Na tarde de 7 de dezembro de 1939, com a Europa em guerra, o transatlântico “Windhuk”, de bandeira germânica, entrou no Porto de Santos fugindo de bloqueios navais britânicos e disfarçado de navio japonês, o “Santos Maru”.
Gerson da Costa Fonseca - falecido - e Mário de Azevedo eram atalaiadores na época (observadores e posteriormente práticos) do Posto da Atalaia, que a Praticagem mantinha no alto do Monte Serrat para fins de informações de entrada e saída de navios para a sede da entidade que funcionava na Praça da República. Gerson e Mário ficaram em dúvida se realmente era o “Santos Maru”, devido ao navio com o mesmo nome ter deixado a Cidade com destino ao Japão, poucos dias antes.
Além disso, o navio que adentrava a Baía de Santos era maior e possuía duas chaminés, enquanto a verdadeira embarcação nipônica tinha apenas uma chaminé.
O cruzador pesado Exeter, da Marinha Real britânica, possuía torres
equipadas com canhões de 203m e foi um dos possíveis perseguidores
do Windhuk. O Exeter ficou conhecido por sua participação na Batalha
do Rio de Prata (13/12/1939), onde o navio perseguido foi o germânico
Graff Spee. Acervo: L.J. Giraud.
Esse fato aconteceu há 73 anos e durante muito tempo o acontecimento foi comentado pelos que vivenciaram a época. Hoje o assunto está quase esquecido. Só é comentado por historiadores, pesquisadores e apreciadores do tema navios, pelo motivo da grande maioria dos que conheceram o navio não se encontrarem mais entre nós.
Para recordar essas passagens da Cidade de Santos, sempre repleta de acontecimentos, não consegui fazer um artigo que superasse o escrito anos atrás junto com o falecido jornalista Hélio Schiavon, publicado no jornal A Tribuna de Santos no dia 18 de maio de 1995 e reprisado no Portogente.
Cartão-postal alegórico, mostrando o Santos Maru da armadora
Osaka Shosen Kaisha, em lugar do qual o Windhuk tentou passar.
Década de 1930. Acervo: L. J . Giraud.
No presente artigo, vou exibir imagens do verdadeiro “Santos Maru” e do cruzador britânico “Exeter”, que tentou alcançar o “Windhuk”, nas proximidades de Santos.
Vale lembrar que os conhecidos Bar Heinz e Hirondele de São Vicente foram fundados por tripulantes do “Windhuk”, que deixaram descendentes e costumes na nossa região. Eis o artigo:
Prático viu o navio Windhuk entrar no porto
Este artigo que conta a saga do transatlântico alemão Windhuk foi publicado no jornal A Tribuna de 18 de maio de 1995, em parceria com o repórter Hélio Schiavon, que redigiu o interessante texto. A parte de informações do legendário navio foi por mim pesquisada.
O Windhuk era um dos navios mais modernos da época. Media 176 m
de comprimento, deslocava 16.622 ton, velocidade de 18 nós
(33,3 km/h), tinha capacidade para 540 passageiros em três
classes e uma tripulação de 250 pessoas. Lançado em 15/10/1936.
Acervo: Laire José Giraud.
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