O Posto Semafórico do Monte Serrat foi uma entidade que muito contribuiu para o desenvolvimento do complexo portuário da região, a ponto de ser considerado os olhos do porto.
Do alto do Monte Serrat, onde ficava o Posto Semafórico
de Santos, a visão é ampla para o lado da Baía de Santos, permitindo ver os navios que adentram o Porto de Santos.
Foto de 1951. Acervo: Laire José Giraud.
Do serviço do posto, dependia a movimentação de todos os demais setores que tinham atividades a executar a bordo, a começar pelo prático, que era o primeiro a ir ao navio, a fim de garantir a segura entrada no cais. Posteriormente, a praticagem de Santos passou a usar o seu próprio posto de identificação de embarcações, no Monte Serrat. Era conhecido como Atalaia.
Cartão-postal do início da década de 1930, mostrando a Av.
Ana Costa em direção à praia, nota-se a inexistência de pré-
dios de grande gabarito. As maiores edificações que havia era
a do Parque Balneário e do Atlântico Hotel no final da grande avenida. A visão da entrada da Barra era ampla, conforme
mostra o postal. Acervo: Laire José Giraud.
Depois, o aviso do Semafórico era dirigido às autoridades, que seguiam então a bordo: Saúde do Porto, Alfândega, Polícia Marítima, a Imigração Federal e a Estadual.
Sinais
Os sinais eram feitos com bandeiras, durante o dia, ou lanternas, à noite, avisando a chegada dos cargueiros e transatlânticos na barra.
Fotografia de 1950 tirada para o lado do Paquetá,
onde se vê o Teatro Coliseu, a Catedral de Santos,
o Centro Português, a Alfândega do Porto de Santos.
Foto: Dr. Laire Giraud, pai do autor.
Pelo Posto Semafórico, passaram vários vigias. O Posto, aliás, não deve ser confundido com o Serviço de Praticagem, que era outra entidade independente do Semafórico. Os “olhos da praticagem” eram conhecidos como Posto da Atalaia, por onde passaram vários atalaiadores, entre eles Gerson da Costa Fonseca, e que mais tarde vieram a ser práticos do Porto de Santos.
Revezamento
Nos anos 50 trabalhavam no posto dois vigias, Eduardo Fernandes e Roberto Fernandes, que se revezavam em um trabalho que nunca parava: a sondagem do horizonte, a olho nu ou de binóculos, para reconhecer o navio que chegava. O jornal A Tribuna registrou o fato na edição de 27 de agosto de 1953, na página Porto & Mar.
Cartão-postal de 1930, mostrando a Cidade, da Igreja
do Carmo à antiga Alfândega, lados Paquetá e Macuco.
Vê-se no canto direito superior, o transatlântico alemão
Cap Arcona, atracado na altura onde hoje está a estátua
de Nossa Sra. De Fátima. Acervo: Laire José Giraud.
A seguir, após a identificação, o vigia passava as informações para as agências marítimas e para as repartições públicas, que enviavam seu pessoal para as devidas tarefas.
O Posto Semafórico foi literalmente os “olhos do porto”, olhos que nunca se cansavam de ver e vigiar em benefício da navegação no nosso cais.
Herança
O diretor do Serviço Semafórico do Porto, Waldemar Hayden Martins, herdeiro do posto, informou que a concessão para exercer a atividade data de 1921.
Ele acrescentou que seu pai, Waldemar Dias Martins, começou a publicar o boletim do Serviço Semafórico em 1944.
Cartão-postal de 1925, mostrando a Praça dos Andra-
das, Teatro Guarany, Bolsa do Café e o prédio da Wes-
tern Telegraph Co. demolido na década de 1970.
Acervo: Laire José Giraud
No final da década de 70, quando o Dentel, do Ministério das Comunicações, autorizou o serviço a utilizar o rádio, o posto do Monte Serrat foi desativado, já que não havia mais necessidade da vigilância visual.
Informática
Hoje, quem quer saber na hora quando um navio está entrando no porto pode obter a informação via BBS, um sistema que indica o momento exato que um cargueiro chega à barra ou ao cais.
A visão para o lado do Porto, vista do Monte Serrat, por
volta de 1929. No cartão-postal é visto a Hospedaria
dos imigrantes, as torres das Cia Docas de Santos e
o navio de passageiros britânico Arlanza, deixando o
porto, bem como a sede do Posto Semafórico, lado
direito. Nos pequenos mastros, vemos esferas que
eram códigos de sinais para os navios, autoridades
portuárias, fiscais e da saúde. Acervo: Laire José Giraud.
Acompanhando a modernidade, o Serviço Semafórico também ingressou na Internet, onde tem uma página, que pode ser acessada em: http://www.semaforico.com.br. O e-mail é: [email protected].
O escritório do Serviço Semafórico fica na Avenida Bartolomeu de Gusmão, 79, na Ponta da Praia, em local estratégico, de onde se avista, sem binóculos, a entrada de qualquer navio no porto.