Sexta, 26 Abril 2024

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Em 1930, a frota de navios de passageiros da Mala Real Inglesa com destino à América do Sul compunha-se dos navios da “Classe A”: Asturias, Almanzora, Alcantara e Arlanza, e dos navios da “Classe D”: Deseado, Desma, Demerara e Darro.

Uma lista de passageiros do Asturias, de outubro de 1930, continha diversas e interessantes informações para os viajantes, revelando particularidades da vida a bordo:

[...]

No salão de jantar os lugares às mesas deverão ser requisitados ao maître-d’hôtel do paquete. O café ou chá será servido no camarote às 7 horas. O almoço é servido às 12:30. O chá, às 16 horas, e o jantar às 19:45.


O Alcantara (1927-1958), gêmeo do Asturias, numa cena noturna
na Baía de Guanabara. O postal foi editado após a Segunda Guerra
Mundial, quando retornou com só uma chaminé. Col. Gerodetti.

Cães pequeninos, de regaço, poderão, por concessão especial, ser transportados nos camarotes de seus donos, porém cães de maior tamanho e outros animais e pássaros deverão ser entregues a um empregado para tal fim designado.

Almofadas para cadeiras e mantas, disponíveis somente nos navios da “Classe A”, poderão ser alugadas para o período da viagem a preços fixos.

Reclamações: na eventualidade de qualquer dos senhores passageiros se julgar com razão de queixa, quer seja a respeito da alimentação, do serviço ou da acomodação, pede-se o obséquio de levar o assunto diretamente ao conhecimento do Comandante por ocasião da inspeção que pelo mesmo oficial é feita diariamente.


O Asturias cruzando com um navio da classe Highland, pertencentes 
à mesma armadora. Ao fundo, o Pão de Açucar. Pintura de Kenneth
Shoesmith - 1930. Col. Gerodetti.

Cartas postadas em alto-mar na caixa do correio de bordo são entregues às autoridades postais no primeiro porto de maior conveniência de conformidade com o destino. Tais cartas deverão ser franqueadas com selos da Grã-Bretanha. Cabogramas e telegramas deverão ser entregues no escritório do Comissário o mais tardar até duas horas antes da chegada do navio ao porto.

[...]

A Grande Depressão econômica, a partir de 1929, acabou afetando os negócios  da companhia e, em 1931, o império financeiro de Lorde Kylsant entrou em colapso quando o magnata foi acusado de falsificar balanços, indo parar na cadeia por um ano, condenação da qual acabou sendo julgado inocente, quando foi demonstrado que as informações, contidas em prospectos comerciais, eram inexatas.

Em decorrência desses acontecimentos, a Royal Mail Steam Packet foi à liquidação, sendo criada uma nova companhia com seu acervo e o de outra armadora do grupo que mantinha linhas para a América do Sul, a Nelson Line, surgindo a Royal Mail Lines, também conhecida no Brasil como Mala Real Inglesa, como sua predecessora, proprietária de uma frota inicial de mais de 50 navios, entre os quais o Alcantara e o Asturias, além dos navios de prefixo Highland Brigade e Highland Patriot.


Cartão-postal do RMS Andes (1937-1971). O transtlânico deslocava
25.689 toneladas e media 204 metros de comprimento. Ficou muito
conhecido na travessia Europa/América do Sul. Col. Gerodetti.

As operações da nova Mala Real Inglesa concentraram-se no Caribe, na costa do Oceano Pacífico da América do Norte e na costa leste da América do Sul, para qual os navios da “Classe A” zarpavam de Southampton, os da “Classe D” de Liverpool e os “Highland” de Londres.

Teve destaque na década de 1930 a construção do maior transatlântico da frota, o Andes (II), com 26 mil toneladas, construído em 1939, destinado a servir a rota sul-americana, mas que, devido ao início da Segunda Guerra Mundial, junto com o Alcantara e o Asturias, passou a ser utilizado como cruzador-auxiliar armado: o Asturias até ser torpedeado e o Alcantara até 1943, quando foi transformado em navio-transporte de tropas.

Durante o conflito, toda a frota de 31 navios da Royal Mail Lines viu-se envolvida. Nada menos que 21 unidades foram afundadas, sendo 20 cargueiros e somente um transatlântico de passageiros: o Highland Patriot.

O Asturias, seriamente danificado por um torpedo, foi reparado pelo Governo britânico e posteriormente repassado à companhia.

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Após este breve passeio por tempos passados, retornemos ao presente.

Para quem ainda não visitou o Centro Histórico de Santos, recomendo conhecer os edifícios que testemunharam os áureos tempos do café e do porto – e fazer, entre outros, um passeio de bonde que é uma viagem ao rico passado santista...

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