Caros leitores,
Hoje, continuaremos a abordar o tema das bitolas relatando as diferentes medidas encontradas em diversos países do mundo
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Em 1844, foi estabelecida na Espanha e em Portugal a norma de 6 pés castelhanos, quer dizer um pouco menos que 1,676 m. Nos Estados Unidos em 1880, havia 24 bitolas diferentes, a maior de 2,438 m na Estrada de Ferro de Oregon, mas em 1887, todas as grandes redes ferroviárias adotaram a bitola normal de 1,435 m.
Os ingleses que utilizavam em sua rede interna a bitola de 1,435 m, se defrontaram com numerosas dificuldades quando da construção das estradas de ferro de suas colônias. As primeiras linhas ferroviárias da África do Sul utilizavam a bitola stander, 1,435. Próximo das zonas montanhosas os ingleses adotaram uma bitola menor, a de 1,067 m, a qual se tornou norma em toda a África Britânica. Na Argentina, os ingleses construíram as estradas de ferro com diversas bitolas. Na índia, o governador geral Lorde Balhousie, impôs uma só bitola a de 1,676 m. Mas após sua partida no final do século XIX, foram construídas outras ferrovias com outras bitolas mais estreitas e por isso menos onerosas. Essa rede de linhas econômicas foi criada com uma função secundária mais rapidamente as linhas principais também adotaram a bitola estreita. Assim em 1947, havia uma maior quantidade de linhas métricas, 1,000 m, que as de bitola larga, 1,676 m, e de outras numerosas linhas com bitolas de 0,610mm a 0,762 m.
A bitola métrica 1,000 m foi escolhida por numerosas estradas de ferro de interesse local. Ela foi adotada na França, lei de 12 de julho de 1865, para a rede ferroviária de característica secundária, de pequena extensão e fraco tráfego, as quais impunham um programa de investimento mais econômico. De fato, a bitola métrica permitia um raio de curvatura de 100 m em plena via de circulação e raios menores nas estações e pátios, sem a necessidade de instalações complexas devido a menor circulação de trens, justificando o baixo investimento. Entretanto era obrigatório ter material rodante apropriado, menor, mais curto e menos potente.
Outros países adotaram também a bitola métrica: Portugal implantou no interior da região do Porto. Na Alemanha, as linhas de bitola pequena, 0,750 m e 1,000 m, totalizavam, no início do século XX, 2.200 km, num total de rede ferroviária de 60.000 km. Na Bélgica, a Société Nationale des Chemins de Fer, a empresa ferroviária nacional, as linhas de bitola métrica foram construídas paralelamente as de bitola normal, 1,435 m, resultando em uma rede densa, muitas vezes lado a lado das rodovias. Na Suíça, numerosas ferrovias de bitola métrica foram construídas financiadas pelas próprias vilas e cantões, como a Estrada de Ferro de Rhetiques.
Atualmente, a rede ferroviária européia é composta basicamente da bitola normal, 1,435 m, com exceção de Portugal e Espanha com 1,676 m, a Irlanda com 1,600 m e a Rússia e as ex-repúblicas soviéticas com a bitola de 1,524 m. Ainda é possível encontrar bitola métrica em algumas ferrovias da Grécia além da própria Suíça.
A bitola larga do Brasil 1,600 m que cobria originalmente os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais teve origem na compra de material rodante da Irlanda. Atualmente a Estrada de Ferro Carajás (Maranhão e Pará), a Ferrovia Norte Sul (Maranhão e Tocantins) e a Ferronorte (Mato Grosso do Sul e Mato Grosso) também utilizam a bitola de 1,600 m. Em diversos trechos da bitola larga é utilizado o 3º trilho que permite a circulação de trens de bitola métrica.
A bitola normal de 1,435 m é utilizada somente pela Estrada de Ferro de Macapá. As demais ferrovias são de bitola métrica.
Mapa das ferrovias brasileiras
Quadro das ferrovias brasileiras em 2005
No próximo artigo continuaremos abordar o tema bitola.
Referências bibliográficas:
Encyclopedie des Chemins de Fer - François Get et Dominique Lajeunesse - Editions de la Courtille - Paris - 1980 - 557p.