Domingo, 05 Mai 2024

Navio de grandes proporções, destinado a fazer

a travessia do Atlântico ou de qualquer outro oceano.

Dicionário Michaelis 

Navios de passageiros que faziam a travessia do Atlântico Norte

como o Aquitania do início do século XX, deram a origem à palavra transatlântico. (Acervo: Laire José Giraud)

Quantos livros espetaculares e interessantes, abordando transatlânticos, já foram lançados ao longo dos anos, tema que agrada em cheio os admiradores de navios que navegam pelos sete mares.

 

Tenho, em meu acervo, várias dessas obras de diferentes autores, que contam histórias desde os mais simples navios de imigrantes, chegando aos mais renomados dos anos dourados.

 

Ao meu ver, todos são maravilhosos, por informarem coisas peculiares desses que foram os maiores meios de transporte de passageiros através dos oceanos, até a chegada do avião, principalmente do jato, que fez sua primeira viagem oficial através do Atlântico Norte, em 1958. Paulatinamente foram tirando os viajantes dos navios de passageiros.

Um grande livro pictórico sobre o tema

transatlântico, é The Great Kuxury Liners

1927-1954, que abrange os numerosos

transatlânticos dos anos dourados.

(Autor: William H. Miller Jr.)

 

Felizmente, os transatlânticos são eternos. Foi encontrada uma nova função, pelos armadores e empresários de turismo, após o fim da era dos navios de passageiros. O turismo de lazer, ou seja, os cruzeiros.

 

Os navios sobreviventes foram reformados para a nova atividade e foram construídos outros especialmente para esse fim, que aqui chamo de Transatlântico de Cruzeiros, podendo ser também Navios de Cruzeiros. Que podem ser: marítimos, fluviais e lacustres, como vemos em diversos países do mundo.

A obra TransatlanticiA História dos Grandes Navios

de Passageiros Italianos, de autoria de Maurizio Eliseo

e Paolo Piccione, é recheado de fotografias dos transa-

tlânticos do século XIX e XX. Vale a pena tê-lo na biblioteca.

Vale lembrar que o primeiro navio construído para cruzeiro foi o britânico Caronia, que passou por Santos em 1953, com turistas estadunidenses, canadenses e europeus. O navio da Cunard Lines, ficou fundeado nas proximidades da Ilha das Palmas. O motivo, segundo contam, não foi por falta de calado no porto, mas sim em razão do pó causado pelo farelo de trigo que estava sendo descarregado de navios através de sugadores para os Moinhos Paulista e Santista, o que incomodaria os viajantes. Assim, o transporte entre o belo navio e a antiga Ponte dos Práticos, era feito através dos escaleres de bordo.

 

A partir do Caronia, batizado em 1947 pela Princesa Elizabeth (a Rainha da Inglaterra), os navios foram se modificando em todos os aspectos, até chegarem aos dias de hoje, onde encontramos inúmeros navios de lazer, nos quatro cantos do mundo. Existem várias modalidades de cruzeiros que agradam a todos os viajantes.

 

Quanto aos transatlânticos, vão dos mais simples aos mais sofisticados, que chegam a atingir dimensões monumentais e deslocamentos impressionantes, como o Voyager of the Seas, Queen Mary 2 e o atual maior do mundo, o Freedom of the Seas.



Capa do livro Transatlânticos em Santos 

1901/2001, que mostra de forma objetiva,

100 anos de transatlânticos que passaram

pelo cais santista, lançado em 2001. Na

capa, o transatlântico de tripulação portu-

guesa, Funchal.

Mas a denominação para esses navios é ampla, como: navios de passageiros, paquetes, transatlânticos, navios de cruzeiro.

 

Transatlântico, mesmo sendo um termo antigo, pois originou no tempo dos imigrantes quando cruzavam o Atlântico Norte em busca de uma nova vida, acho a palavra mais moderna para denominar os navios de cruzeiro. Acho antiga a denominação navios de passageiros, porque esses navios recebiam os passageiros em um porto, como Santos, e os deixavam em outro, como Buenos Aires. Aliás, esses navios na maioria são ferries, que são vistos no Canal da Mancha, no Báltico, no Mediterrâneo. Já os transatlânticos de cruzeiro, pegam os hóspedes de bordo (não são mais chamados de passageiros) num porto, fazem um roteiro e trazem os hóspedes de volta para o mesmo em que embarcaram. Por exemplo: Santos-Rio de Janeiro-Búzios-Ilhabela-Santos.

