que a pobreza degrada pode ser usada mais para manter os pobres afastados do poder do que para fazê-los ricos. A divisão entre mulheres e entre negros pode ter o mesmo efeito. Eliana Cardoso é professora titular da EESP-FGV. Site: www.elianacardoso.com
O projeto final de construção do Aeroporto Internacional de Cargas e Passageiros de São Gonçalo do Amarante, na área da grande Natal, trabalha com o mais moderno conceito e estrutura aeroportuária do mundo: um Aerotrópolis. Ele será o centro de atividades e a principal ferramenta de desenvolvimento e organização de todo o seu entorno, na qual se pretende implantar rede hoteleira, estações de metrô e de ônibus, linhas férreas diretas para o porto de Natal.
Essa macrovisão foi apresentada pelo engenheiro Ibernon Gomes, o homem que está comandando a implantação do aeroporto. Para ele, poucos aeroportos (Pequim, Charles de Gaulle, em Paris e o de Hong Kong) já dispõem desta estrutura. O de São Gonçalo do Amarante, quando concluídas as pistas (e já chega a mais de 90%) poderá receber aviões como o cargueiro 374-400. o MD-11 e o A380, que tem capacidade par 840 passageiros.
Mas ele alertou que essa mega estrutura não é para já. O novo aeroporto será construído a medida em que a capacidade de movimentação de Natal exija. As etapas serão longas até atingir todo o seu potencial de 40 milhões de passageiros, o que é quase uma utopia e está muito longe de acontecer pois o de Guarulhos, em São Paulo, o maior do Brasil tem um movimento/ano, hoje, de 18 milhões.
Depois da seqüência de reajustes nos preços do feijão e do leite, chegou a vez agora do consumidor baiano pagar mais caro também pelo óleo de soja. Em menos de 20 dias, o produto já registra uma alta de até 60% em alguns supermercados localizados em Salvador. É o caso, por exemplo, do G.Barbosa, onde a garrafa pet de 900ml do óleo Soya, que em meados de fevereiro custava R$2,49, está sendo vendida hoje por R$3,99 – um incremento da ordem de 60,2%. Já no supermercado Preço Certo, em Ondina, a gerente Andréa Araújo confirma que o mesmo produto, antes encontrado por R$2,65, vem sendo comercializado atualmente por R$4,19, um aumento de 58% frente ao valor praticado há duas semanas.
O presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, participou, nessa terça-feira, 04.03, em Brasília (DF), de encontro com o Ministro da Secretaria Nacional de Portos, Pedro Brito.No encontro, foi discutida a situação dos portos brasileiros em relação às exportações, mesmo assunto tratado com a governadora Yeda Crusius, nessa segunda-feira, 03.03, quando foi apresentado relato da viagem a Dubai."O Brasil é grande exportador e tem deficiência nos portos que deve ser atendida com prioridade, principalmente na dragagem do porto do Rio Grande e no alongamento dos molhes da barra. Outros pontos a serem resolvidos são a taxa cobrada no período em que o navio fica aguardando para carregar, encarecendo a produção, e a taxa de cabotagem", ressaltou Sperotto.No final do encontro, foi criado grupo de trabalho com participação da CNA para buscar alternativas. O ministro garantiu R$ 1,2 bi do PAC em 2008 para melhoria dos portos. Carlos Sperotto também participou da posse do novo presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, deputado gaúcho Onix Lorenzoni."Teremos uma atuação forte auxiliando a Comissão, e a CNA colocou o departamento técnico à disposição do deputado". Nesta quarta-feira, o encontro será com o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para dar início às tratativas de reescalonamento da dívida agrícola. As informações partem da Assessoria de Imprensa da Farsul.