 

Um lembrete: os tripulantes que cuidam diretamente dos hóspedes de bordo, fazem parte do setor de hotelaria. Portanto, tudo muda no decorrer do tempo. Vamos aceitar o termo transatlântico de cruzeiro, que além de dar um ar mais nobre à embarcação, soa mais moderno do que navio de passageiros.

 

Os meus livros preferidos sobre o tema navios são: The Great Luxury Liners – 1927–1954 – A Photographic Record de William H. Miller Jr.; Transatlantici: A história dos grandes navios de passageiros italianos, (2001), de Maurizio Eliseo e Paolo Piccionu; Rota de Ouro e Prata de José Carlos Rossini; Paquetes Portugueses de Luis Miguel Correia.


A capa do livro Transatlânticos de Cruzeiros Marítimos 

O Passado no Presente, recebeu a foto do grande fotó-

grafo santista Tadeu Nascimento. A obra foi lançada em

2004, na pinacoteca Benedito Calixto.

 

Nos últimos anos, lancei seis livros, dos quais, dois são do tema navios, que são: Transatlânticos em Santos 1901/2001 e Transatlânticos de Cruzeiros Marítimos - O Passado no Presente. Este último conta de forma objetiva e simples, como surgiram os cruzeiros. Sessenta por cento dessa obra estão nas principais faculdades de turismo no Brasil, e ainda são solicitados por alunos para seus trabalhos (TCC).

 

Para finalizar, transcrevo parte de uma recente conversa virtual, mantida com o presidente da Praticagem do Porto de Santos, Fabio Mello Fontes, uma das pessoas mais preparadas em todos os aspectos, que já conheci no decorrer da minha existência.

 

O transatlântico Giulio Cesare, atracado na Praça Mauá, no

Rio de Janeiro, em 1971. Seu nome ficou ficou registrado no

Livro de Ouro do porto de Santos. (Acervo: Laire José Giraud)

 

Eis parte da conversa:

 

“O transatlântico virou substantivo comum para designar qualquer grande navio de passageiros embora tivesse tido sua origem nas travessias do Atlântico Norte por estes navios à época das grandes imigrações para os Estados Unidos. Aí nasceu o termo. Como hoje muita gente acadêmica aborda com espírito romântico esta temática, temo que para o futuro este termo  - transatlântico - iniciará um processo lento de desuso, já que no mundo restarão apenas e tão somente, os navios para cruzeiros turísticos.  Os demais traslados humanos serão todos feitos apenas por via aérea por razões mais do que óbvias, e os navios transportarão especificamente os turistas em busca de entretenimento e luxo por alguns dias, com visitas intercaladas a alguns portos. Vejo em você um enorme potencial como escritor e percebe-se com facilidade, em se lendo seus textos, o prazer pessoal que você desfruta, quando escreve.  Portanto, mãos à obra e faça o que gosta, será sempre bem feito. É como eu ao manobrar navios: desfruto enorme prazer em fazê-lo”.

 


O transatlântico S/S America, entrando pela primeira
vez

no pós-guerra no porto de Nova Iorque – 1949. O America,

serviu como transporte de guerra, e foi reformado para o

retorno no serviço de passageiros. (Acervo: Laire José Giraud)

Depois das palavras incentivadoras do prático e amigo Fabio Mello Fontes, só tenho um desejo, que é o de oferecer este artigo a todos os meus amigos e admiradores dos navios de passageiros, transatlânticos, navios de cruzeiro, paquetes ou um outro nome que identifique os verdadeiros palácios flutuantes do passado e do presente.

Veja mais imagens:


O jato DC8C da Pan American, foi o primeiro jato a fazer a linha do

Atlântico Norte em 26 de outubro de 1958, dando assim, o início do fim

dos navios de passageiros. (Acervo: Laire José Giraud)


Foi encontrada uma nova finalidade para os navios

de passageiros. Foram transformados em cruzeiros

marítimos, como no caso do Grand Mistral, aqui

visto deixando o porto de Santos na última tempo-

rada de cruzeiros. (Foto: Laire José Giraud)


O Freedom of the Seas, o atual maior navio do mundo, medindo

1.112 pés de comprimento, aqui visto quando da sua entrega ao armador.

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